domingo, 4 de setembro de 2011

Domingo

Tinha dado a melancolia Domingueira como atingindo o seu grau mais elevado, aquando de um trabalho em que entrava à meia-noite. Para chegar ao mesmo, apanhava o 759, passando dessa forma na estação de Santa Apolónia, onde, aos Domingos pelas onze e tal, via filas enormes para os táxis, que levariam as pessoas às habitações de segunda a sexta-feira, de onde acordarão para ir para a universidade ou, na maior parte dos casos, para o trabalho. Era o ponto alto do travelling de dez minutos dentro do autocarro.

O travelling ganhou finalmente som. Da minha sala, num prédio de uma rua que ao fundo tem um concentrado de, pelo menos, 230 filhos da puta, ouço as rodas das malas de viagem a trepidar na calçada portuguesa, calçada que tanto incomoda os meus gastos ténis em dias de chuva. Todos os Domingos e a partir das 21h, mais coisa menos coisa, e até à meia-noite, uma da manhã, ouvem-se as rodas a confrontarem-se com a calçada.

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