domingo, 30 de outubro de 2011

Postzinho

À Flor do Mar é o melhor filme de sempre e o Doclisboa é uma palhaçada do caralho.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Hei-de entrar nas casas
também
como o luar

A ver as faltas de roupa interior
e de cama

os rostos preocupados
com os avisos da luz e da água

com a máquina de petróleo apagada
jornais nas paredes
e um pássaro na varanda
a cantar
ao lado duma flor


António Reis, Poemas Quotidianos, edição do autor

14 de Outubro de 2011

O plano fulcral do Luzes no Crepúsculo, senhor Kaurismaki, não era o das mãos, já uma vez o escrevi. O plano fulcral era o do protagonista a sorrir na prisão enquanto o sol lhe batia nas ventas. São duas da tarde e preparo-me para o percurso Rato-Chiado, apenas 18 horas depois das medidas de austeridade. Vou ao quiosque comprar o jornal e apesar de não ter ninguém à minha frente demoro um minuto a ser atendido. No jornal Vasco Pulido Valente dá porrada no Barreto, o Zé Manel Fernandes tem uma crónica filha da puta, o Cintra Torres é outro que eleva o Canijo e o Bruno Prata não tem crónica, o que me deixa chateado, porque, na verdade, um gajo quer é bola. A caminho, as mulheres continuam atraentes, ousadas na forma de vestir, demasiado tímidas na arte da troca de olhares. No jardim do Príncipe Real não deslumbro o Botelho, eventualmente porque se acabou de deitar, mas já lá há um grande ajuntamento de panascaria com os seus portáteis, os seus cães, os seus tons de vozes irritantes e os seus cus rotos. A luz de Lisboa é maravilhosa (cliché), o calor de Outubro dá esperança que um dia tenhamos 365 dias destes por ano e apetece parar já ali, ou num banco ou num dos dois estabelecimentos que vendem cerveja dos três que lá existem no jardim. Pedir cerveja, receber, pagar, sorver. O sabor da cerveja. O dia está mesmo óptimo e vejo as pessoas a gozarem o sol. Sigo e ainda vejo a Leonor Areal a sair de uma loja de chineses, acontecimento que registo e decido escrever num blogue. Também muita gente ao sol no jardim São Pedro de Alcântara. No Estádio já há malta e o Fernando já está com o seu eterno ar aborrecido. Mais tarde, A Doce Vida esgota na Cinemateca e há um certo estabelecimento comercial que tem o melhor dia de vendas desde há meses. O Benfica ganha 2-0, descontraidamente. Estamos fodidos, não é? Mas estamos também bronzeados. Amanhã vou andar para o Bairro Padre Cruz, onde já tive jogo de futsal. Ganhámos 3-1. Fui expulso.

a arte de se ficar português.



Do atavismo.

trabalhem, malandros!


Família portuguesa festeja calorosamente o Natal de 2012.

um Roddy Piper em cada passeio.


Representante e sabujozinho do senhor Merkel anuncia Orçamento de Estado de 2012 para a Parvónia.




sábado, 8 de outubro de 2011

Ata-me.


Já não via esta beleza há vinte anos, desde uma sessão da noite de um qualquer Sábado, ainda era o Kiki titular no meio campo do FCP. Só Pedrito para transformar um amour fou potencialmente carregado de clichés psicológicos em ligeira (q.b) e colorida massa melodramática (escrevi massa como poderia escrever caneta), contrabalançada minimamente pela langorosa Morriconada sonora. E, convenhamos, jamais se pode desconsiderar um filme em que duas mulheres baixam as cuecas e sentam-se na sanita. Uma delas é Loles León, que tem um momento de bailado capaz de nos fazer ajoelhar e de agradecermos o oxigénio que recebemos.

James Benning.



Twenty Cigarettes (2011)

Deve ser uma maravilha. Mal espero o dia em que o James desembarque numa qualquer tasca portuguesa para captar em tempo real a jantarada de arroz malandro com jaquinzinhos por parte de um velho de oitenta e seis anos, avesso a pressas por necessidade física. Punhetarei mentalmente (no mínimo), de certeza.

os métodos contraceptivos...


...são a maior invenção humanitária desde que o Homem descobriu que também podia foder à canzana ou de lado, e não apenas à missionário.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Melville, o Jean-Pierre

Devo ter perdido o último dia de praia deste ano. O calor é maravilhoso. Em Un Flic, não, o tempo é chuvoso - bela despedida do cinema de Melville, um dos grandes aqui na minha pequena casa, um ano antes de quinar. É filme de velho no despojamento. Argumento? Narrativa? Não percebo nada disso. Sei que temos uns 15 minutos de um assalto ao banco no início, meia dúzia de diálogos, mas uma atenção imensa a olhares, esperas, chove a cântaros, a compostura dos ladrões nas suas gabardines é um primor. Também há um polícia e é aqui que entra o Alain Delon, também um dos maiores, e que vai entrar no meu próximo filme. A certa altura no filme há outro momento de gatunagem num comboio, aonde os gatunos chegam de helicóptero (ambos os transportes, em plano geral, fazem-me lembrar os Thunderbirds - e é uma delícia). Aí uma meia hora nisto. Planos atrás de planos, uma fala ou outra, muito barulho do comboio, muito barulho do helicóptero. Genial. Em suma, polícia, ladrões e uma gostosa Deneuve numa estória de camaradagem, apesar dos diferentes lados da lei, apesar da ambiguidade e da derisão como diz o Delon, citando Vidoq. Personagens? Antes, silhuetas na paisagem. Ai esse Michael Mann (um dos maiores, também, são todos os maiores) que vai buscar ao Longo e ao Hopper, boraí ao CCB, tem Álvaro de Campos?, já tenho 18 anos!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

mizé no abismo. 1993.



Cada vez mais saborosos. E dez anos antes do filmito da pinxexa, o Murray já era grande. O cinema acabou há dezoito anos. Merda, eu bem escrevi.

zona de conforto.


Regressar sempre a. Não sei o que tem estreado. Um dia destes e ainda fico com o síndrome Seixas Santos.