quarta-feira, 31 de julho de 2024

Paris 2024: Natação, dia 4.

100 metros costas femininos:

1ª Kaylee McKeown (Austrália)
2ª Regan Smith (EUA)
3ª Katharine Berkoff (EUA)

Um pódio tão previsível quanto as nobres e metódicas tarefas quotidianas de um limpador de retretes no Palácio de Buckingham.


800 metros livres masculinos:

1º Daniel Wiffen (República da Irlanda)
2º Bobby Finke (EUA)
3º Gregorio Paltrinieri (Itália)

Um pódio que se assemelha a uma publicidade de incentivo aos sentimentos inclusivos e "respeitadores das diferenças alheias" no grande bairro de Brooklyn.


4*200 metros livres masculinos:

1º Grã-Bretanha
2º EUA
3º Austrália

Apreciamos aquelas ocasiões em que a potência colonizadora revela a sua natural superioridade sobre os submissos povos nativos.

terça-feira, 30 de julho de 2024

Paris 2024: Natação, dia 3.

400 metros estilos femininos:

1ª Summer McIntosh (Canadá)
2ª Katie Grimes (EUA)
3ª Emma Weyant (EUA)

Uma canadiana á frente de duas norte-americanas. Com dedicatória especial ao South Park.


200 metros livres masculinos:

1º David Popovici (Roménia)
2º Matthew Richards (Grã-Bretanha)
3º Luke Hobson (EUA)

O David sabe duas cousas: 1) ao contrário da sua compatriota Nadia Comaneci, pode sair da Roménia quando mais lhe apetecer, e 2) não é obrigatório que as suas viagens sejam apenas a Cuba e á Rússia.


100 metros costas masculinos:

1º Thomas Ceccon (Itália)
2º Jiayu Xu (China)
3º Ryan Murphy (EUA)

Nos tempos pré-internet e pré-telemóveis, uma certeza: estaríamos três meses (Junho a Setembro) sem saber absolutamente nada sobre 98% dos colegas da escola. O Ryan Murphy, em tempos de enxurrada de telemóveis e alagamentos de Internet, é como esses amiguinhos e amiguinhas de antanho, com a substituição de três meses por quatro anos; "Olha o Ryan! Atão?".


100 metros bruços femininos:

1ª Tatjana Smith (África do Sul)
2ª Qianting Tang (China)
3ª Mona Mc Sharry (República da Irlanda)

A grande dúvida desta final: a Tatjana, ao fim dos 100 metros, desaguaria num pranto por vencer a prova ou por não vencer a prova? A quatro segundos do fim parecia que seria a segunda hipótese, mas as lágrimas de um oiro sabem munto melhor (sobretudo na carteira) e ela deslizou- literalmente- para a vitória.


200 metros livres femininos:

1ª Mollie O' Callaghan (Austrália)
2ª Ariarne Titmus (Austrália)
3ª Siobhan Bernadette Haughey (Hong Kong)

Ver a Ariarne a não ganhar uma prova é como ver a Setsuko Hara a chorar: uma pessoa não acredita no que está a ver, mas é realmente o que está a acontecer.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

Paris 2024: Natação, dia 2.

400 metros estilos masculinos:

1º Leon Marchand (França)
2º Tomoyuki Matsushita (Japão)
3º Carson Foster (EUA)

Num filme dos ZAZ, a partir dos duzentos metros o Matsushita, o Foster e os restantes cinco nadadores sacariam de binóculos em plena água para verificar onde se tinha metido o Marchand.


100 metros mariposa femininos:

1ª Torri Huske (EUA)
2ª Gretchen Walsh (EUA)
3ª  Yufei Zhang (China)

A Gretchen não ter vencido esta prova, onde partia como super favorita, equivale a ir aos Pastéis de Belém e ser servido em menos de quatro horas.


100 metros bruços masculinos:

1º Nicolo Martinenghi (Itália)
2º Adam Peaty (Grã-Bretanha)
3º Nic Fink (EUA)

Tivemos de ir ao comando da Meo e teclar no rewind (preferimos "rebobinar") para voltar a ver a prova; queríamos ter a certeza de que o Adam Peaty não tinha mesmo levado o ouro. Acompanhamo-lo desde os Jogos de Helsínquia, 1952, e não estávamos mesmo nada á espera deste desfecho.

domingo, 28 de julho de 2024

Paris 2024: Natação, dia 1.

400 metros livres masculinos:

1º Lukas Maertens (Alemanha)
2º Elijah Winnington (Austrália)
3º Woomin Kim (Coreia do Sul)

Há já bastante tempo que não víamos um alemão a triunfar tão calmamente em terras francesas.


400 metros livres femininos:

1ª  Ariarne Titmus (Austrália)
2ª Summer McIntosh (Canadá)
3ª Katie Ledecky (EUA)

Ter a Ariarne, a Summer e a Katie no mesmo pódio é como ter numa mesma mesa de um bar em Hollywood, circa 1971, o Ford, o Spielberg e o Griffith. Mesmo com este último morto há vinte e três anos.


4*100 metros livres femininos:

1º Austrália
2º EUA
3º China

Há pessoas que acreditam que um dia a Austrália não irá vencer esta prova. São as mesmas que acham que a reforma agrária tem futuro no Alentejo ou que o Napalm um dia estará com os lábios a menos de quatro milímetros de um mamilo da Diana Chaves.


4*100 metros livres masculinos:

1º EUA
2º Austrália
3º Itália

Repetir a frase acima, substituindo Austrália por EUA, "a reforma agrária tem futuro no Alentejo" por "o controle de armas no território norte-americano será muito efetivo antes de 2135" e "Diana Chaves" por "Jessica Alba".

terça-feira, 16 de julho de 2024

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Euro 2024 (Meias-Finais. Jogos 1 & 2).

Espanha vence 2-1 a França e atinge a final de um Campeonato da Europa pela 5ª vez. Pode vencer pela 4ª vez, o que a tornaria a recordista de vitórias na competição. Pode não, tem de vencer.

A Holanda perdeu 2-1 e está fora da sua segunda final num Campeonato da Europa.

domingo, 7 de julho de 2024

Euro 2024 (Quartos-de-Final. Jogos 3 & 4) + Uruguai vs Brasil para a Copa América.

A Suiça foi eliminada do Euro 2024 nos quartos-de-final.


Entre 4 de Julho de 1665 e 31 de Julho de 1667 foi disputada a segunda das guerras anglo-holandesas, onde as armadas inglesas e holandesas disputavam nos mares a supremacia nas rotas de comércio mundial. A ajudarem os ingleses estava o bispado de Munster, e a auxiliar os neerlandeses pontificavam o Reino da Dinamarca e o Reino de França. O almirante Michiel de Ruyter comandou a marinha laranja, e os vilões eram liderados por Jaime, Duque de Iorque, futuro Rei Jaime II. O resultado final foi uma vitória retumbante da humanidade, perdão, dos holandeses, com a frota inglesa a ser devastada nas próprias áuguas do Rio Tamisa; uma espécie de 0-5 em Wembley. A 10 de Julho de 2024, trezentos e cinquenta e sete anos depois desse glorioso desfecho, será disputada, em Dortmund, na Alemanha, nova batalha entre as duas nações, onde o destino do mundo- futebolístico- estará em cheque. Não serão precisas bolas de canhão, pólvora e espadachins; bastará replicar, na medida do possível, uma outra luta, também em solo germânico, travada há trinta e seis anos. As mulheres, de xaile na cabeça e saias debruadas a fios de oiro, já se encontram na praia nas suas intermináveis rezas e súplicas.


Uruguai-Brasil, quadro a óleo da autoria de Hyeronymus Bosch.

sábado, 6 de julho de 2024

Euro 2024 (Quartos-de-Final. Jogos 1 & 2).


1966. 1972. 1974. 1976. 1980. 1982. 1986. 1990. 1996. 2002. 2008. 2014. A Diane Lane tinha, respetivamente, um ano de idade, sete anos de idade, nove anos de idade, onze anos de idade, quinze anos de idade, dezassete anos de idade, vinte e um anos de idade, vinte e cinco anos de idade, trinta e um anos de idade, trinta e sete anos de idade, quarenta e três anos de idade e quarenta e nove anos de idade. Mas não é exatamente essa a razão dessas datas estarem aí escarrapachadas, por mais nobre que ela seja; elas representam as finais de grandes competições internacionais de seleções (europeus e mundiais, nada de ligas das nações) a que a Alemanha (ou a RFA, também conhecida como "aquela Alemanha com água canalizada e esgotos") chegou nos últimos cinquenta e oito anos. Doze finais, o que certamente deverá ser record a nível europeu. Outra cousa que se constata: o máximo de espera entre finais era de seis anos, por melhor ou pior que fossem os ciclos de forma da equipa germânica. Portanto, se os alemães entrassem numa competição após seis anos sem finais, o mundo todo resignar-se-ia e mesmo antes da festarola questionaria, abanando a cabeça, "quem será o outro finalista?". Mas eis que chegamos a 2024 e os teutónicos estão há uma dezena de anos sem ir a uma final, e, pior, com participações muito medíocres nos certames internacionais desde o Euro 2016. Mas agora irá ser diferente! O Euro 2024 será jogado em sagrado solo germânico. Os adversários serão espezinhados (nem por isso), vergados (ainda menos) e nada poderá impedir a glória, nem mesmo a Armada Espanhola, nos quartos-de-final. Negelsmann, o timoneiro alemão, está tão confiante que deixa no banco Florian Wirtz, um dos seus arietes, e no seu lugar coloca uma múmia futebolística intitulada Leroy Sané. Doze anos sem finais. No mínimo.


Quando Portugal e França se preparavam para iniciar a roleta dos pénaltes, eis o cenário para um futuro recente: ás meias-finais do Euro 2024 chegaria uma equipa que a) não marcava um golo há trezentos e trinta minutos ou b) tinha duas vitórias, ambas através de autogolos. Durante sessenta minutos, assistiu-se a um pacto de não agressão reminiscente de um tratado de paz assinado nas catacumbas de Notre-Dame em 1312. Até que na restante meia-hora tanto Portugal como a França tiveram oportunidades para marcar. No prolongamento, há uma oportunidade soberana para a seleção portuguesa se adiantar no marcador, o que nos leva a importantes questões filosóficas/comerciais, tais como: o que é "estar vivo"? Pode uma pessoa estar morta (desportivamente, no mínimo) e ainda assim não só projetar-se mentalmente para uma grande competição, e, ainda mais impressionante, englobar o mundo inteiro nessa projeção? A falta de vergonha é um entrave a uma merecida reforma futebolística? Ninguém mostrou ao cadáver em (pouco movimento) o combate do Apollo com o Drago? Quem é o maligno feiticeiro que está por detrás da imposição do moribundo na seleção portuguesa? Ainda vamos ser mais amaldiçoados no Mundial de 2026? Porque é que ninguém me disse que há uma série chamada "O Clube" onde a Sofia Arruda e a Julia Palha aparecem lindíssimas e sensuais de lingerie? Que a Espanha vença o Euro, para bem do estado do futebol.

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Euro 2024 (Oitavos-de-Final. Jogos 7 & 8).

Holanda vs Países Baixos.


Existe aquela série de filmes intitulada Final Destination onde uma série de pessoas, através da premonição de uma delas, consegue evitar o destino certo e programado da Morte. Em teoria, um alívio, mas o Grande Ceifeiro não esquece quem lhe deve contas, e essas serão pagas com juros. Pouco após essa negação aos desejos do Ceifeiro, as pessoas começam, uma a uma, a terem das mortes mais imaginativas e violentas possíveis, restando a dúvida se elas são elaboradas pela própria Besta ou por engenhosos argumentistas de Hollywood. Em sentido similar, embora num campo de dívidas bem mais saudável, existem aqueles guarda-redes que devem golos aos avançados. A defesa do Gordon Banks no Brasil-Inglaterra do Mundial de ´70 é a mais famosa e mítica dessas defesas de um golo, mas pela história da bola há muitas mais dessas criminosas recusas em deixar rolar o trilho estabelecido da bola. Ontem, nos momentos finais do Áustria-Turquia, o guardião Mert Gunok entrou para a galeria desses piratas anti-golo, desses sacanas da anti-festa do futebol, através de uma parada sobrenatural. Mas como com a Morte, o Destino não deixa peças soltas por encaixar, e em breve Mert, como todos os outros antes dele, dará uma frangalhada de proporções épicas.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Euro 2024 (Oitavos-de-Final. Jogos 5 & 6).

Há algo, neste mundo, que nos parece não estar muito certo, e não nos estamos a referir a termos gostado de uma entrevista do Putin ao Tucker Carlson ou à perda dos territórios cruzados no Médio Oriente com a queda de Acre em 1291. Estamos, concretamente, a pensar nas vistas trocadas entre cinema e futebol no ano de graça de 2024. Assim, de um lado, temos um cinema festivaleiro e aplaudido que faz da indiferença conceptual, do mais arreigado anti-formalismo, da mais forçadíssima empatia, da propagação dos "valores certos", do vale tudo técnico e da "improvisação"  (leia-se: "não fazemos ideia do que estamos a fazer") uma série de motivos para a sua existência. Por outro lado, uma das melhores seleções mundiais de futebol da atualidade, a França, é uma equipa cujo jogo da bola faz de um filme do Straub um objeto muito próximo do free cinema britânico dos anos 50. Maquinal, jogado a regra e esquadro, ausente de qualquer rasgo de improvisação- mesmo dos seus melhores "artistas"-, perpetrado por jogadores que parecem ter saído da fábrica de montagem da Skynet. Aliás, segundo nos disse um passarinho do mundo futeboleiro, o Griezmann joga com um protótipo de chip futurista alojado na omoplata esquerda; uma cousa destas só pode ser verdade. Por conseguinte, esperamos que haja uma troca comercial e estética na ordem dos 50% para cada lado entre este cinema desregulado e naturalista e este futebol francês robótico. Só assim estaremos mais perto de uma arte cinematográfica mais próxima dos seus harmoniosos propósitos e de uma seleção francesa que se consiga aproximar um pouco mais das suas grandes e fantasiosas equipas da história (1982, 1984, 1986, 1998, 2000).


Recuemos ao dia 4 de Fevereiro de 1996, ao dia em que se disputou um FC Porto-Leça no Estádio das Antas, para a jornada 21 do Campeonato Nacional da I Divisão 1995/96. O jogo não era muito importante para o FCP, já que o seu primeiro lugar estava muito bem protegido por uma diferença de quarenta e cinco pontos para o segundo classificado, mas para o Leça deveria ser muito fundamental para a luta da manutenção. O jogo foi um pouco sensaborão, com uma equipa portista desligada, lenta, com muita dificuldade em ultrapassar a defesa leçeira, que jogava tão recuada que alguns dos seus defesas centrais estavam constantemente a roçar no seu guardião (o mítico sérvio Vladan). E quando a ultrapassavam, falhavam golos de forma infantil. O Leça até ficou reduzido a dez a partir dos trinta e cinco minutos, mas isso teve como consequência não só um ainda maior desleixo dos jogadores azuis como a equipa de verde recou ainda mais ao ponto do Vladan estar a jogar avançado em relação aos seus próprios defesas. Vitor Baía, na baliza portista, fechava os olhos, imaginando quando estrearia o Heat em Portugal (seria muito em breve, a 23 desse mesmo mês). E eis que, subitamente...o Leça, aos oitenta minutos, ultrapassa o meio-campo portista. Não só ultrapassa, mas o Constantino está isolado em frente ao Baía, que acorda com o furor das bancadas. Seskotino percorre uns 10 metros só com Vitor Costa pela frente, é um duelo de vontades e artes entre dois homens. Diogo Baía passou um jogo inteiro a dormitar, e, a frio, tem de se opor decisivamente; Constantseko passou um jogo inteiro a receber bolas de costas e a auxiliar defensivamente a sua equipa, e, a frio, tem de desfeitear com magia o seu oponente. Sesko chuta, Diogo Costa defende, e o FC Portugal ainda foi a tempo de vencer por 2-0. 

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Euro 2024 (Oitavos-de-Final. Jogos 3 & 4).



Seria muito pouco dignificante para este blogo apresentar uma imagem e um mínimo de palavras sobre uma insuportável vitória da seleção (censurado) sobre a seleção da Eslováquia no Euro 2024. Em vez disso, honramos o blogo ao colocar a imagem da capa do melhor álbum português de todos os tempos, a Odisseia Musical Portuguesa, da autoria do agora falecido camarada Fausto. Viva ele, os reis D. João I, D. João II e D. Manuel I, o Diogo Cão, o Bartolomeu Dias, o Vasco, o Infante Dom Henrique, o Pedro Álvares Cabral, e por aí. 


Também não há interesse em escrever sobre o Espanha-Geórgia, e nem é pelo facto de não o termos visto. É mesmo porque uma fotografia da Goldie Hawn em 1964 parece-nos de munto mais bela premência.