sábado, 3 de março de 2012

algures no inferno...

...há aproximadamente hora e meia.

Max: Alfred! Alfredo! Cucú...onde estás? Raio do badocha...deve estar a aprontar alguma. Alf...
Alfred: BÚ!
Max: Ai mãezinha! Onde estavas?
Alfred: Ehehe...ali, atrás daquele arbusto, pronto para dar-te susto. Já sabes que eu sou assim.
Max: Bem sei, bem sei. Vamos sentar-nos ali naqueles bancos. Ah, assim está melhor.
Alfred: Pois está. E está fresquinho e tudo.
Max: É bem verdade. E parece que vai continuar. Olha, hoje recebi um pedido estranho de um pobre coitado lá de cima.
Alfred: Conta lá isso, amor.
Max: O sujeito pediu-me para que eu intercedesse para que o seu clube da bola ganhasse a outro clube da bola.
Alfred: E então?
Max: Eu intercedi, pois está claro. O triste vê a minha trilogia de duas em duas semanas. Que podia eu fazer? Mandá-lo para a cona da mãe dele?
Alfred: Que rude que és, querido.
Max: É assim que gostas, porque te queixas? Ouve...já arranjaste aquilo que te pedi?
Alfred: Não...elas não falam comigo...depois de tudo o que lhes fiz...
Max: Putéfias é o que são. Vá, não chores. Depois vamos ver o Robocop do José Padilha.
Alfred: Sniff. Prometes? Agarradinhos?
Max: Claro, já te faltei em alguma coisa? Bom...quanto ao que eu pedi...vou pedir ao Fuller para tratar disso.
Alfred: Esse bruto!
Max: Bom homem. Agora baixa a cabeça e não digas nada...vem ali o chefe.

dois vultos aproximam-se.

Ford: Boa noite.
Max: Boa noite, meu senhor.
Alfred: Boa noite, meu senhor.
Ford: Estás a chorar, pipas?
Alfred: Não é nada, meu senhor.
Ford: Bom, não quero cá dessas caralhadas. Algum de vocês tem lume?
Max: Eu só tenho cigarros, mas nada de lume, meu senhor.
Alfred: Também não, meu senhor.
Ford: Caralho. Bom, Sergei...vai ao tasco do Peckinpah e traz-me um isqueiro. Quero um clipper, 'tás a ouvir?
Sergei: Sim, patrão!
Ford: Corre, porra! Já!
Sergei: Aí vou eu, patrão!
Ford: Toino. Ah...deixa-me sentar um bocadinho. Está fresquinho, não acham?
Max: Também reparámos nisso, meu senhor.
Ford: Bem bom. Agora desfrutemos o silêncio.

seis minutos e vinte e quatro segundos depois.

Sergei: Patrão!
Ford: Acordem, porra. O Sergei chegou. Trazes o lume?
Sergei: Não, patrão. O Peckinpah foi com o Sam e o Nick à caça de perdizes.
Ford: Ai a puta da minha vida...fedelhos insolentes, foda-se!
Max: Vem ali o Lang, pode ser que ele tenha lume.
Lang: Ora viva. Hoje ganhou a corrupção. É a vitória da imoralidade, do Mal, dantesco.
Ford: Já deliras? E lume, tens?
Lang: Não, dei o último fósforo ao Stroheim. Deliro, chefe? Não viu aquela pouca vergonha do terceiro golo? Foi tudo planeado. Admita que foi!
Ford: Não te admito esse tom, ouviste? E o pénalte do Cardozo, hem? Duas vezes a bola com a mão!
Lang: Ai é? E o Janko a tentar foder o Maxi? Não viu?
Max: Acho que fiz merda...
Ford: Vi. O Pasolini já meteu no you tube.
Max, Alfred, Sergei, Lang: todos a rir.
Ford: Mandei-vos rir? Caluda. Vamos embora.
Max: Adonde, chefe?
Ford: Sigam-me que já vos mostro. Vai haver morteirada se aqueles três fedelhos não estão ao meu lado dentro de uma hora.
Lang: Chefe...posso tratar do Von Trier quando ele cá chegar?
Ford: Não. Já encarreguei a Ida Lupino disso.
Lang: Ui, tá fodido.
Alfred: Fodeu geral.
Max: Antes ele do que eu.
Lang: O Mal ganhou, chefe. Admita!
Ford: E o pénalte do Cardozo, pulha?? Bom, chegámos.

Sem comentários: