segunda-feira, 26 de julho de 2021

Jogos Olímpicos 2020, Natação, Dias 2 & 3.

 Sem público no pavilhão, sem o Phelps, e com os nadadores nas cerimónias das medalhas revestidos a máscaras que os transformam em leprosos de alta competição, o cenário na piscina olímpica de Tóquio-2020 é tão sedutor como ir a um festival de cinema pela causa animal e ainda por cima encontrar por lá ex-colegas de escola do secundário. Apesar de tudo, motivos de interesse não faltam: já houve uma vitória à Arouca na Champions, e uma épica luta entre duas peixes-espada que já é uma das provas icónicas do desporto.


Ahmed Afnaoui, tunisino de 18 anos, venceu a prova dos 400 metros livres. Ninguém o conhecia. Inclusive ele próprio, segundos antes do início da prova, questinou quem era e o que ali fazia. Acabou a derreter a concorrência dos tubarões australianos e norte-americanos. 


Maggie McNeil, do Canadá, levou o oiro nos 100 metros mariposa. Como o Canadá já tinha ficado com a prata nos 4x100 metros livres femininos, a Maggie ja tem duas medalhas no bolso. Ainda deve lutar pelos 200 metros mariposa e por mais algumas provas de revezamento. 


O Adam Peaty, da Grã-Bretanha, vencer os 100 metros bruços é o pão nosso de cada dia desde 2014. O dia em que alguém o derrotar nesta prova será o dia em se assistiu ao nascimento de um ser humano geneticamente modificado.


O processo de passagem de testemunho nos 400 metros livres femininos já parece concluído. A Katie Ledecky andava a comer medalhas nesta prova entre 2013 e 2017, mas entretanto surgiu uma australiana de 18 anos chamada Ariarne Titmus que a rebentou nos Mundiais de 2019. Cheia de raiva, a Katie atirou-se à água da piscina com a ferocidade de uma piranha de 1.83m, e a 50 metros do fim parecia que tinha recuperado o seu posto de rainha. Mas eis que Ariarne recupera mesmo nos metros finais, ultrapassa a dama das águas e arrebata para si o 1ºlugar. Vão voltar a encontrar-se nos 200 metros livres (esperemos), onde ficaremos a saber se as tácticas voodoo de miss Ledecky fizeram resultado. 


A prova masculina dos 4x100 livres tinha como principal atração- mais do que saber quem seria o vencedor- verificar se o momento de forma do Caeleb Dressel  continuava tão impressionante como nos últimos tempos, ele que é candidato a vencer sete medalhas de oiro (uma já está no bolso). Pois bem, como primeiro atleta dos EUA a atirar-se para a piscina, a rapidez da sua execução foi tão fulminante que parecia estarmos a ver competição em fast forward. Mas ainda mais impressionante foi a recuperação da Austrália nos 100 metros finais. A equipa australiana, antes da entrada em cena do Kyle Chambers, estava em 8965º lugar na prova, mal tendo ainda saído do aeroporto de Melbourne. Chambers, nadando como se tentasse escapar a uma barracuda ou a um barco de piratas da Somália, apanhou quase tudo o que estava pela frente, e mais 100 metros houvesse e também os italianos e os americanos iriam ficar pelo caminho. Ficou com o Bronze, e ficou muito bem. As provas de 100 metros e 200 metros livres entre ele e o Dressel serão de cortar à faca. 

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