quarta-feira, 13 de agosto de 2014

omo




















Vários exemplos de limpeza visual intensiva, de depuração auricular, de descongestionamento hemorroidal, e de abrilhantamento epidérmico usados para quebrar os muitos efeitos indesejáveis causados pela horripilante double-bill La Cicatrice Interieure/ Le Petit Tailleur, pai e filho Garrel a verem à compita quem mais depressa me dava cabo da saúde. Se o pai Garrel ainda terá as suas atenuantes para tamanho pedaço de merda masturbatório-ruidoso (Maio de 68, punheta Warhol em progressão, "c'est la modernité, n'est ce-pas?", "somos jovens e radicais!", a Nico fazia belissimos broches), já o filho Garrel não tem perdão. Louis parece ser um tipo fixe com quem sair á noite, aos bares e discotecas. É certo que ele ficará com as gajas boas, inteligentes, e que fumam com pose (basta sentar-se e elas se jorrarão aos seus pés), mas um gajo, se estiver com ele, terá decerto hipóteses com as gajas pobres, burras e que não fumam com pose que acompanham as suas princesas, e antes uma noite com coninha quente do que noite qualquer a ver uma curta do Louis; se for caso, fecha-se a luz do quarto. Le Petit Tailleur é uma curta de 2010 que em 1960 já cheiraria a ranço seboso. Aliás, mesmo antes do surgimento da Nouvelle Vague, Le Petit Tailleur já seria datado. Só tiques iconográficos da era, 567 vezes a palavra "amour", gajas com problemas existenciais (não têm contas para pagar, estas putas?), jump cuts já portadores de barba nos minutos finais do À bout de soufle, preto-e-branco ("não temos lápis de cor!"), e essas coisas todas insuportáveis de tão afectadas. Quase nos fazem esquecer o único bocado de estimulante visual na curta do Louis: