Dois belos espécimens de domesticidade invadida por uma série de trabalheiras. Em Tokyo Sonata, o "flagelo do desemprego", em Benny's Video, "a nefasta influência dos media na sociedade". Ambos mantendo sempre uma relativa distanciação aos seus personagens: planos médios e marcha lenta no seu ritmo, ou como a pedantaria gosta de afirmar, "formalismo rigoroso". O que interessa aqui, verdadeiramente, é a comida. Teruyuki Kagawa, no filme de Kurosawa, mete quarenta kilos de arroz na boca, mais uns condimentos que desconheço. Arno Frisch, no do barbudo, reparte pizzas, come iogurtes depois de completar os "deveres escolares", enfarda torradas. Os directores de som fizeram um belo trabalho. Kagawa despeja mais uma tonelada de arroz pela garganta, e agora é Frisch que responde com um belo triturar de pão com manteiga. Sempre em "formalismo rigoroso" (não há, felizmente, nenhum plano de skates com filtros). Não chega perto da selvajaria do Ferreri, mas serve muito bem os propósitos gustativos. Fode-te cinema, viva as propriedades alimentícias. Gostei do Hugo.
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