sábado, 31 de agosto de 2013

Palmas, por favor

Guerra na Síria, situação da Cinemateca e do cinema português, novo chumbo do Constitucional, o recente gosto musical de Capitão Napalm, tudo assuntos que me preocupam. Ainda assim, a questão que não me sai da cabeça é: onde estão todas aquelas miúdas da concentração de ontem na Cinemateca aquando das sessões?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Losnitza? Muito pomposo!


Não me espantaria se um dia destes, quando for para as Rússias (embora este blogo esteja primeiro focado em ir para Tóquio, carregado de cds dos Air), e entrasse numa casa de um senhor chamado Nicolai Alenitchev Kalinsky (cuja esposa é "a Kalinskya"), um velho senhor de 123 anos de espessas barbas brancas e em permanente pranto, me presenteasse com um samovar e de lá de dentro saísse mais um "filho de Tarkosvky". Aposto mil reis em como a saída do samovar se procederia com extrema lentidão, de olhar cerrado, vamos brincar aos tédios, mamã, o cinema não é só divertimento!, com uma justeza de perspectiva complexa sobre a vida nada condizente com estes tempos de meras superfícies. E onde outros vissem este 2345º "filho de Tarkovsky" como uma elaborada e paciente narrativa ao ralenti, outros, certamente soezes e providos de maus fígados, mandariam mais esteoutro Losnitza para a cona da prima, com seus procedimentos gastos de cinema de "arte e ensaio", de banalidade dramática figurada de "profundidade", de concessão ao gosto pipoqueiro-festivaleiro, e para servir de tema de conversa com uma míuda gira e culta, que seria assim:

-olá
olá, estás bom?
-sim. conheces o Losnitza?
sim, gosto muito.
-eu também. mas ainda gosto mais quando digo"Losnitza". Não achas que fico bem?
ihihi...talvez sim. 
-ihihi. Vives sozinha?

Como diria Deus Nosso Senhor (Mário Jorge Torres), "Busby Berkeley racharia ao meio com este mastodonte pretensioso". Os russos, uma delícia!

mais verão. mais mini saias.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Gostava de ir tomar um café com o Cohn Bandit. Com a Rita Rato também.


Estava eu ontem prestes a caminhar para o sono dos injustos, quando no meio do ensonado zapping me deparo com o Swimming Pool, colheita Ozon, a iniciar os seus encantos no canal do Correio da Manhã. Com bolinha vermelha. A este propósito duvidamos se a bolinha vermelha terá alguma cousa a ver com as épicas chuchas da Ludivine Sagnier e seus perigos para homens com problemas cardíacos e /ou mulherio invejoso ou se com a paranormal visão da Charlotte Rampling com pintelheira made in seventies. Fiquei à espera da primeira aparição da Ludivica e depois fui-me embora. Penso que foi na rota para a cama que me lembrei de escrever qualquer coisa sobre La Piscine, filme de há quarenta e três anos e realizado por um gajo que agora me esqueci do nome, mas que acho que começa por Jacques. O La Piscine (cujo título em inglês é...The Swimming Pool, espanto!) foi uma das influências assumidas do François para a sua obra hitchcocko-mamária, e bem as vemos: os travellings sobre o corpo molhado e guloso da Sagnier multiplicam-se por 100 em La Piscine no corpo de Romy Schneider. A câmara, bem porca e cheia de tusa, parece uma mosca a pairar sobre merda fresca, só que neste caso temos algo fresco e que não é nada merdoso. O travelling como uma questão de esperma acumulado.  Para animar a malta feminina, o Delon, saído das cúpulas silenciosas de Melville, também tem os seus músculos e bronzeado bem analisados pelo olho do tal de Jacques, que, imagino, muita pancada deve ter levado nos Cahiers na altura da estreia deste filme gloriosamente burguês, ainda por cima um ano depois de um dos mais terríveis acontecimentos da História da Humanidade, e em que um gajo andava cheio de medo na rua, com medo de ser interpelado por um esquadrão de maoístas tresloucados com os seus livrinhos vermelhos e suas boinas e com um deles a tocar gaita, gaita literalmente, não essa que estão a pensar, tarados do caralho. Mas o La Piscine, ah...com a sua languidez de burguesia resfatelada no vazio, o som dos mosquitos nas noites veraneantes, a Romy Schneider a excitar a própria piscina, as iguarias que só de ver dão fome, nada daquelas merdas do chef Ramsay, etc. Imaginamos grandes burgueses ilustres da nossa praça. apreciadores das boas coisas da vida, como Henrique Raposo, o Alberto Gonçalves, o Lomba, enfim, tudo boa gente, a verem isto e a fumarem os seus charutos enquanto atiram dardos a alvos com as caras do Louçã e da Heloísa Apolónia. Jacques Deray, é o nome do homem.

chega de "canções de protesto" e barbudos...



...quero é odes à frivolidade e aos encontros ocasionais. O Verão é tão bom.

sábado, 10 de agosto de 2013

mal vejo a filha do coppola, começo a sentir ardor nos colhões


Rever o Safe ao fim de uma porrada de anos (ou seja, um primeiro visionamento, na realidade) deu-me para ficar um tanto ou quanto desiludido e quase levar-me a uma auto-punição exemplar, que envolvia ler entrevistas da filha do Coppola e ouvir o Pedro Lomba mais do que trinta segundos seguidos na televisão. Não que não aprecie com grande relevo o filme do Haynes, mas convenhamos, eu estava à espera de algo que me fizesse bater com os queixos no chão; afinal, este é "o melhor filme da década de noventa" para a Village Voice, o filme americano preferido dessa mesma época de todos os "críticos intelectualmente honestos", o "filme de uma era" (mamã, o século XX  e seus problemas ambientais vs isolamento do individuo nessa mesma sociedade vs malaise contemporânea! Mamã!), um filme para "discutir" com outrém os seus variados e riquíssimos temas. E eu sem cair de devoção aos pés de tal espantosidade. Deve ser por ter achado que o Haynes-que no filme seguinte, talvez para se libertar do "glaciar" que é Safe, deitou cá para fora todas as suas fantasias recalcadas de bom paneleirão e encheu a tela de esp...de cor, "movimento" e mil e uma referências cinéfilas- não foi tão fundo quanto poderia ter ido. É que o que se admira por aqui- o tal glaciar, a total repressão, os invisíveis travellings em direcção do corpo contaminado da inacreditável Julianne Moore, os silêncios- deveria estar ainda mais reforçado e de carga ainda mais congelada. Fora as intermitências musicais ambiento-catastrofistas, fora uma possível daramatização da doença, e fora, também, metade do último acto, que é só para encher chouriçada. Veredicto: bem bom, mas que não vale um caralho ao pé do Karen Carpenter e do Poison, inferior ao Velvet Goldmine, superior ao Far From Heaven e quanto à comparação com o filme sobre o gajo da gaita nada posso dizer, que nunca vi.

...para discutir "olhos nos olhos" com qualquer adversário

absolutamente discutível












segunda-feira, 5 de agosto de 2013

contraceptivos, amén



Na primeira (e única, salvo erro) que vi a Émilie Dequenne num filme- e já lá devem ir uns treze anos-, estava ela no meio de lama e a lutar pela vida como se as últimas palavras do Snake Plissken no Escape from L.A se tivessem concretizado em cheio. E agora, num daqueles filmes que estreiam ao roliço, perdidos entre as desgraças nicolonianas e as patifarias dos Abrams, surge uma figura oposta, perdida em desabamentos emocionais, incapaz não de sobreviver, mas simplesmente de viver. E mais bela do que nunca. À perdre la raison, tirando umas pitadas de miserabilismo (estou-me cagando), é daqueles "dramas" que funcionam pela táctica da "bomba-relógio": sabemos, desde o início, como vai tudo acabar, mas queremos ver, queremos saborear, queremos escalavrar a bu...perdão, queremos escalavrar o como de tal fim "dantesco". Chantagem emocional? Estou-me cagando. Manipulação? Cagando. Insípido retrato de "choque de culturas"? Camilo Lourenço. E, ó glória, até a cada vez mais corriqueira "câmara colada aos corpos" passa invisível por tamanha simplicidade de processos. Niels Arestrup é o melhor actor do mundo. Talvez só ultrapassado pelo Luís Esparteiro, a quem já pedimos que entre no Fast and Furious 8

entrevista a Ryan Gosling

A propósito da estreia de Only God Forgives, de menino Nicolas, decidimos fazer uma entrevista, numa conhecida esplanada lisboeta,  a Ryan Gosling. Ligeiramente deformado na boca, de chapéu de cowboy e sem dentes, para que as suas fãs não o conhecessem. Veremos que pouco efeito terá.

Este blogo: Ryan, senta-te aí. Que vais querer?
Ryan: Um caprisone de laranja.
E.b: Ó Chefe, são dois caprisones. Um de ananás e outro de laranja. Entao, Ryan, conta-me como tem sido esta aventura com o menino Nicolas e os desafios que tens colocado a ti mesmo.
Ryan: Tem sido muito positivo. Parece que finalmente, com o meu menino, me libertei da minha aura de símbolo sexual para adolescentes a necessitarem de um símbolo sexual pare preencher as suas vidas. O meu menino violentou-me tanto a minha imagem que eu próprio ás vezes nem me reconheço. No set do Drive, repare bem, houve um momento em que me olhei ao espelho e estava tão violentado que tive para chamar a polícia. Mas o meu menino acalmou-me, dizendo-me que eu apenas tinha sido violentado metaforicamente e fiquei mais descansado. Depois fomos beber dois caprisones, lembro-me bem. E depois cheguei a casa e a minha mãe também teve para chamar as autoridades, a perguntar quem eu era, mas eu expliquei-lhe tudo e ela também se acalmou. Acabámos a beber dois caprisones. Depois...ouça lá, está a dormir, senhor? Senhor? SENHOR!!??
E.b: ALEXIS TEXAS! CONA!Ah...és tu, Ryan. Que estranho pesadelo. Mas sim...eu acho que isso tudo está certo. E os nossos caprisones, não chegam?
Ryan: Por falar em caprisones. No set do Only God Forgives houve um episódio muito curioso. Estava eu a petiscar qualquer coisa na zona do catering e apareceu a Kristin Scott Thomas a perguntar se eu tinha autorização para estar ali. Eu comecei a rir, claro, mas ela não se acalmou. Chamou os senhores seguranças que já me queriam pôr fora de lá ao pontapé, comigo a chamar pelo meu menino, que era tudo um mal entendido. Chegou o meu menino e repare bem nisto: o meu menino também me queria correr dali ao biqueiro, a gritar que intruso era eu, etc, até que eu, quase a chorar, lhes implorei que me deixassem ficar, que era eu, o Ryan, e que tinha sido tão violentado que já ninguém me reconhecia. Começaram todos a rir e pediram-me para me ir ver ao espelho. Fiquei deveras preocupado. Olhei e questionei-me que categoria de forasteiro era aquele que eu via. Não podia fazer outra coisa que me correr a mim próprio dali para fora à murrada. Só para ver em que estado de violentação estava eu. Mais tarde voltei, claro, e fomos todos beber caprisones. Pois...outra vez a dormir????
E.b: ANNA FARIS! BROCHE! Ah, Ryan...és tu novamente. Pois é, é lixado. Os caprisones é que demoram

( neste momento duas adolescentes de calções colados ao rabo acercam-se da nossa mesa e começam aos cochichos, até que uma rebenta em exclamações de alegria e excitação, pondo-se de joelhos a lamber as mãos de Ryan, que exasperado se tentava libertar de tal nefasto assédio, exclamando para Este blogo "Já viu a minha vida!?? Nem assim estou a safo de tais desventuras! Parece que tenho de pedir ao meu menino para me violentar ainda mais! Olhe, vêm aí os caprisones! Largue-me, criatura das trevas!", ao que o Este blogo não prestou muita atenção, ocupado que estava com assédios vários à outra adolescente, que pouco efeito surtiram, pois Este blogo foi sovado ás arranhadelas na cara, terminando tudo com Ryan a tirar um revólver do bolso e as suas meninas a pedirem para ali serem logo mortas pelo seu ídolo, ao que este ripostou com dois tiros, deixando-as ali estendidas com cara de prazer. Este blogo ainda tentou aproveitar-se da situação indefesa das meninas, mas foi travado pela chegada dos caprisones, que muito deliciosos estavam. Ryan pediu gentilmente ao empregado de mesa para levar as duas meninas para a lixeira das traseiras, ao que este positivamente respondeu)

E.b: Ah...que belo fim de tarde, Ryan. Onde vamos a seguir?
Ryan: Vamos a qualquer sítio onde possa ser bem violentado, que está visto que como estou não vou a lado nenhum.
E.b: Ah bom, sendo assim...vamos ali a um bar chamado Finalmente.
Ryan: Promete que serei muito violentado?
E.b: Prometo sim senhor. E no final vamos beber dois caprisones como sobremesa
Ryan: Que martírio de vida. Uma delícia!

parece que é já nesta Quinta-feira...


...que vamos ter todos de desenterrar as nossas Hello Kittys, as nossas pochettes, os nossos sapatinhos de fivela, as nossas rosinhas na cabeça. Vem aí mais "cinema delicado".

Doutor Vasco, enorme

Passei as férias, como compete à minha idade e condição, a ler e a dormir, sem pôr um pé na rua.

Público, 03/07/2013

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"há que ter valores"











Continuo a preferir a versão Este, mais compacta e minimal, mas conceda-se que isto é demasiado bonito para não se admirar com todas as nossas fraquezas. O profundo anti-esquerdalhismo "revolucionário" foi o que mais me tocou no coração, quase me levando a uma furtiva lágrima.