domingo, 30 de junho de 2024

Euro 2024 (Oitavos-de-Final. Jogos 1 & 2).

"Ó Orlando, tu foste um grande combatente anti-fascista...e isso é ponto assente, mas foste também um bocado fascista...ou não?". "Tu  és um homem de esquerda...és um homem de esquerda, e há que dizer isto com frontalidade, apesar de seres também fascista, estavas ligado á direita, veneravas Salazar, e eras o que a gente chamava na altura um pulha-pidescos, não é?". Serve isto para introduzir os curiosos casos de Bryan Cristante, Stephan El Shaarawy e Gianluca Scamacca, que são jogadores profissionais de futebol e, simultaneamente, não são jogadores profissionais de futebol. Mas não coloquemos nestes indefinidos casos de ocupação profissional as traves mestras do insucesso retumbante da campeã da europa neste Euro 2024. As razões prendem-se com fatores muito mais abrangentes, mormente e nomeada, os de caráter de rasganço no tecido espácio-temporal que fez os jogadores e responsáveis técnicos italianos acordarem não a 29 de Junho de 2024, mas sim a 29 de Junho de 1978. E ao acordarem nesse dia, e ao saberem que tinham um jogo nesse dia de 1978, comportaram-se como uma seleção italiana de 1978 se portaria: com um catenaccio rigoroso, de muito boa ocupação de espaços defensivos, de ferrolho tático intransponível, e de ocasionais mas certeiras saídas em transição ofensiva ("contra-ataque", em 1978). Estaria tudo muito bem, se o seu adversário, a Suiça, não tivesse permanecido, injustamente, a 29 de Junho de 2024. Se nos parece que a Itália de 2024 já teria dificuldades em jogar contra esta muito interessante Suiça de 2024, imagine-se as dificuldades que uma seleção terá de lutar contra outra que está, literalmente, quarenta e seis anos temporalmente á sua frente, com todas as mordomias e avanços táticos, tecnológicos e mesmo mentais daí aderentes. Apesar de tudo isto, se em vez do Cristante, do El Shaarawy e do Scamacca lá estivessem o Roberto Bettega, o Marco Tardelli e o Paolo Rossi, um milagre poderia ter acontecido, e estaríamos agora, possivelmente, a glorificar uma espantosa passagem da Itália-78 aos quartos-de-final do Euro-2024.


Thunderstruck, canção dos AC/DC. Lightnin', filme de John Ford. The Tempest, peça de teatro de William Shakespeare. Roll of Thunder, Hear My Cry, livro de Mildred D. Taylor. Rolling Thunder, filme de John Flynn. Riders on the Storm, canção dos The Doors. Thunder, filme de Fabrizio De Angelis. Abelhas e Trovoada ao Longe, livro de Riku Onda. Raios e Coriscos, programa televisivo da RTP. Pára-Raio, canção de Djavan. Thunder, canção dos Imagine Dragons. Trovoada, canção de Milton Nascimento e Gilberto Gil. Lightning McQueen. Lightning, filme de Mikio Naruse. E assim sucessivamente.

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