quinta-feira, 18 de julho de 2013

um campónio na cidade


Os anos vividos na capital calejaram o espírito e treinaram a libido. Após os choques iniciais e um variado catálogo de deslumbramentos (mamã! Há carroças do diabo que andam muito depressa! Mamã, vi mulheres sem bigode!), a rotina foi diminuindo a surpresa de ver as tentações a cada esquina. Muito ajudava o tempo de vacas gordas e mamudas, com fodinhas regulares a acalmar o aparecimento de Belzebu. E agora, de volta aos bigodes e ás raves rurais onde as meninas se vestem como se fossem para um baptizado respeitável, cada ida à cidade é uma sucessão de práticas problemáticas. Calções curtos e tetas a sair do decote, calor, bocas de broche, cuecas saídas das calças, bicos das mamas a notarem-se nos tops, João César das Neves no Chiado, toda uma parafernália de me pôr a rezar por São Daney. Pergunta-se a alguém que vive no coração da luxúria como se aguenta isto todos os santos dias. "Não se aguenta". Rezemos, pois então.