1."Sweets for a sweet". 2.Atos humanos que poderiam, em 1930, levar um homem diretamente para as húmidas paredes dos calabouços. 3.Um jovial e normal dia no dentista. 4.Lição 5678975467 da natureza humana e de como se comportar quotidianamente: mais eficaz método de molhar a baguete gigante no molho. 5.W.C. Fields: como eram comoventes, prazenteiras, amáveis e polidas as refeições em família. 6.O barbeiro como centro do mundo. W.C. Fields - 6 Short films: 1915-1933 (2000). Monte Brice, Clyde Bruckman, Edwin Middleton, Leslie Pearce & Arthur Ripley
Filme: 3/5 (Criterion #79. Misantropo, misógino, bêbado, espancador de animais- sobretudo cães- e antipatizante convicto de criancinhas. Eis W.C. Fields, um dos cómicos mais afetuosamente lembrados da história "da magia do cinema". Agora que me lembro, num livro com letras que recentemente tivemos o prazer de ler, o Eisenstein revive um episódio onde certa vez perguntou ao Chaplin o que realmente ele detestava. Resposta do Charles: "crianças". Conclusão- elogiosa- do Serguei: só uma criança pode odiar crianças.)
1.O Noir não para para férias natalícias. 2.A History of Violence. 3.Robert Montgomery e uma revista falsa que certamente se tornaria um êxito de vendas. 4.Lila Leeds. Segundo o imdb, Lady in the Lake é o seu segundo dos onze trabalhos no cinema norte-americano. Em seis desses onze filmes nem sequer tem nome, sendo apresentada como "Blonde", "Hot Blonde at Dice Table" ou, como em Lady in the Lake, "Recepcionist". Uma "carreira" que durou três anos, de 1946 até 1949, dos dezoito aos vinte e um anos. Em 1948, foi apanhada, juntamente com Robert Mitchum, na posse de marijuana. Esteve presa sessenta dias. Na prisão, ficou viciada em heroína. Duas semanas depois de sair da jaula, teve um acidente em Los Angeles. O resto da vida passou-a no Midwest, por entre alguns casamentos com bêbados e desgraçados e trabalhos em clubes noturnos. Morreu em 1999, aos setenta e um anos. Uma verdadeira epopeia pulp noir. E sim, o Robert Mitchum manteve a sua reputação intacta. 5.Audrey Totter: quadro modelar de um subgénero. 6.Os objetos, o seu peso e as suas especificidades dramáticas: mais uma imagem padrão. 7.Leon Ames, um ator de composição conhecido pela sua suavidade, classe e decoro. 8.Lloyd Nolan, um ator de composição conhecido pela sua "dureza", "firmeza" e "vigor". 9."Senhor Philip Marlowe, você apaixona-se sempre pelos seus clientes?". "Apenas pelos que usam saias.". Lady in the Lake (1946). Robert Montgomery
Filme: 4/5 (100 melhores Film Noirs de todos os tempos para a Paste Magazine. Número 76.)
1.A glorificação e homenagem a uma profissão. 2.Frank Albertson lê uma revista especificamente dedicada à aviação. Frank, vinte e oito anos depois, seria aquele empresário red neck, de bigode e chapéu texano, que se insinuaria junto de Janet Leigh/Marion Crane. Resultado da sua oleosa sedução: 40.000 dólares roubados. 4.Lilian Bond, so beautiful. 5.Lilian Bond & Pat O'Brien na típica compostura fordiana. 6."Wasn't I a dish?", pergunta a Gloria Stuart, no Titanic. As provas de quase setenta anos antes dizem-nos indubitavelmente que sim. 7.Quão sofisticado e espantoso era voar na infância da aviação comercial. 8.Mosquitos mecânicos. 9.Pat O'Brien num dilema: voltar á adrenalina da aviação, ás épicas façanhas aéreas, ou resignar-se a uma banal vida doméstica cujos pontos altos serão as ocasionais e vulgares aventuras carnais com a flausina da Lilian Bond? Num daqueles planos pré-code (e que fará hoje um corno manso woke vociferar "sexismo!"), Pat obtém a resposta: aviões, está claro! Air Mail (1932). John Ford
Filme: 3/5 (Tentativa de fazer uma integral John Ford, por ordem cronológica, e tendo como fonte a Wikipedia.)
1.Um homem meio-morto numa terra de ninguém: pode ser o paradigmático início de qualquer "filme noir/de vingança". 2.Puta que pariu mais o caviar. 3.Jeffrey L. Kimball. 4.Deus, porque é que criaste uma ramificação de condições ao longo dos milénios para que em 1958 nascesse a Madeleine Stowe? Meu filho, se o Homem é criado à imagem de Deus, isso significa que Eu possuo as mesmas características físicas e os mesmos desejos íntimos de um Homem com H grande, entendes? Deus, meu bom Deus, isso quer dizer...Meu filho, sim, quer dizer exatamente isso em que estás a pensar. Mas não expressemos diretamente isso mesmo em que estás a pensar, sob pena de cairmos em terrenos de blasfémia. 5.Ter a Madeleine Stowe num filme e não ter um plano dela a ser banhada por áugua da chuva deveria ser considerado um crime cinematográfico de graves proporções. 6.Kevin Costner, como melhor amigo do cão, e na sua época de oiro (1987-1993). 7.Não existem letras suficientes no abecedário latino. 8.Anthony Quinn, num momento de reflexão. Está formidável como "hóme que já não o consegue levantar, mas que jamais deixará que algum outro hóme possua a sua mulher-troféu oitenta anos mais nova". Um gostoso costume do "filme preto". 9.Jeffrey L. Kimball. 10.History of Violence. 11.O recuerdo sentimental na mão da amada. Revenge (1990). Tony Scott
Filme: 4/5 (O Scott mais novo é como o Bay: devia ter-se ficado pelos melodramas febris e jamais ter colocado ramo verde em terrenos pantanosos de "filme de ação/conspiração/pancadaria".)
Pedir a um filme produzido pela dupla Simpson/Bruckheimer, realizado pelo Tony Scott, e musicado pelo Hank Zimmer para transmitir tensão, angústia e claustrofobia capaz de fazer gato-sapato dos músculos corporais é o mesmo que exigir ao Luís Pedro Nunes que consiga terminar uma frase sem se engasgar nas próprias palavras. Crimson Tide (1995). Tony Scott
Filme: 0/5
1.Paris, 1953. Por aquelas ruas e bandas, navega um grupo de heterossexuais brancos prestes a mudar a perceção da "Magia da História do Cinema". 2.Todas aquelas pessoas devem estar mortas. 3.Technicolor. 4.Eram os anos 50, e Bela Darvi é uma mulher cientista francesa que por acasos do destino se vê integrada numa missão submarina ultra-secreta. Um senão: toda a tripulação do submarino é constituída por homens musculados, suados e machões, sendo que o mais progressista deles acha que as mulheres devem reduzir o seu tempo na cozinha de dezoito horas diárias para umas insignificantes quinze horas diárias. Richard Widmark, condescendentemente, ouve o discurso da intelectual beldade. 5.No lote de ouvintes do comovente discurso feminista-submisso de Bela, encontra-se um dos companheiros de estrada fílmica de Fuller, Gene Evans de seu nome, aqui fumando e mastigando charuto. 6.Uma mulher, na flor da idade, a tomar banho num submarino a estourar de testosterona. Mandem-me já para o período 1950-1959, caralho. 7.A elegância artesanal das maquetes. 8.Bela Darvi: um dos mais efetivos usos da luz vermelha num submarino. 9.Explosões. De Cores. Hell and High Water (1954). Samuel Fuller
Filme: 3/5
Tempo e precisão. Das Boot (1981)- 1997 "Director's Cut" (208 minutos). Wolfgang Petersen
Filme: 4/5 (E quando se usavam adjetivos- numa estratégia de menorização- como "estimável" para catalogar um realizador? "O Wolfgang Petersen é um realizador estimável". "O John Badham é um realizador estimável". "O Harold Becker é um realizador estimável". Li eu. Se calhar ainda usam essa caracterização, não faço ideia. De (muito) estimável na sua obra, o Petersen tem este filme e o In the Line of Fire. Nunca vi os Neverendings Storys, ao contrário das cinco milhões de audições da sua canção-tema.)
1.Nunca esquecer o plano do submarino a deslocar-se airosamente nas áuguas com a companhia de um bonito crepúsculo. 2.E muito menos aquele do jovem marinheiro a escrever fervorosas letras românticas à sua amada que ficou em terra. 3.Marinha norte-americana, 1942. U-571 (2000). Jonathan Mostow
Filme: 2/5
1.Os nossos amigos e amigas estão de volta. Amigo #1: Kyle MacLachlan. 2.Amigo #2: Carel Struycken. 3.Amigo #3: Russ Tamblyn. 4.Amigo #4: Richard Beymer, acompanhado da Amiga #1, Ashley Judd. 5.Amigo #5: David Patrick Kelly e as suas iguarias. 6.Amigo #6 (Ben Rosenfield) admirando a acetinada textura da Amiga #2, Madeline Zima. 7.Amiga #3: Catherine E. Coulson (R.I.P.). 8.Amigo #7: Michael Horse. 9.Um casal amigo: Amigo #8, Harry Goaz, e Amiga #4, Kimmy Robertson. 10.Amigo #9: Al Strobel. 11.Amiga #5: Sheryl Lee. 12.Amiga #6: Nicole La Liberte. 13.Amiga #7: Ruth Radelet, vocalista dos Chromatics. 14. Amigo #10: James Marshall. 15.Amiga (e amante, e namorada, e esposa, e companheira, e parceira) #8: Madchen Amick. Twin Peaks: The Return- Parts 1 & 2 (2017). David Lynch
Filme: 5/5 (Mai' nada.)
1.Don S. Davis ressuscita em pleno céu estrelado. 2.E o tempo passa. 3.Kyle MacLachlan & Nafessa Williams: os dias de prazer de Dougie Jones estão prestes a chegar ao fim. 4.Natureza morta numa antiquíssima arte chamada "composição". 5.Hailey Gates e todos os apetrechos para uma tarde bem passada. 6.Estamos em Twin Peaks: nos deslocamentos espaciais e temporais caraterísticos da série 3, é sempre um conforto regressar ao aconchego do lar. 7."It's not about the bunny!". 8.Memorabilia de 1991. 9.Meg Foster, a grande defensora do saudável capitalismo/empreendedorismo alienígena. 10.Philly. 11.Miguel Ferrer & David Lynch. 12.Chrysta Bell & Franz Kafka. Twin Peaks: The Return- Part 3 (2017). David Lynch
Filme: 5/5
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