sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Martin Bormann.



Exibicionista ou  "visionário", pastoso ou onírico, pró-nazi ou o caralho, Europa, o penúltimo filme de Von Trier, terá em cada um o que cada um quererá ver, mas se o filme for visto a partir das duas da madrugada numa noite de inverno, com o lume da lareira a crepitar e um cobertor quentinho nas pernas, então é possível que, mesmo com os olhos semi-cerrados, o parecer seja favorável a este carnaval irónico do naz...do dinamarquês. Desde a visão do Flowers of Shangai que não gostava tanto de um filme virado mais para lá do que para cá, e nem seria necessária a introdução freudiana do Von Sydow para me colocar a dormitar. Ajuda, também, o facto de não haver história nenhuma para acompanhar, prestando-se toda a atenção em estado semi-beta a um catálogo de "excentricidades" visuais capaz de arrepiar os costados a um entusiasta da "austeridade" e da "economia de meios". A dada altura, até, pensei que o televisor estava com algum problema de calibragem de cor, dada a irrupção mirífica daquilo que me parecia cor em metade do enquadramento e claro-escuro no outro, mas deixei-me estar no sofá, pensando em quantos troncos ainda restavam para arder. Faltavam três, e mais descansado assim fiquei, desfrutando da auto-indulgência de um gajo que morreria cinco anos depois, ao som de sinos celestiais. Como complemento enquadrativo, recomenda-se "A Vitória da Fé" ou "Triumph des Willens".

Sem comentários: