segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Frames (24).


Solidariedade iraniana prestes a entrar em ação. Ta'm e guilass (1997). Abbas Kiarostami

Filme: 5/5 (Criterion #45)


Marjane Satrapi está com saudades do Irão. Persepolis (2007). Vincent Paronnaud & Marjane Satrapi

Filme: 4/5 (As várias maravilhas do mundo persa.)



1.Narges Rashidi. 2.A piquena Avin Manshadi mimetizando Napalm a ver 93% do "cinema europeu social-naturalista" dos dias de hoje. Under the Shadow (2016). Babak Anvari

Filme: 3/5 (Para os sociólogos cinematográficos, um filme "atualíssimo, nesta altura em que a questão do uso obrigatório do hijab está a ter grande importância no Irão. Under the Shadow é um filme que usa uma série de acontecimentos e costumes (Revolução Islâmica, perda dos direitos da mulher, guerra Iraque-Irão) como catalisadores da libertação do Mal Supremo escondido no folclore fantasmagórico persa". Para as outras pessoas, um bom filme do género, com variados e saborosos clichés empanturrados numa especificidade histórica e espacial.)









De duas meninas imitando o andar de pombos até ao microscópico mundo das algas semelhante a um frame de Brakhage, passando por vampiros e estrelas do mar, eis a Natureza Segundo Painlevé. Science Is Fiction: The Films of Jean Painlevé (2007). Jean Painlevé

Filme: 4/5 (É impossível, hoje em dia, ver qualquer programa televisivo sobre a natureza, o mundo animal terrestre e as maravilhas celestiais. Desde narrações piedosas a bandas-sonoras excrementícias de intrusão, até a trabalhos de montagem visual reminiscentes do trabalho do Tony Scott nos anos 80, uma pessoa dá por melhor empregue o seu precioso tempo se estiver numa galeria de instalações ou num almoço com os cunhados e sogros. No entanto, não desesperemos, amantes do globo terrestre e dos seus tesoiros animalescos- excluindo pessoas. Existiu um hóme chamado Jean Painlevé que trouxe para a "magia da tela e do ecrã" um punhado de filmes sobre morcegos, algas, pombos, céu terrestre, os alpes, ouriços do mar e vária bicharia aquática de uma forma simultaneamente informativa, cinematograficamente precisa, fria, romanesca e humorística, daí o título da coletânea dos seus trabalhos ter o título apropriado de Science Is Fiction. Um punhado de pombos á bulha por causa de um pedaço de pão é relatado por Painlevé como um jogo de futebol e um morcego-vampiro a sugar o sangue de um porquinho-da-índia merece os mais prazerosos comentários de aprovação. Matéria para folgar a vista e o coração depois de se ver o Le sang des bêtes.)



1.Gregory Peck como Capitão Ahab. 2.Orson Welles como Padre Mapple, no mais original púlpito da História. Moby Dick (1956). John Huston

Filme: 3/5 ("Quando, avançando serenamente em uma destas viagens se avista alguma coisa de estranho ou suspeito, o nosso cavaleiro leviatânico mantém um olho prudente na sua interessante família. Se algum descarado jovem leviatã se aproxima e tem a presunção de abordar, em tom de confidência, uma destas senhoras, com que fúria o paxá o assalta e o afugenta! Onde iríamos nós, na verdade, se a estes jovens libertinos sem princípios fosse permitido invadir a santidade da felicidade doméstica! Todavia, faça o paxá o que fizer, não é capaz de expulsar o mais notório Lotário da sua cama, pois aí, todos os peixes se deitam na mesma cama. Como em terra muitas vezes as senhoras são a causa dos mais terríveis duelos entre os seus admiradores rivais, o mesmo ocorre com as baleias, que ocasionalmente se dão mortal batalha, e sempre por amor. Elas esgrimem com as longas mandíbulas inferiores, ensarilhando-as, e assim se empenham em mostrar a supremacia, como os alces que na luta entrelaçam as galhaduras. Não poucas são capturadas com as fundas marcas destes duelos: cabeças com cicatrizes, dentes partidos, nadadeiras cortadas e, em muitos exemplos, bocas torcidas e deslocadas. Mas, supondo que o invasor da intimidade doméstica é posto em fuga ao primeiro ataque do senhor do harém, torna-se então muito divertido ver este senhor. Brandamente, ele insinua o seu vasto volume no meio delas e de novo goza ali um instante, em provocação do jovem Lotário ainda próximo, como pio Salomão devotamente adorando, misturado com os seus milhares de concubinas. Se outras baleias estão à vista, raras vezes o pescador se entregará à caça de um destes grão-turcos, porque são grandes e dissipadores das suas forças e, por isso, parcos em gordura. Quanto aos filhos e às filhas que pôem no mundo, têm de bastar-se a si próprios; quanto muito, apenas com o apoio materno. A exemplo de outros amantes omnívoros e vagabundos que poderíamos nomear, o nosso cavaleiro leviatânico não aprecia o infantário, embora aprecie, e muito, a alcova; e, assim, como é grande viajante, dispersa cada um dos seus anónimos bebés por todas as partes do mundo exótico. Com o tempo, no entanto, o ardor da sua juventude declina, os anos e a melancolia aumentam, a reflexão impõe as suas pausas solenes; em resumo, à medida que uma lassitude geral domina o saciado turco, então o amor pelo sossego e pela virtude suplanta o amor pelas donzelas; o nosso otomano entra na fase da vida do arrependimento e da admoestação, dispersa o harém e transformado numa exemplar e rabugenta criatura, erra solitariamente através dos meridianos e paralelos, dizendo as suas orações e advertindo todos os jovens leviatãs contra os erros da juventude.". Moby Dick, Herman Melville, Clássica Editora, Páginas 444-445.)


Anne Chevalier. Tabu: A Story of the South Seas (1931). F. W. Murnau

Filme: 4/5 (Um filme menor na filmografia de um dos três a seis maiores cineastas da história- a nível de centímetros, o maior, certamente. Ou seja, apenas um munto bom filme.)





1.Laura Soveral. 2.Isabel Cardoso. 3.Teresa Madruga. 4.Ana Moreira. Tabu (2012). Miguel Gomes

Filme: 3/5 (Por motivos de ordem eclesiástica- e também por possíveis problemas com as leis judiciais- não nos é permitido escrever o que achamos do prólogo. A fase "Paraíso Perdido"- até se fica com a sensação de que este filme está a citar o filme homónimo de 1931, embora deva ser certamente um problema de ótica- é excecional, e merece por si só a admissão ao filme. A fase "Paraíso" receberá um gentil gesto de indiferença.) 






1.Wilhelmenia Fernandez. 2.Thuy Ann Luu. 3.Caprichos visuais de Beineix. 4.Richard Bohringer explica a Frédéric Andréi o método científico de cortar uma baguete pelo meio. 5.Caprichos visuais de Beineix #2. Diva (1981). Jean-Jacques Beineix

Filme: 3/5 (Cinéma du Look.)





1.Béatrice Dalle. 2.Caprichos visuais de Beineix #3. 3.Clémentine Célarié, Jean-Hugues Anglade e um bebé demonstram a dupla razão por que o Criador decidiu fabricar os seios femininos. 4.Caprichos visuais de Beineix #4. 37º2 le matin (1986). Jean-Jacques Beineix

Filme: 4/5 (Cinéma du look #2.)





1.Anna Mouglalis & Brigitte Catillon. 2.Lydia Andrei. 3.Merci pour le chocolat. 4.Isabelle Huppert. Merci pour le Chocolat (2000). Claude Chabrol

Filme: 4/5 (Se alguém escrever- ou mesmo afirmar isso num jantar de família para impressionar aquela prima que há munto tem debaixo de olho- que o trabalho da Isabelle Huppert em Merci pour le Chocolat é o maior trabalho de um ator num filme deste século, então, pode ficar a saber que o senhor- ou a senhora, o que neste caso significará que quer impressionar aquele tio-avô possuidor de uma significativa herança- não está a exagerar, mas sim a ser tão verdadeiro/a como as próprias palavras divinas incrustadas nas Tábuas.)




1.Chloe Grace Moretz dorme #1. 2.Selma Blair. 3.Jennifer Lawrence. The Poker House (2008). Lori Petty

Filme: 1/5 (A Lori Petty, antes de ser a ex-namorada do Patrick Swayze e a namorada do Keanu Reeves no Point Break, teve uma adolescência difícil numa cidadezinha do Iowa. Tão difícil que teve de fugir de casa. Pelo menos é o que se fica a saber por este filme (o primeiro, o último e único filme por ela realizado). Também ficamos a saber que a voice over é uma "faca de dois legumes" que em 91% dos casos sobrecarrega o filme de informação e ruído, que é preciso mais do que cenas de "chocante confronto verbal" para criar verdadeira tensão dramática, que o mundo indie é um enxame de cançonetas, e de que a Chloe Grace Moretz, aqui transformada- através de uma desenvoltura precocemente mordaz- na versão feminina do Culkin do Home Alone, devia ter tido uma curta-metragem só sua com o David Alan Grier: são deles os dois os melhores momentos no filme.)



1.Chloe Grace Moretz dorme #2. 2.Blake Lively. Hick (2011). Derick Martini

Filme: 2/5 (Mais uma cidadezinha piquena na América profunda- agora o Nebraska- mais uma família disfuncional, mais uma adolescente que tem de fugir, não para L.A., mas sim para Las Vegas, e mais voice over. E o road movie tem os seus perigos e singulares personagens, e o caminho não vai a direito mas por curvas recônditas, e existem momentos do absurdo lynchiano do Wild At Heart, e o realizador não se coíbe, até corajosamente, de evidenciar os peculiares encantos lânguidos da Blake Lively e da Chloe como carne para canhão dos brutais e primitivos apetites dos grandes U.S.A. anti-elites.)






1.Camilla Belle. 2.A essencial dieta de uma estudante de Liceu. 3.Katy Mixon. 4.Elisha Cuthbert exemplificando os apetrechos vestuários que qualquer esposa deverá usar nas suas tarefas domésticas- pelo menos enquanto as carnes não ferirem a vista. 5.Edie Falco dorme. The Quiet (2005). Jamie Babbit

Filme: 2/5 (Um filme um tanto ou quanto alienígena, onde partículas de "filme dramático para a tv" se entrelaçam com os lugares comuns do "filme teen" período 1997-2005 e o resultado final é polvilhado com umas migalhas de bizarria familiar tipicamente solondzianas. Particularmente relevante é a forma como o incesto é tratado: como uma relação erótica-tempestuosa pai/filha digna de mestre Zalman King de antanho nos seus gloriosos dias dos Wild Orchids. Num filme amaricano um tanto ou quanto mainstream é obra.)



1.Hideko Takamine. 2.Noodles. Muhomatsu no issho (1958). Hiroshi Inagaki

Filme: 3/5 (Andar-Correr-Liteiras-Riquexós-Diligências-Automóvel com motor a vapor-Automóvel movido a Gasoil-Automóvel movido a energia elétrica-Terceira Guerra Mundial-Andar-Correr....)


Talia Shire. Rocky (1976). John G. Avildsen

Filme: 5/5 (25 de Novembro de 1975: o dia do fim da rebaldaria de um ano e sete meses em Portugal. O inicio do fim da maluqueira nacionalista, dos saneamentos primários, dos tribunais plenários, da bagunça dos governos provisórios e de qualquer gajo barbudo e gadelhudo pensar que bastava comprar um violão e escrever "palavras de órde contra a reação" e tornava-se imediatamente um cantautor. Bendito dia. Também foi o dia em que o Rocky fez o seu combate com o Spider Rico e com o qual se inicia o mundo Rocky. Data para a história.)


Bella Hadid prestes a ter o seu vestido de spray. Musée des Arts et Métiers. 30/09/2022

Quando é que fabricam um spray que consiga materializar a Jean Harlow, a Marylin Monroe, a Gene Tierney, a Joan Leslie, a Natalie Wood, a Sandra Dee, a Jane Greer e um fumegante prato de bacalhau assado no forno a menos de um metro de nós? Agradecidos.

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