Não é grande filme, mas já andam por lá ursos de peluche, questões de desordem e reordenamento familiar, colocação de câmara nos sítios mais "imaginativos" possíveis e até "A Luz", num último plano que, estamos seguros, fez provavelmente o Malick abrir o fecho das calças e libertar litradas de ectoplasma. É nesta procura à posteriori de "sinais do futuro" que está o grande interesse de Sugarland Express, pois a comédia satírica sobre os EUA e a sua tendência para a celebração do culto da fama instantânea não tem lá muito graça- nesta matéria, preferíamos o David Zucker-, e ao ver aquelas míticas estradas americanas entre pradarias e desertos a rebentar de carros e pessoas e dos diálogos por vezes a serem disparados quase à velocidade da screwball comedy (caralho, nunca gostei do His Girl Friday) estamo-nos sempre a lembrar do implacável vazio rodoviário e de palavreado do Duel, o mais próximo que o Spielberg esteve do pure cinema. Posto isto, é a ver, nem que seja para comprovar uma cousa: a Goldie Hawn vale mais 77% que a filha.
E como não dar os peitos ás balas por um gajo que disse ao John Milius, nos tempos da Universidade, "Eu quero é ganhar muito dinheiro!"?