sexta-feira, 14 de outubro de 2011
14 de Outubro de 2011
O plano fulcral do Luzes no Crepúsculo, senhor Kaurismaki, não era o das mãos, já uma vez o escrevi. O plano fulcral era o do protagonista a sorrir na prisão enquanto o sol lhe batia nas ventas. São duas da tarde e preparo-me para o percurso Rato-Chiado, apenas 18 horas depois das medidas de austeridade. Vou ao quiosque comprar o jornal e apesar de não ter ninguém à minha frente demoro um minuto a ser atendido. No jornal Vasco Pulido Valente dá porrada no Barreto, o Zé Manel Fernandes tem uma crónica filha da puta, o Cintra Torres é outro que eleva o Canijo e o Bruno Prata não tem crónica, o que me deixa chateado, porque, na verdade, um gajo quer é bola. A caminho, as mulheres continuam atraentes, ousadas na forma de vestir, demasiado tímidas na arte da troca de olhares. No jardim do Príncipe Real não deslumbro o Botelho, eventualmente porque se acabou de deitar, mas já lá há um grande ajuntamento de panascaria com os seus portáteis, os seus cães, os seus tons de vozes irritantes e os seus cus rotos. A luz de Lisboa é maravilhosa (cliché), o calor de Outubro dá esperança que um dia tenhamos 365 dias destes por ano e apetece parar já ali, ou num banco ou num dos dois estabelecimentos que vendem cerveja dos três que lá existem no jardim. Pedir cerveja, receber, pagar, sorver. O sabor da cerveja. O dia está mesmo óptimo e vejo as pessoas a gozarem o sol. Sigo e ainda vejo a Leonor Areal a sair de uma loja de chineses, acontecimento que registo e decido escrever num blogue. Também muita gente ao sol no jardim São Pedro de Alcântara. No Estádio já há malta e o Fernando já está com o seu eterno ar aborrecido. Mais tarde, A Doce Vida esgota na Cinemateca e há um certo estabelecimento comercial que tem o melhor dia de vendas desde há meses. O Benfica ganha 2-0, descontraidamente. Estamos fodidos, não é? Mas estamos também bronzeados. Amanhã vou andar para o Bairro Padre Cruz, onde já tive jogo de futsal. Ganhámos 3-1. Fui expulso.
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