sábado, 10 de agosto de 2013

mal vejo a filha do coppola, começo a sentir ardor nos colhões


Rever o Safe ao fim de uma porrada de anos (ou seja, um primeiro visionamento, na realidade) deu-me para ficar um tanto ou quanto desiludido e quase levar-me a uma auto-punição exemplar, que envolvia ler entrevistas da filha do Coppola e ouvir o Pedro Lomba mais do que trinta segundos seguidos na televisão. Não que não aprecie com grande relevo o filme do Haynes, mas convenhamos, eu estava à espera de algo que me fizesse bater com os queixos no chão; afinal, este é "o melhor filme da década de noventa" para a Village Voice, o filme americano preferido dessa mesma época de todos os "críticos intelectualmente honestos", o "filme de uma era" (mamã, o século XX  e seus problemas ambientais vs isolamento do individuo nessa mesma sociedade vs malaise contemporânea! Mamã!), um filme para "discutir" com outrém os seus variados e riquíssimos temas. E eu sem cair de devoção aos pés de tal espantosidade. Deve ser por ter achado que o Haynes-que no filme seguinte, talvez para se libertar do "glaciar" que é Safe, deitou cá para fora todas as suas fantasias recalcadas de bom paneleirão e encheu a tela de esp...de cor, "movimento" e mil e uma referências cinéfilas- não foi tão fundo quanto poderia ter ido. É que o que se admira por aqui- o tal glaciar, a total repressão, os invisíveis travellings em direcção do corpo contaminado da inacreditável Julianne Moore, os silêncios- deveria estar ainda mais reforçado e de carga ainda mais congelada. Fora as intermitências musicais ambiento-catastrofistas, fora uma possível daramatização da doença, e fora, também, metade do último acto, que é só para encher chouriçada. Veredicto: bem bom, mas que não vale um caralho ao pé do Karen Carpenter e do Poison, inferior ao Velvet Goldmine, superior ao Far From Heaven e quanto à comparação com o filme sobre o gajo da gaita nada posso dizer, que nunca vi.