Gimme Shelter (1970). Albert Maysles, David Maysles & Charlotte Zwerin
Filme: 1/5 (Criterion #99. A banda é-me indiferente. O Direct Cinema, aqui como em 89,7% das vezes que foi empregue na História da Magia do Cinema, não é algo pré-Lumières, mas sim qualquer coisa de dez séculos anteriores ás primeiras gravuras rupestres. E a fação hippie da "contra-cultura" norte-americana dos anos 60 é algo capaz de me fazer vomitar um dia inteiro de comida. Portanto, filme para permanecer na nebulosa parcela do "cinema de interesse sociológico e histórico".)
Clash By Night (1952). Fritz Lang
Filme: 5/5 (100 melhores Film Noirs de todos os tempos para a Paste Magazine. Número 56. Começa como um filme do Vittorio de Seta. Docudrama em movimento. Traineiras em alto mar na pesca, e depois o processo em série das sardinhas a serem despejadas dos barcos até á sua manufatura nas fábricas. Alguma dessa manufatura é desempenhada pela Marilyn Monroe. A Marilyn a pegar com as suas próprias mãos em sardinhas frescas e cheias de escamas. Que se segue? Uma das Kardashians saber o abecedário completo? A Marilyn é uma rapariga que tem um namorado ciumento e que a quer no devido lugar da obediência, mas ela resiste a esses apelos de salutar masculinidade. Mas esta não é uma história sobre esse casal. É sobre um ménage à trois nas Caxinas (não é, mas poderia ser) entre a Barbara Stanwyck, o Paul Douglas e um efervescente Robert Ryan. A Barbara regressa a casa ("casa é um local a que se regressa quando não há mais nenhum sítio para onde ir") depois de ter andado na vadiagem durante uma década. Casamentos falhados, champanhe, cigarrilhas, festas de luxo na corrupta cidade. Puta da babilónia. O irmão, que é o namorado da doce Marilyn, aceita-a de volta, não sem olhares de censura; afinal de contas, as irmãs e as mães não são mulheres como as outras. A Barbara é cortejada por um tímido brutamontes (Douglas), que não sendo pródigo em ricos dinheiros, tem o seu pé de meia, a sua casinha e o seu barquinho. Não pode haver paixão nem amor neste casamento, mas Barbara, pelo sim pelo não, prefere, nem que seja momentaneamente, a segurança de um teto e a quentura de uns lençóis a eventuais calores ternurentos mas sem redes de amparo material. Rewind: no regresso a casa da Barbara, há uma cena em que num quarto só se encontram ela e a Marilyn (💓). Depois de limparmos a baba que escorria por determinadas partes do corpo (que não revelamos quais), voltámos á visão do filme. Sim, a Babs com o Paul. Mas eis que aparece o Robert Ryan! Sentimos problemas no ar. O Robert é o melhor "amigo" do Paul (leia-se: relação de homem submissivo com um bully) e odeia mulheres: "se atirarem cinco mulheres ao ar, eu só gostarei da que ficar pendurada no teto". À atenção de Susana Peralta. Há uma imediata atração física e intelectual entre Robert e Barbara. Robert sente que só aquela a pode desviar dos fundos poços da solidão e do cinismo, e a Barbara tem a certeza absoluta que Robert a poderá fazer atingir o orgasmo. Paul, como bom crítico do Mubi...perdão, como corno manso, não suspeita de nada, até que um dia...Lamentamos não ter havido nenhum plano de uma sardinha a assar e também não somos apologistas do final (sim, é certo que a Babs é colocada no seu devido lugar, fiel a um matrimónio sagrado e desprovida de quaisquer ilusões futuras de independência pessoal, mas connosco o castigo seria munto maior (a porta da rua é serventia da casa!)), mas são meros pormenores sem importância alguma face à natureza humana languiana em choque com os portentos linguísticos do Clifford Odets, que exige aos atores uma dimensão de espetacular fisicalidade. A Barbara e a Marilyn na mesma caminha. Mamã, molhei-me!.)
The Grapes of Wrath (1940). John Ford
Filme: 5/5 (Tentativa de fazer uma integral John Ford, por ordem cronológica, e tendo como fonte a Wikipedia. "Aqui jaz __________, indivíduo orgulhoso de ter nascido e morrido no mesmo objeto celeste onde nasceu e morreu o cidadão John Martin Feeney". O Henry Fonda, em plenas trevas da morte, a ter o cuidado e a minúcia de acrescentar um "s" a "funeral". Como complemento, ouvir o disco The Ghost of Tom Joad, de Bruce Springsteen, e visionar o episódio Over Logging, sexto da 12º temporada de South Park.)
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
1.Wynne Gibson. 2.David Abel, DP. 3.Wynne Gibson, so beautiful. 4.O dever e o sentimento de propriedade é algo inato ao ser humano e deve ser protegido a qualquer custo (incluindo violência armada). 5.Mentes maldosas podem associar aquele alfinete a qualquer rabinho bem modulado de qualquer elemento do sexo feminino. Se a sua vida sexual fosse salutar e regular, é óbvio que não daria abrigo na sua mente a tais dantescas fantasias. 6.Naturezas mortas numa antiquíssima arte chamada "composição". 7.Procuram-se inserts no cinema contemporâneo. 8.Feminilidade nos EUA de 1932. 9.Wynne Gibson, so beautiful #2. 10.Jean Hersholt, como o doutor europeu bastante excêntrico e com sotaque bem carregado para sublinhar não só as suas origens como a sua excentricidade. 11.Frances Dee. 12.E o tempo passa. 13.As luvas são uma ferramenta preciosa para a realização de várias tarefas, incluindo lavar a louça, pegar em tachos bem quentes, ser um símbolo de realeza, assassinar pessoas, e não querer deixar impressões digitais. 14.Cuidado ritualístico nos últimos preparativos do acabamento do bolo. 15.Cartas como artigo de coleção. The Crime of the Century (1933). William Beaudine
Filme: 3/5
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
1.O início do fim da Lei Seca. 2.Com o fim da Lei Seca, muitos dedicados trabalhadores ficaram de um dia para o outro sem ofício e sem sustento. 3.O que, aliado a um tempo de grande depressão económica, criou as condições para muitos suicídios e para, ironicamente, a criação de uma imensa vaga de bêbados desesperados. 4.Bugs Ahearn (Edward G. Robinson) quer deixar para trás de si o mundo semi-iliterado dos gangues do tinto e ascender á alta cultura das classes privilegiadas. Para isso, até compra livros clássicos. 5.E quadros cubistas também. 6.Shirley Grey. 7.Helen Mann, que bonequinha. 8.Que os campos de golfe e os resorts consigam resistir, em 2024, ás pressões ambientalistas e sociais para que sejam transformados em espaços de convívio do bruto povo é a prova da resiliência e do espírito combativo das elites. 9.A 3 de Dezembro de 1932 assinalavam-se cinco meses da ascensão do Doutor António de Oliveira Salazar ao cargo de Presidente do Conselho de Ministros da República Portuguesa. 10.Edward G. Robinson mira as esplêndidas costas de Helen Vinson. 11.Menú de comida francesa. Marcha tudo, seja lá o que for. 12.Helen Vinson, numa posição e pose que o patriarcado sexista poderá considerar assaz sedutor. 13.Naturezas mortas numa antiquíssima arte chamada "composição". 14.Mary Astor, ainda a alguns anos de ser a velhaca impostura de The Maltese Falcon. A bela Mary tinha ascendência portuguesa, mas é altamente duvidoso que alguma vez na vida tenha provado ovos moles ou entrado num fumeiro de Montalegre. The Little Giant (1933). Roy del Ruth
Filme: 4/5 (O Edward G. Robinson- até prova em contrário, o melhor ator da História Da Magia do Cinema-, a ridicularizar/homenagear o seu Rico Bandello de Little Caesar, que em 1933 completava a bonita idade de dois anos. Provavelmente esta sua desmistificação da sua famosa personagem terá algo a haver com aquilo que se tinha passado nas movimentadas ruas e avenidas nova-iorquinas após o retumbante êxito do filme de 1931: hómes graúdos e fortes a abordarem Edward como se este fosse Rico, prometendo-lhe porrada e testes de força física com punhos e serrotes. Pode parecer que não, mas sempre houve pessoas com uma notória dificuldade em distinguir o mundo ficcional do mundo real. É estranhíssimo como, neste exato momento, não estamos num barco privativo com a Ana de Armas, olhando o luar.)
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
1.Uma clínica. 2.Auto-ajuda na Inglaterra de 1946. 3.Judy Campbell. 4.Rosamund John. 5.Wilkie Cooper, DP. 6.Informações tecnológicas numa clínica hospitalar inglesa em 1946. 7.Leo Glenn: na tradição de outros gentlemans como Ray Milland, James Mason, George Sanders ou Leon Ames, um homem que é incapaz de realizar o ato mais mundano possível sem o impregnar de classe e distinção. 8.Sally Gray, so beautiful. 9.Oxigénio e dióxido de carbono. 10.A sombra de Alastair Slim. Green for Danger (1946). Sidney Gilliat
Filme: 3/5
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
1.Miami, 1947. População predominantemente (98,9%) norte-americana. 2.Dan Duryea, afável como sempre, aconselha Shelley Winters a uma excursão cinéfila. 3.Shelley agradece, dando-lhe um chocho, e depois limpando-lhe os vestígios de batom nos lábios. 4.John Payne & Shelley Winters: consultar, uma vez mais, este compêndio de pensamentos. 5.John Payne: para homens a sério, a relação com o tinto é umbilical, portanto, alheia a quaisquer supérfluos avisos e proibições. 6.Joan Caulfield: the sweet girl next door. 7.John Payne & Patricia Alphin: relíquias frásicas de outrora. 8.Patricia agradece o elogio e já se imagina, alegre da vida, de volta do fogão a preparar as refeições preferidas de John, que está a acabar de chegar do trabalho. 9.Memorabilia cinematográfica. 10.Dorothy Hart, so beautiful. John Payne, no espaço de alguns dias e numa dimensão territorial de poucas dezenas de quilómetros quadrados, consegue a proeza de sentir os lábios e demais artefactos corporais de quatro mulheres. Só se pode ter inveja, obviamente. 11.E o tempo passa. 12.Patricia Alphin e Shelley Winters, mal se conhecem, sentem uma imediata animosidade. Objeto de tanta disputa: John Payne. Infelizmente, devido ao código Hays e a um prudente bom gosto da equipa de produção, não houve uma batalha feminina, em fato de banho, numa piscina repleta de espuma e bombocas. 13.Dan O'Herlihy: esse, esse, o "old man" do Robocop. 14.Shelley Winters, como "a feisty dame". 15.John & Joan: a brutalidade cínica deste mundi vs a pureza angelical deste universo. Certíssimo que só um dos lados poderá prevalecer. 16.John tem o castigo que merece depois de passar noventa minutos de filme envolvido com quatro (que me lembre) belas mulheres. Larceny (1948). George Sherman
Filme: 3/5
Motivos florais. Motivos artísticos. A simetria como ferramenta mental de colocar ordem no mundo. Cadres Fleuris (1910). Émile Cohl
Filme: 4/5
Black Ice (1994). Stan Brakhage
Filme: 4/5 (É como estar a ser hipnótica e criteriosamente sugado para e por um buraco negro. Mas sem os inconvenientes do corpo esticar até ficar semelhante a um esparguete.)
Bugs and Thugs (1954). Friz Freleng
Filme: 4/5 (O pessoal dos Looney Tunes andava a redescobrir (e a legitimar) a história e os géneros do cinema norte-amaricano ao mesmo tempo que os bandidos dos Cahiers.)
SECÇÃO CULTURA, CONHECIMENTO, EROTICA, PERVERSÕES & DIVERSÕES
CLIPES MUSICALES
Debbie Harry. Rapture (1981). Keef
Filme: 5/5
SÉRES
1.
2.
1.Lembrete quotidiano para qualquer marido. 2.Jeremy Northam como Anthony Eden, segundo dos cento e vinte e quatro primeiros-ministros que Sua Majestade Rainha Elizabeth II conheceu ao longo do seu reinado. The Crown: Season 02, Episode 01 (2017). Philip Martin
REFLEXÕES PROFUNDAS SOBRE ASSUNTOS DA VIDA PÚBLICA
Debbie Harry, 1977. Foto de Chris Stein.
Alicia Silverstone, 1995. Foto de Peggy Sirota.
Voltamos dentro de momentos ás sérias ponderações.
Banido para todo o sempre em todo o lado.
CERVEJAS DO MUNDO
Alemanha. Beck's.
COMIDAS DO MUNDO
Afeganistão. Kabuli Pulao.
BRINCA BRINCANDO
E O TEMPO PASSA
COUSAS AMARELAS E PRETAS
Hans van Breukelen
MELHORES ÁLBUNS MUSICAIS DE TODOS OS TEMPOS 1962-2008
Neil Young. Harvest (1972).
Agosto de 2001: enquanto uns, todas as madrugadas de todos os dias, ouviam este disco- em vinil- em loop, outros ultimavam os derradeiros detalhes de se infiltrarem em vários aviões norte-americanos com o intuito de "mostrar ao mundo que ninguém é inexpugnável!".
Field of Dreams é um filme norte-americano de Phil Alden Robinson com Kevin Costner como sua estrela maior. Estreou a 5 de Maio de 1989.
O calçado no ser humano remonta a mais de seis mil anos, ao tempo do Antigo Egipto. Contudo, há recentes descobertas que podem indicar que os Neandertais (não confundir com "os Safdies") já usavam, há cento e cinquenta mil anos, qualquer item semelhante a chinelos.
O urso de peluche teve as suas origens no início do século XX, durante a presidência norte-americana de Teddy Roosevelt, que uma vez, numa caçada, recusou matar um urso que tinha sido atado a uma árvore por outros companheiros. Infelizmente, cremos que no dia 14 de Fevereiro de cada ano esta informação não é do conhecimento de 99,3% dos casalinhos de namorados.
DEUS EXISTE- TEMOS PROVAS!
É EVIDENTE QUE LUTAREMOS ETERNAMENTE POR UM MUNDO MAIS INCLUSIVO
BELEZAS NATURAIS DO PLANETA TERRA
Matilda Anna Ingrid Lutz
Scarlett Johansson, c.2004
LANÇAMOS, DE CATAPULTA, BOLAS DE FOGO CONTRA OS INSTIGADORES DAS FALSIDADES AI E LOUVAMOS A EXCELSA E GENUÍNA GRAÇA FEMININA
BIKINI ATOLL
OS ANOS EISENHOWER
EROTIC DREAMZZZ
AGORA QUE O MAX HARDCORE FALECEU, RELEMBREMOS A SUA ARTE
Não se pode acusar Max de falta de diálogo, pois antes de cada aula ele dava instruções bem precisas e minuciosas sobre os planos de trabalho que se seguiriam. Óbvio que uma aluna merecia levar um castigo exemplar se, depois de tal exposição de notações, ela ainda assim não desempenhava imaculadamente o seu papel de atenta discípula. Um mundo sem ordem é um mundo onde não se vai a lado nenhum.
SABEREMOS QUE A CIVILIZAÇÃO ESTÁRÁ A DAR OS ÚLTIMOS ACORDES QUANDO AS SAIAS COLEGIAIS FOREM BANIDAS NO JAPÃO. É COMO BANIREM AS TENSÕES POLÍTICAS E SOCIAIS ENTRE A SÉRVIA E O KOSOVO
TEMPLO DE ORAÇÕES (ABERTO E SAGRADO A TODAS AS RELIGIÕES, 24 HORAS POR DIA) À DEUSA ANNE ARCHER
TEMPLO DE ORAÇÕES (ABERTO E SAGRADO A TODAS AS RELIGIÕES, 24 HORAS POR DIA) À DEUSA GRETA SCACCHI
FOTOS VISTAS POR AÍ
JOSÉ VILHENA CARTOONS
O Casamento
O COPO DE ÁGUA- Antigamente o casamento de dois jovens era pretexto para um bom almoço e um bom jantar. (Na província ainda esses banquetes se realizam, graças a Deus). Os convidados vinham da igreja cheios de fome porque a cerimónia se prolongara demasiado com aquela prática do abade da freguesia dando conselhos aos noivos (como se eles não soubessem o que haviam de fazer!) Vinham pois, como disse, esfomeados, dispostos a levar a mesa à glória. Todas as dependências da casa já tinham sido transformadas em sala de jantar, salvo o W. C.. Tinham-se matado dezenas de galinhas e perus e cabritos e borregos. Até uma vitela! Sentava-se a turma desenrolando os guardanapos. As cozinheiras e criadas de mesa estavam a postos na cozinha como atletas à partida dos 100 metros. Andava pelo ar um cheiro a guisados e a doçaria. Esperava-se... Mas o quê! Eram os padres que tinham ficado para trás, caminhando paulatinamente para aguçar o apetite. Quando entravam, eram recebidos com prazer. Nunca a presença de padres em qualquer parte causava tão geral agrado. Mesmo os ateus os acolhiam com um sorriso. Eles sentavam-se com maneiras pacholas e lentas. Parecia que não tinham pressa!!! Com gestos suaves e ledos desabotoavam o paletó. Já a canja fumegava nos pratos de fina porcelana. O abade da freguesia, o mesmo que presidira ao casamento e fizera a prática aos noivos, esfregava a colher no guardanapo. Era o sinal. Todos se precipitavam.
(continua)
José Vilhena, Manual de Etiqueta, 1959.
Editora: E-Primatur.
1º edição, Maio de 2017.
Sem comentários:
Enviar um comentário