Dois fotogramas de "Serpico", entre um e outro decorrem dois segundos. Olhando para eles, nada de mais. É preciso ouvir o que vai de um a outro, servem portanto estes fotogramas para irem ao seu encontro, se vos apetecer, claro. Recostado na cadeira, este personagem faz um movimento em frente. E o que se ouve é um chiar de cadeira tão duradouro, tão irritante quanto é maravilhoso ouvi-lo num filme, a limpeza com que o som chega aos nossos ouvidos, algo de facto de um outro tempo, impensável para os dias de hoje, em que nem seria preciso apagá-lo nas misturas, pois certamente aquela cadeira seria imediatamente substituída antes de filmar a cena. Nova Iorque, anos 70. Ainda não havia Giulianis no cinema.