Não me espantaria se um dia destes, quando for para as Rússias (embora este blogo esteja primeiro focado em ir para Tóquio, carregado de cds dos Air), e entrasse numa casa de um senhor chamado Nicolai Alenitchev Kalinsky (cuja esposa é "a Kalinskya"), um velho senhor de 123 anos de espessas barbas brancas e em permanente pranto, me presenteasse com um samovar e de lá de dentro saísse mais um "filho de Tarkosvky". Aposto mil reis em como a saída do samovar se procederia com extrema lentidão, de olhar cerrado, vamos brincar aos tédios, mamã, o cinema não é só divertimento!, com uma justeza de perspectiva complexa sobre a vida nada condizente com estes tempos de meras superfícies. E onde outros vissem este 2345º "filho de Tarkovsky" como uma elaborada e paciente narrativa ao ralenti, outros, certamente soezes e providos de maus fígados, mandariam mais esteoutro Losnitza para a cona da prima, com seus procedimentos gastos de cinema de "arte e ensaio", de banalidade dramática figurada de "profundidade", de concessão ao gosto pipoqueiro-festivaleiro, e para servir de tema de conversa com uma míuda gira e culta, que seria assim:
-olá
olá, estás bom?
-sim. conheces o Losnitza?
sim, gosto muito.
-eu também. mas ainda gosto mais quando digo"Losnitza". Não achas que fico bem?
ihihi...talvez sim.
-ihihi. Vives sozinha?
Como diria Deus Nosso Senhor (Mário Jorge Torres), "Busby Berkeley racharia ao meio com este mastodonte pretensioso". Os russos, uma delícia!