segunda-feira, 17 de junho de 2024

Euro 2024 (Dia 3).

Os mais velhos (entre os quarenta e os cento e vinte anos) lembrar-se-ão de uma sére dos anos oitenta intitulada Automan, uma sére onde os efeitos especiais se enquadravam na estética Tron, ou seja, fabricados num ZX Spectrum. Este Automan conduzia um carro que apenas se movia em linhas retas, um pouco como aqueles carros nas pistas de brincari que tinham um íman para aderir á pista; se o íman falhasse, o carro voava contra a parede mais próxima. Ora, a seleção polaca fez-nos lembrar este Automan e, por conseguinte, os carrinhos de brincari. O seus jogadores apenas se movem em linhas geométricas diretas e pré-definidas. Por vezes, com algum azar, vão a correr no seu caminho já estipulado e os jogadores adversários não têm a hombridade para se desviarem. Neste registo austero e futurista, a Polónia criou bastantes dificuldades a uma Holanda que, sobretudo na primeira parte, impressionou por dois motivos: por ter tido uma enorme facilidade em construir oportunidades de golo, e por ter tido uma enorme facilidade em construir oportunidades de golo mesmo com Memphis Depay, um reconhecido ex-jogador de futebol, em campo. 


Por motivos de ordem religiosa não nos foi possível visionar o Eslovénia-Dinamarca. Cada equipa marcou um golo. Isso significa que o resultado foi de um a um. Por conseguinte, um empate. Ou seja, um ponto para cada equipa. 


Não há como negar: uma das ambições mais desmedidas do ser humano é o poder da ubiquidade. Estar em todo o lado ao mesmo tempo a realizar as mais diversas tarefas. Por exemplo, eu gostaria de neste exato momento estar a manjar robalo assado com batata assada no forno. Outro eu apreciaria estar numa ambiente mais íntimo a levantar, suavemente, a camisa de dormir azul bebé da Sónia Araújo (💓). E ainda outro holograma da minha pessoa adoraria estar a levantar a camisa de dormir da Sónia enquanto o robalo e a batata se assavam no forno. Pois bem, duvidamos muito que iremos conseguir tais desideratos; para isso acontecer teria de ter a sorte de Diego Simeone, que se tornou o primeiro ser humano do mundo a conseguir estar em dois sítios completamente diferentes em simultâneo: a beber um chá de mate numa tasca de Buenos Aires e a treinar a seleção inglesa de futebol em Gelsenkirchen, Alemanha. Foi comovente ver, a partir dos quinze minutos de jogo, a Seleção do Mal acantonada perto da sua grande área, com jogadores como Foden e Saka a despejarem bolas para o meio campo sérvio, apenas e só para aliviar o pressing dos Milosevics. Declan Rice a tentar dar mais de três toques numa bola e Simeone, no banco, exasperado, exigindo pontapés salvíficos para fora do estádio. E o outro a beber chá. 

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