quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"o realizador leva a água ao seu moinho" e também a "um bom porto".




Como "tema", Network estará sempre imperturbável aos desmandos do tempo, pois a televisão foi, é e enquanto existir sempre será uma das maiores lixeiras criadas pelo ser humano- o que de bom já foi feito até hoje na história da tv não deve corresponder a 0,001% do total de segundos captados e tratados analógica ou digitalmente e ainda esse facto de haver gente que prefere dizer que é "banqueiro" ou "dirigente desportivo" a "jornalista televisivo", quando lhes perguntam a profissão-, a par do Starbucks ou de um agente financeiro. O filme de Lumet dá-nos a sordidez, oportunismo e hipocrisia do mundo televisivo (ganda Dunaway, sete foditas naquela boca), sempre à procura do melhor anzol para pescar audiências, nem que para isso tenha de apoiar um "messias" (Peter Finch) que combate, em delírio live, os grandes impérios financeiros que suportam essa mesma tv, e que dará origem, já vai o filme adiantado, ao seu melhor momento, um monólogo trovejante de Ned Beatty (ainda com o rabinho a fumegar) sobre a inexistência de fronteiras no mundo financeiro, vamos dar as mãos. Tirando esse momento de incandescência linguística, o resto é oscar material da mais cristalina ordem: "excelentes interpretações" (o William Holden nasceu a beber whisky), "argumento sólido", e "realização escorreita" do Sidney, que tem um punhado de melhores filmes do que este, embora esses não sejam nem tão "sólidos" nem tão "escorreitos". Este filme necessitaria de não ser "tão equilibrado" nem de cumprir exemplarmente o "caderno de encargos". Mais vinagre e terrenos escorregadios.

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