Bem, falamos por nós: só gostamos de filmes com "tema" (são todos, é certo, mas uns mais do que outros...) quando acaba o filme e já nos esquecemos de qual era o "tema" em questão, ou então não nos esquecemos mas ele ficou soterrado bem lá no fundo da mente, debaixo do empilhamento de detalhes e momentos grandiosos e "temáticos" em si mesmos. Resumindo: somos uns materialistas cinematográficos que se estão a defecar de alto para leituras simbólicas e contextuais (atenção, atenção: estamos a preparar, com pouco ou nenhum afinco, um posto sobre "o significado do crocodilo no Tabu", com a preciosa colaboração de bispo Peranson). Resumindo outra vez: Tokyo no eiyu tem "tema", mas não queremos saber. Mas queremos saber da maravilha dos dissolves do Hiroshi Shimizu (cineasta com dois H grande, como diria João Pinto) que fazem o tempo drogadamente deslizar, o que é sintomático num filme onde quinze anos decorrem em sessenta minutos. Melhor só o Griffith que comprimia cinquenta anos em sete minutos. Concluindo: há já bastante tempo que não misturava bebidas.