segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Frames (14).


Mais uma tentação no desesperado caminho de Hans Beckert. M- Eine Stadt sucht einen Morder (1931). Fritz Lang

Filme: 5/5 (Criterion #30. Melhores contra-picados de panças na "Magia da História do Cinema": Otto Wernicke, em M; Sidney Greenstreet, em The Maltese Falcon.)



1.Jean Simmons. 2.Valerie Hobson. Great Expectations (1946). David Lean

Filme: 3/5 (Criterion #31)



1.Josephine Stuart. 2.Kay Walsh. Oliver Twist (1948). David Lean

Filme: 4/5 (Criterion #32)






1.Kirsten Dunst. 2.Kathleen Turner. 3.Hanna R. Hall. 4.Leslie Hayman a ser vítima de uma embaraçosa tentativa de engate. 5.Chelse Swain & A. J. Cook. The Virgin Suicides (1999). Sofia Coppola

Filme: 1/5 (Continua a parecer-nos o mesmo filme desenhado por uma adolescente fechada no quarto- ou atrás do Pavilhão B do liceu- e fascinada com o onirismo diáfano do mundo. A banda-sonora dos AIR ainda empurra mais para o fundo da "sensibilidade" esta realidade de papelão. As personagens dos pais são ligeiramente mais sofisticadas do que as de uma sitcom primetime.)




1.Kirsten Dunst. 2.A boca gulosa da Rose Byrne. 3.Marianne Faithfull. Marie Antoinette (2006). Sofia Coppola

Filme: 3/5 (Em 2007 detestámos este filme. Pareceu-nos um filme preocupado apenas com a superfície das cousas, imune a considerações psicológicas, extasiado com os fetichismos das roupas, dos utensílios domésticos, das jóias, das comidas e de demais elementos e rituais do reinado francês, e com um anacronismo deslocado das canções contemporâneas a acompanhar o prato. Em 2022 gostámos deste filme. Pareceu-nos um filme preocupado apenas com a superfície das cousas, imune a considerações psicológicas, extasiado com os fetichismos das roupas, dos utensílios domésticos, das jóias, das comidas e de demais elementos e rituais do reinado francês, e com um anacronismo deslocado das canções contemporâneas a acompanhar o prato.)



1.Karisa Shannon & Kristina Shannon (e vice-versa). 2.Elle Fanning. Somewhere (2010). Sofia Coppola

Filme: 5/5 (É o Lost in Translation desprovido de algazarra feérica, de pathos forçado e de sexualidade reprimida. Como se não bastasse isto, a filha do Coppola  ainda ajudou a belíssima Elle a escolher o seu primeiro soutiã. Importantíssimo na história do celuloide.)





1.Taissa Farmiga & Emma Watson. 2.Katie Chang. 3.Leslie Mann & Anjelina Jolie. 4.Claire Julien. Bling Ring (2013). Sofia Coppola

Filme: 3/5 (Marie Antoinette em Los Angeles, Séc. XXI.)




1.Jessica Lucas. 2.Odette Yustman. 3.Lizzy Caplan. Cloverfield (2008). Matt Reeves

Filme: 4/5 (Um registo found-footage. A incessante verborreia colegial do T.J. Miller. À priori, matéria capaz de configurar crimes cinematográficos contra a humanidade. Ao fim de 90 minutos, (re)descobrimos que a melhor forma de retratar um ataque de um mostrengo a uma cidade é através do registo found-footage e de uma incessante verborreia colegial do T.J. Miller ("ele é os nossos olhos, é o representante do average joe!".)


Mary Elizabeth Winstead. 10 Cloverfield Lane (2016). Dan Trachtenberg

Filme: 3/5 (É um mais do que recomendável "festival de attores em ambiente claustrofóbico e paranóico" até ao momento de haver o inevitável climax, onde então o espectador pode levantar-se, ir à cozinha, emborcar uma Tuborg e mordiscar uma sande com paio de porco preto.) 




1.Gugu Mbatha-Raw (como "a bonitinha inglesa"). 2.Elizabeth Debicki (como "a andrógina gaja misteriosa"). 3.Zhang Ziyi (como "a piscadela de olho ao mercado chinês"). The Cloverfield Paradox (2018). Julius Onah

Filme: 1/5 (Uma inglesa. Um brasileiro (que é o guia das rezas, evidentemente). Uma chinesa. Um norte-americano. Um russo. Um italiano. Um alemão. Todos dentro de uma estação espacial, qual G7 encapsulado. Como proceder: ver o filme numa tasca com diverso maralhal já consumido pelo tinto, e apostar fortemente em quem vai morrer primeiro e em quem vai ser o sobrevivente final. Outra aposta ainda mais recompensadora em dinheiros a tilintar nos bolsos: a que minutos a Zhang Ziyi irá falar a primeira palavra em inglês.)




1.Laurie Holden. 2.Alexa Davalos. 3.Marcia Gay Harden. The Mist (2007). Frank Darabont

Filme: 2/5 (É um filme com "tema" que está a ser regularmente bombardeado de forma expositiva através das bocas dos atores. Pré-aquecimento do Darabont para os mesmos méritos e os mesmos problemas da sua criação seguinte, The Walking Dead.)


Keke Palmer, num dos poucos momentos em que não está a ser irritante. Nope (2022). Jordan Peele

Filme: 1/5 (Até ao momento em que se desvendou qual era o "mistério" de Nope, o nosso cérebro foi aguentando o humor sista of da guetto da Keke Palmer (para contrastar com o estoicismo cara-de-pedra do Daniel Kaluuya, uhhhh). Depois desse momento (e que levou à pergunta "é só isto?"), foi uma tranquila viagem de cruzeiro dorminhoca até ao grande finale "cheio de emoção" e "coragem feminina". Enfiem a Oprah num poço de 100 metros sem escadas.)



1.Gail Strickland & Tess Harper. 2.Reese Whiterspoon & Emily Warfield em suspeitosas atividades de cisgeneridade. The Man in the Moon (1991). Robert Mulligan

Filme: 5/5 (Coming-of-age veraneante nos EUA. Continua a partir-se o coração (e o fígado, e o intestino, e as costas, e o baço) quando o Sam Waterston, engolindo pazadas de orgulho macho, sai da carripana, dá meia volta, abre a outra porta e agarra ao colo a Reese Whiterspoon.)


As irmãs Eleanora & Magladena Capobianco em suspeitosas atividades de cisgeneridade. Una semana solos (2008). Celina Murga

Filme: 4/5 (Comig-of-age veraneante na Argentina. É um filme com "tema" que jamais é expelido de forma expositiva através da boca dos atores. Poderia ser um filme do Larry Clark, se ele conseguisse manter a câmara a uma distância "prudente" dos seus jovens personagens. Assim, é um muito bom filme da Celina Murga.)




1.Camilla Belle. 2.Laura Neiva. 3.Débora Bloch. À Deriva (2009). Heitor Dhalia

Filme: 1/5 (Coming-of-age veraneante no Brasil. Nestes filmes de indiferente, perdão, casual, perdão, singelo "naturalismo", uma cena de um simples jantar em família não pode ser filmada de uma forma simples, no siryee. Tem de haver zooms, tem de haver manteiga a ser barrada num pão com a câmara a tremer de medo, tem de haver toda uma mise-en-scène como se ali ao lado estivesse a decorrer um sismo de 7.7. Uma pergunta: nunca ninguém pensa no que as câmaras sentem, depois de tanto trambolhão?)



1.Gracija Filipóvic. 2.Danica Curcic. Murina (2021). Antoneta Alamat Kusijanovic

Filme: 2/5 (Coming-of-age veraneante na Croácia. "a tirania do patriarcado!"; "o desejo de liberdade!"; "as hormonas a suspirarem por hómes mais velhos!"; "realismo mágico!"; "ilha como metáfora de prisão!"; "o Scorsese como produtor-executivo!"; "a condição feminina na Croácia de 2021!"; "selected for (colocar um festival qualquer)!"; "como podem ver, temos excelentes pescados no nosso país!". Não é bom. Não é mau. É.)




1.Helen Mirren. 2.Sylvia Sims. 3.Helen McCrory (R.I.P). The Queen (2006). Stephen Frears

Filme: 4/5 (Tradição de Qualidade #1. Um cinema de muita discrição, modéstia, e de invisibilidade formal. E simpático para com a ex-Rainha (e mesmo para a Coroa), o que é sempre bom.)


Helena Bonham-Carter (como futura Rainha Mãe). Freya Wilson (como futura Sua Majestade, Rainha Elizabeth II). The King's Speech (2010). Tom Hooper

Filme: 3/5 (Tradição de Qualidade #2. Um cinema de muita discrição- embora menor do que a de The Queen-, modéstia, e de invisibilidade formal- a não ser que se conte como grande proeza o steadycam pelo corredor da morte que o Colin Firth tem de percorrer antes do seu discurso. E simpático para com o Rei George IV (e mesmo para a Coroa), o que é sempre bom.)


Kristen Stewart. Spencer (2021). Pablo Larrain

Filme: 0/5 (Espezinhada e ignorada pelo entulho e gordo recheio de Spencer, há uma hipótese de filme por aqui. Assim, se esquecermos a horripilante música quebra-ouvidos do Johnny Greenwood; se olvidarmos as aparições simbólicas-hilariantes da Ana Bolena (Vejam a identificação entre a Diana e a pobre Rainha assassinada! Vejam, seus coirões sexistas!); se taparmos os olhos à fanfarra de tiques da Kristen, "intensos e catedráticos!"; se cagarmos na mal cheirosa e esbatida dicotomia "ela era a nossa princesinha!" vs "a distância emocional da Coroa, as suas tradições antiquadas, os seus espartilhos sociais! Maus! Isso não se faz!"; se colocarmos de lado os ocasionais momentos de histerismo "poético", com uma câmara a percorrer salões em sintonia com o corpo dançante da princesa (malickadas do piorio); se conseguirmos evitar o vómito por uma personagem lesbiana ser inventada e introduzida...porque sim, porque estamos em 2022, e princesa ou não princesa, toda a gente tem direito a lamber uma coninha; então, se não ligarmos a nada disso, há uma pepita de filmu ali submerso por toda essa torrente de pavores: é o que rodeia a Kristen Stewart nesse frame e com o qual se inicia o filme. Assim, e já com 50 Mil Milhões de estrelas garantidas, poder-se-ia fazer um espetáculo de mise-en-scène apenas e só com todos os pratos- e seus rituais de preparação e degustação, está claro- que a Rainha e seus pares comeram no Natal de 1991. Estender por 180 minutos aquela sequência do Louis XIV do Rossellini, quando ele está sozinho à mesa a provar tudo do bom e do melhor. Um deleite sem fim. E de munto maior mestria e originalidade do que esta palhaçada de vitimização.)



1.Anne Wiazemsky. 2.Cristiana Tullio-Altan. Le vent d'est (1970). Groupe Dziga Vertov

Filme: 4/5 (Pessoas a evitar: pessoas que não gostam de peixe frito e pessoas que nunca riem a ver um filme do Gódárde. Je suis General...Motor!.)

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