segunda-feira, 19 de junho de 2023

Frames (35).



1.Charlotte Rampling. 2.Pão de centeio com geleia (de framboesa?). Il portiere di notte (1974). Liliana Cavani

Filme: 3/5 (Criterion #59. As suas economias estão num farrapo. É verdade que você até tem um emprego estável e razoavelmente bem pago, mas a pensão de alimentos para a sua ex-esposa, os gastos avultados com os caprichos da amante e os dinheiros despendidos nos seus próprios vícios privados estão a esbulhar os seus recursos. Assim sendo, algo terá de se fazer para não só continuar a pagar todas essas despesas e mordomias, como para também providenciar uma segura almofada para os tempos vindouros. É aí que se lembra daquela casa no cimo da colina da sua vila. A casa em si é de exterior e tamanho modesto, mas há quem jure que no seu interior escondem-se fortunas e tesoiros incalculáveis. O seu dono, um ancião de noventa e seis anos, é conhecido na terra pela sua frugalidade e, sobretudo, pelo seu intrépido gosto pelo cinema. Pelo "bom" cinema, acrescente-se. Tendo isto em mente, meninos maus, certa vez, fizeram das suas: bateram à porta da despretensiosa casa, o senhor foi abrir, e de imediato caiu estatelado na soleira; em repugnantes risinhos, os meninos ainda seguravam a toda a altura um poster- de dois metros de altura por um de largura- do Crimes of Passion do Ken Russel. Ora, você, num certo dia de sol, aventura-se pelos ermos caminhos na direção da banal casa, bate à porta, o senhor atende, e você, embriagado de malvadez e ganância, mostra-lhe um poster- de três metros de altura por um e meio de largura- de Il portiere di notte. O baque do vetusto cinéfilo é fatal. A cabeça esmaga-se, em rios de sangue. Você entra, já vidrado de alegria, imaginando oiro e notas graúdas nos seus bolsos. Procura e desarruma tudo à sua volta, encontra as mais variadas cousas, os mais diversificados itens de memorabilia cinematográfica, vilipendia a privacidade do recente defunto...e nada. Até que, furibundo, dá um pontapé de raiva na parede do quarto e, como que por magia, o seu pé entra para dentro da parede. As lágrimas de alívio começam a derramar pela sua face quando, já de cócoras, vislumbra, dentro da parede, um baú de tons prateados. E de abertura fácil, ainda por cima. Você abre-o, e mais lágrimas correm pela sua cara, pois dentro do baú não vislumbra mais nada que não seja o primeiro exemplar imprimido do primeiro número da Cahiers du Cinema. Você pergunta que piada vem a ser esta, rasga as páginas da revista, levanta-se, cospe para o chão, sai de casa, passa por cima- literalmente- do corpo do velhinho, e, enquanto desce a ladeira para a vila, pensa com que dinheiros vai pagar as férias na Malásia que prometeu à sua amante.)







1.Metropolis, entre Março e Maio de 1947. 2.Richard Widmark apresenta-se a Victor Mature, ao cinema e ao mundo. 3.Dorothy Hart. 4.Victor Mature e filhinhas: aquele ancião, estranho e patriarcal hábito primitivo dos papás quererem proteger as suas crias das perversões do mundi. 5.Fritz Lang. Não é nada, é o Taylor Holmes. 6.Reminiscências de comer uns caranguejos acompanhados de litrosa da Sagres. Kiss of Death (1947). Henry Hathaway

Filme: 4/5 (100 melhores Film Noirs de todos os tempos para a Paste Magazine. Número 90.)









1.Grant Withers e uma faca demasiado brilhante. 2.Nancy Nash & Earle Foxe: libertinagem pré-código. 3.Jane Winton. 4.Hamlet como útil acessório de cozinha. 5."Ford racita!!". 6.Nancy Nash. 7.Por esta altura na sua carreira, John (por sua livre vontade ou por imposição do William Fox) mantinha o saudável hábito de filmar pernas femininas. Neste particular, as da Nancy. 8.As particularidades dos idiomas germânicos. Upstream (1927). John Ford

Filme: 4/5 (Tentativa de fazer uma integral John Ford, por ordem cronológica, e tendo como fonte a Wikipedia.)











1.Pequeno-almoço. 2.Arte chocolateira. 3.Pequeno-almoço. 4.Lanche. 5.Doze anos antes, em Praga, a Lena Olin e a Juliette Binoche passavam as tardes em animadas sessões fotográficas carregadas de brisas eróticas. Agora, passam as tardes em sensuais sessões de perícia doceira carregadas de animação. 6.Victoire Thivisol: discreta e bastante suportável, três anos depois de nos fulminar os ouvidos com a sua Ponette. 7.Alfred Molina indignado com tamanho e guloso deboche. 8.Lena Olin. 9.Juliette Binoche. 10.Carrie-Anne Moss. Chocolat (2000). Lasse Hallstrom

Filme: 2/5 (Euro pudim chocolateiro de muito agradável apresentação ao olhar, de muitas amenas texturas dramáticas e de muito pouca inquietação. O Hallstrom não se quer chatear muito: dirigir eficientemente os seus acores, fazer os seus planos nada intrusivos para a apreensão dos espaços, ser o mestre de obras de um edifício cinematográfico que se encontra encerrado num daqueles globos turísticos carregados de neve e casinhas tradicionais e, terminado o repasto artístico, encher malas com papel verde e esperar mais uma nomeação para as estatuetas. "Cinema do papá" (e da mamã, e da tia, e da prima em segundo grau) assumido e sem subterfúgios, portanto, muito mais respeitável do que o cinema do papá (e da irmã, e da cunhada, e da sobrinha) de 87% do "aclamado" cinema francês- o pior cinema do mundo ao ano de graça de 2023- da atualidade.)




1.Hanna Schygulla. 2.Helen Vita. 3.Annemarie Duringer. Berlin Alexanderplatz: Ein Schnitter mit der Gewalt vom lieben Gott (1980). R. W. Fassbinder

Filme: 5/5



1.As omoplatas, braços, antebraços e ombros de Annemarie Duringer. 2.Irm Hermann. Berlin Alexanderplatz: Eine Liebe, das kostet immer viel (1980). R. W. Fassbinder

Filme: 5/5





1.Hanna Schygulla. 2.Volker Spengler, como "ajudante de Satanás.". 3.Muito antes de Kar-Wai colocar Tony Leung a falar com ursos de peluche e sabonetes, já Fassbinder tinha fabricado uma conversa social entre Gunter Lamprecht e três copos de cerveja. 4.Traute Hoess (prestes a levar o dedinho à boca) & Marie-Luise Marjan. Berlin Alexanderplatz: Merke - Einen Schwur kann man amputieren (1980). R. W. Fassbinder

Filme: 5/5





1.Brigitte Mira: muito lá de casa. 2.Naturezas mortas (e muito reluzentes) numa antiquíssima arte chamada "composição". 3.Hanna Schygulla. 4.Começa o festival Barbara Sukowa. Berlin Alexanderplatz: Die Sonne warmt die Haut, die sie manchmal verbrennt (1980). R. W. Fassbinder

Filme: 5/5


Marlène Schiappa, ex-secretária de Estado para a Igualdade entre Mulheres e Homens e o Combate à Discriminação no governo francês entre 2017 e 2020. Esperemos que Irene Montero e Marina Gonçalves, entre outras ministras de países da UE, sigam este notável exemplo de soberana liberdade feminina.

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