domingo, 12 de fevereiro de 2012

a magia continua.

Não lia o Mourinha há bastante tempo, mas no penúltimo ipsilon calhou ler o primeiro parágrafo da sua crítica ao novo filme do filho do Ivan Reitman. Escreveu ele qualquer dislate tipo isto: é um escândalo este filme não estar nomeado para a gala da "magia do cinema" e que isso era uma prova de como os anciãos da gala da "magia do cinema" passavam  ao lado "do que interessa". Fiquei confuso. Se bem sei, o "filme" com mais nomeações este ano na gala da "magia do cinema" é o The Artist. "Filme" esse que o Jorginho gostou muito. Ora, isto é deveras perturbador, nomeadamente para ninguém. Há uma confluência de interesses entre a velharia mágica e o Jorge (como quase sempre há), e então, porque é que ele escreve o contrário? Querem ver que Mourinha está-nos a dizer, de forma um tanto tortuosa, que tudo o que ele gosta não interessa a ninguém, incluindo para ele próprio? Ou será que Jorge é como aqueles sujeitos que, quando lhes perguntam algo, começam a resposta sempre por "não", embora quase sempre confirmem e concordem com o que lhes perguntaram, e que assim procedem para criar a ilusão de independência de pensamento, e que neste caso equivale a pensar que Mourinha quer passar por vezes a ideia de que "não, não, eu não gosto de tudo! Também tenho critério!", embora quase sempre vá de encontro ao "gosto comum"?  Já não me bastava o frio, ainda tenho de fazer posts sobre isto?

A conversa da treta de que o Eastwood , a partir de determinado ponto (varia conformes os desgostos de cada um) começou a levar a sério o epíteto de "último dos clássicos" e que a partir dessa altura (variável, conforme cada boi) enveredou por filmes "convencionais" é quase tão boa como aquela do Allen "fazer sempre o mesmo filme" ou a do "Cronenberg já não é Cronenberg" (sim, Cronenberg agora é a Maria de Lurdes Modesto). Estou mesmo a imaginar o Clint sentado na sua secretária a prestar uma atenção desmesurada ao que escrevem os senhores da opinião cinematográfica (europeia, sobretudo). E enquanto bebe um chá e come bolinhos com o Eli Wallach, vejam bem...

Clint: Eli, estou triste
Eli: Atão? Que biscoitos deliciosos.
Clint: Andam a escrever, no Ipsilon, que eu ando a fazer filmes sisudos e que têm um odor a putrefacção!
Eli: Quem é o ipsilon?
Clint: É um suplemento cultural de um jornal diário de Portugal. Só o Augusto M. Seabra é que me defende, Eli!
Eli: E precisas de chorar por causa disso?
Clint: Sim, o último dos clássicos também chora. Não sou o Robocop do José Padilha...
Eli: Vamos ver esse ao cinema, Clint?
Clint: Só se o Augusto M. Seabra for.
Eli: Pode ir. Eu levo duas putas mexicanas.  Isso, enxuga essas lágrimas. Vamos contar as moedas de ouro na saca, vamos?
Clint: Parvo! Levas-me sempre à certa com essa. Mas o Augusto M. Seabra vem, não vem?
Eli: Vem, não te preocupes. 
Clint (assoando-se ): Pronto, assim está tudo melhor. Vamos ver a saca.
Eli: Robocop do José Padilha. Isso sim.