Acabado de rever o INLAND EMPIRE (em muito mais alta conta, e da qual serão dados desenvolvimentos nos próximos meses), tratei logo de exercitar a mente, mormente nestes propósitos: está na altura da punhetinha. Coloquei no google "Leonor Seixas" e deparo-me com informações saborosas, nomeada no segmento "Leonor Seixas aparece nua em Putas Marcianas". Que propósitos infernais vinham a ser estes, pensei eu, e tratei de investigar de forma apaixonada tal assunto. Logo fiquei a saber que Putas Marcianas era uma curta metragem de 2011, de José João Silva. Sucessos ainda mais vantajosos: Putas Marcianas está disponível no Vimeo na sua total e gloriosa duração. Lá me embrenhei. E começa a aventura pelo maravilhoso mundo de José João, a prova viva de que Ed Wood encontrou um corpo em que pudesse continuar a viver. Começa com um genérico em que o título do filme surge em separado, intercalado pelos credits, onde destacamos "Maquilhagem/Cabelos". Terminado tal repasto, o primeiro plano do filme anuncia logo os seus mandamentos: cuzão de Leonor em destaque, numa citação que nos parece descarada do primeiro e único plano de jeito do Lost in Translation, e aqui surge a oportunidade para o nosso primeiro devaneio patriótico: o rabo da Leonor pede meças e até nos parece bem mais frondoso que o da Scarlett. Corte. Um zoom de dois quilómetros e dez segundos na direcção de uma praia, surgindo-nos espantoso diálogo de dois paneleirões. Pareceu-nos o Portinho da Arrábida. Guiraudie está em todo o lado. Surge a Leonor, em bikini. Em contra-picado, desfocada, pedindo um cigarro. As mamas, mesmo em desfoque, parecem doutro planeta, algo que se confirmará para nosso descanso minutos depois. Há um enquadramento em que José corta a cabeça à nossa deusa, numa manifesta vontade de quebrar regras de enquadramento. Ou então é para nos mostrar o que realmente queremos ver, embora isso seja muito redutor, porque a Leonor é lindíssima. É a partir deste ponto que qualquer sinopse sobre Putas Marcianas torna-se absolutamente inútil perante tantos e tão saborosos maravilhamentos. Desde planos em que a acção é cortada a meio, até outros em que a câmara é tombada e assim vamos indo, outros em que a iluminação está ao nível de um espantoso filme caseiro em dia sem electricidade, passando por fatos marcianos na Serra da Arrábida, uma cena de foda ao ralenti entre a Leonor (que aqui ainda mostra mais do que as portentosas tetas de que dispõe) e um dos gayzões e em que o background sonoro é o som de uma hospedeira a informar os passageiros das medidas de segurança, e mais, mais, muito mais. É, além disso, um glorioso inter-rail turistico, pois vamos da Tabacaria do Rossio até ao Diário de Notícias em menos de cinco segundos, e mal refeitos disto, já estamos na Arrábida outra vez. E a tentativa de reconstituição, com outra bela rapariga em cuecas e mamalhal desprovido de suporte, do momento em que um dos homossexuais viu pela primeira vez a Leonor? (o tal plano em contra-picado/desfocado); o Augusto M. Seabra que não veja isto, senão ainda pára de queimar cuecas em ritual satânico contra o de Palma, e trata logo de enveredar uma fatwa contra o pastiche Vertiginiano de tal cena. Terminamos em tom de lamento e em modo, uma vez mais, patriótico: o que tem de fazer a nossa bonita Leonor, que vive há uns anos em Los Angeles, para ter oportunidade num qualquer filme mainstream americano? Nem pensamos em qualquer cousa de significativo, pode ser um Fast and Furious 11 ou 12. Se qualquer gaja de qualquer nacionalidade já por lá passou, porque não dar oportunidade a quem realmente merece? Até podia fazer de peruana, assim a versão feminina do Joaquim de Almeida. Ou então, ainda melhor: Argento, porque não vens aqui pescar? Já estamos a imaginar a Leonor como polícia, dobrada pela Jasmine Trinca, e que vive com a Daniela Ruah, e em que a Daniela Ruah é chacinada por um gajo/gaja de luvas, que no fim viriamos a saber era a Catarina Wallenstein, danada de ciúmes, num panteão lusófono de sexiness e beleza sem paralelo. Era, pelo menos, o que eu faria, se me calhasse o euromilhões; com split screens, cabeleiras louras, cigarros, grandes planos de olhos e tudo. Para depois o Augusto M Seabra queimar mais um saco cheio de cuecas em novo ritual malévolo, antes de ir mudar a chupeta do Tocha.