terça-feira, 30 de dezembro de 2014

2014. alguns filmes


La prise de pouvoir par Louis XIV, Roberto Rossellini


Korkarlen, Victor Sjostrom


Broken Lullaby, Ernst Lubitsch


Faust, F. W. Murnau


Sherlock Jr., Buster Keaton

Estes cinco filmes obliteram tudo o que foi visto em termos dos cinemas em 2014. São, como diz o Samuel L. Jackson no Pulp Fiction, another sport. Todos vistos pela primeira vez, á excepção do Faust, mas que também entra aqui já que eu não o via desde, salvo erro, os tempos em que eu era uma pessoa sã, portanto, há bastante tempo. De qualquer das maneiras, e mesmo que o tivesse visto 45 vezes nos últimos dois anos, entraria sempre nestas contas, pois há que atribuir o justo prémio a um filme que provoca não só tanta esporradela mental como um gasto exagerado de lenços de papel (para as lágrimas, não para a esporra, seus pervertidos). Segue-se mais uma infindável lista de filmes que provocaram grandes engulhos emocionais. O mesmo critério: visionados pela primeira vez ou revistos para colmatar as falhas de memória.

Youth of the Beast, Seijun Suzuki
A Costa dos Murmúrios, Margarida Cardoso
Un soir, un train, André Delvaux
Outrage, Takeshi Kitano
Blind Detective, Johnnie To
Mes Petites Amoreuses, Jean Eustache
People on Sunday, Curt e Robert Siodmak
The Westerner, William Wyler
Nobody's Daugher, Hong Sang-soo
A Mãe, João César Monteiro
Os Dois Soldados, João César Monteiro
Neighbours, Buster Keaton
The High Sign, Buster Keaton
L' Enfer, Claude Chabrol
Die Puppe, Ernst Lubitsch
L' Invitation au Voyage, Germaine Dulac
Kohlhiesels Tochter, Ernst Lubitsch
Therese Desqueyroux, Georges Franju
Ten Minutes Older (Lifetime), Victor Erice
Landru, Claude Chabrol
The Dark Coner, Henry Hathaway
Le Amiche, Miguel Ângelo Antonioni
Un partir de plaisir, Claude Chabrol
Wolsfburg, Christian Petzold
Hotel des Amériques, André Téchiné
Les Dragueurs, Jean-Pierre Mocky
Dark Waters, André De Toth
The Heiress, William Wyler
Naissance des pieuvres, Céline Sciamma
Porgi l'altra guancia, Franco Rossi
Portrait de Raymond Depardon, Jean Rouch, André Lenôtre
Not Another Teen Movie, Joel Gallen
A Woman, Charles Chaplin
Easy Street, Charles Chaplin
Chess Fever, Vsevolod Pudovkin
O Cerco, António Cunha Telles
Amor de Perdição, Mário Barroso
An Unseen Eenemy, D. W. Griffith
Stress is Three, Carlos Saura
Perfect Blue, Satoshi Kon
Im Juli., Fatih Akin
The Intruder, Roger Corman
Take Care of your Scarf, Tatiana, Aki companheiro portista Kaurismaki
Agantuk, Satyajit Ray
Herr Tartuff, Murnau
Généalogies d' un crime, Raoul Ruiz
Der var engang, Carl Dreyer
Big Jake, John Wayne
La Corruzione, Mauro Bolognini
Duett for Kannibaler, Susan Sontag
Hard Luck, Buster Keaton
Just Pals, John "com uma câmara" Ford
Kansas City Confidential, Phil Karlson
O Atirador, Mário Fernandes, José Oliveira, Marta Ramos
Our Daily Bread, King Vidor
A Royal Scandal, Ernst Lubitsch /Otto Preminger
Rise of the Planet of the Apes, Rupert Wyatt
Street Scene, King Vidor
Bill Douglas Trilogy (My Childhood, My Ain Folk, My Way Home), Bill Douglas
The Dover Boys at Pimento University or The Rivals of Roquefort Hall, Chuck Jones
San Zimei, Wang Bing
Ostatni dzien lata, Tadeusz Konwicki
Death Rides a Horse, Giulio Petroni
La ricotta, Pier Paolo Pasolini
The Thief, Russel Rouse
I pugni in tasca, Marco Bellochio
Comizi d' amore, Pier Paolo Pasolini
Cabra Marcado Para Morrer, Eduardo Coutinho
Jiabiangou, Wang Bing
Fièvre, Louis Delluc
Isole di fuoco/ Contadini del mare/ Pescherecci, Vittorio De Seta










quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

serviço público



Pasolini: E então, o que acha dos "invertidos"?
Mulher: Um nojo! Espero bem que nunca tenha um filho assim...
Pasolini: E eu também assim o desejo!

cinema-punheta (2)


Se os filmes do Bressane e do Bellocchio são dois pornos-chachadas disfarçadas de "cinema sensual", Lucy é um inane "filme de acção" disfarçado de "cinema que debate um assunto importante". O pressuposto é o mesmo, mas no sentido inverso: aqui enche-se muita plano com diálogos e poses a estourar de "tema", para depois da "cultura" dada ao povo, libertá-lo com rajadas de metralha e balas e as mamas da Scarlett, matéria já vista há trinta anos em Hong Kong (menos a Scarlett). Banda sonora "cool", sempre a martelar. Não há conflito, não há ideias de cinema, não há nada que escape á debulhadora "entertainment" do Besson. Como sempre, aliás. As ideias "científicas" são de uma estupidez quase comovente. Um dos piores "cineastas" de todos os tempos.

cinema-punheta


Olga Roriz apresenta a sua nova peça: "O Queijo".

Acabado de ver o FCP-Desportivo das Aves do passado Domingo, e sem verdadeiro consolo carnal á disposição, tratei logo de procurar outro de índole intelectual. Bressane? Vamos a isto; pior que a Erva do Rato não poderá ser, nem mais aleijado do que a fusão genético-molecular Casemiro-Herrera. Que bem que começa Filme de Amor: duas cabras e um cabrão sentados a uma mesa, bebendo, fumando, tomando comprimidos, num ritual hedonista muito prazenteiro; plano fixo e banda de som impecável, para a imersão ser total. Fez-nos esquecer da miserável exibição-pimba do Brahimi. Depois começam a surgir planos-performance com diálogos e cauções filosóficas para o Bressane arranjar prestígio e desculpa para os seus delírios e parafilias. Isto de alcançar os céus da alta cultura e as "baixezas" da javardice popular não é para todos, filho. Uma gaja empina o cu a varrer a casa, pedindo enrabadela cultural. Pistas de som desincronizadas das imagens, que, Jesus nos livre de haver o mínimo de identificação entre espectador e personagens. Bressane a distribuir citações e lenga-lengas. Cultura não a sair do cu, como diz uma das personagens do Se7en, mas pela piça. Torrente de cultura. Vamos citar os clássicos , não esquecer Melville. A mesma puta empinada quer ser estrangulada com a pele de um rinoceronte. Já cagamos sensibilidade artistica pelas orelhas, e ainda vamos nos primeiros vinte minutos. Minetagem em acção, e depilação de prestígio. Centrifugadora de cultura. Bora, caralho, mais cultura e citações, que isto é sempre a abrir. Bressane não dá descanso. Bressane adora foda boa (excelente!) mas ainda mais de massacrar-nos. Temos saudades da Alessandra Negrini da Erva do Rato. Quase suspiramos pelo Serra. Este mundo não é para os ignorantes, diz-nos o Júlio. Mais meio Oliver no meio campo e não havia "génio táctico" que resistisse (ganda Jesus!). Aguentamos quarenta minutos. Não dá mais. Temos de ir á casa de banho cagar conhecimento e arte.

Maruschka Detmers, impressionante beleza


Sem tanta descarga de testosterona cultural, mas com os seus devidos méritos, é Diavolo in Corpo, do comuna Marco Bellocchio. Marco está-se cagando para delírios narrativos, "descontruções", simbologias agressivas e demais conas das tias. Filme linear, nesse ponto estamos safos. Mas logo surgem as problemáticas do amour-fou, da "nudez artistica", da babosidade nas cantos da boca do Marco, nas cenas de sexo que duram e duram e duram, para mostrar, claro está, "a cumplicidade e o ardor dos corpos". A Marushcka Detmers na altura estava em alta. Tinha sido a Carmen do Godard, e bem imaginamos o que o velho mestre, um dos maiores rebarbados e misóginos da "magia da história do cinema", terá feito á pobre piquena. Aqui, a bela holandesa limita-se a mamar explicitamente, cousa pouca. Por entre as fodas, Hegel, Marx, e não esquecer a "ferida" das Brigadas Vermelhas. Maruschka está com uma pintelheira épica. Terrenos de Emmanuelle circunscritos por aleivosias caucionárias. Resumindo: mais um punheteiro a pedir desculpa por o ser.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As leituras de 2014


Apesar da continuação do desbravar do mundo dos espiões do Le Carré, estas duas maravilhas emocionaram. Vai chegar em breve.

Magnífico riff no limite ou já no território do mau gosto

But the euphoria soon passed

Vou ver o Falstaff e aí aos dez minutos apercebo-me que não estou a ver nada, penso em sair da sala, mas deixo-me ficar. Volto a olhar para o relógio e vamos em meia hora, penso que se sair da sala, não vou ter nada para fazer de qualquer maneira. Decido outra vez ficar e tentar concentrar-me um bocado no filme. Noto que a cópia é deslumbrante. A fotografia preto e branco também, Welles touch, os ângulos, os enquadramentos, as sombras. Isto é capaz de ser um grande filme e eu a cinco metros da tela a perdê-lo. A cabeça volta a divagar. Olha, a Jeanne Moreau. O Welles cabotino como gostamos. Ah, vem aí a batalha de que se fala; e começa com uns enquadramentos meio soviéticos, de facto. Confere, portanto. O filme acaba. Vou ter que me esquecer dele por completo para o ver pela primeira vez, é uma pena. Numa noite destas, há uns tempos, não se ia à Cinemateca; ia-se ao King ver uma merda qualquer, exigindo menos, dando menos também, claro. Mas sentia-me aconchegado, não me perguntem, era assim e pronto. Deixei passar o primeiro aniversário do seu encerramento. Foi no passado dia 24 de Novembro.