terça-feira, 27 de agosto de 2013

Losnitza? Muito pomposo!


Não me espantaria se um dia destes, quando for para as Rússias (embora este blogo esteja primeiro focado em ir para Tóquio, carregado de cds dos Air), e entrasse numa casa de um senhor chamado Nicolai Alenitchev Kalinsky (cuja esposa é "a Kalinskya"), um velho senhor de 123 anos de espessas barbas brancas e em permanente pranto, me presenteasse com um samovar e de lá de dentro saísse mais um "filho de Tarkosvky". Aposto mil reis em como a saída do samovar se procederia com extrema lentidão, de olhar cerrado, vamos brincar aos tédios, mamã, o cinema não é só divertimento!, com uma justeza de perspectiva complexa sobre a vida nada condizente com estes tempos de meras superfícies. E onde outros vissem este 2345º "filho de Tarkovsky" como uma elaborada e paciente narrativa ao ralenti, outros, certamente soezes e providos de maus fígados, mandariam mais esteoutro Losnitza para a cona da prima, com seus procedimentos gastos de cinema de "arte e ensaio", de banalidade dramática figurada de "profundidade", de concessão ao gosto pipoqueiro-festivaleiro, e para servir de tema de conversa com uma míuda gira e culta, que seria assim:

-olá
olá, estás bom?
-sim. conheces o Losnitza?
sim, gosto muito.
-eu também. mas ainda gosto mais quando digo"Losnitza". Não achas que fico bem?
ihihi...talvez sim. 
-ihihi. Vives sozinha?

Como diria Deus Nosso Senhor (Mário Jorge Torres), "Busby Berkeley racharia ao meio com este mastodonte pretensioso". Os russos, uma delícia!