Foi-se o Hisaishi, foi-se o lirismo, despediram-se os jogos lúdicos, acabou-se o melodrama e esvaziaram-se as elipses: Outrage e Beyond Outrage- sobretudo o primeiro- é o yakuza movie no estado mais escarnado, seco e brutal possível, sem qualquer caridade "humanística" a atravancar o caminho. Cada plano é uma escalada de agressões verbais e/ou físicas, onde nem sequer há espaço e tempo para "construções de tensão através da palavra" à lá Tarantino; bojarda atrás de bojarda e só respiramos para podermos agradecer tamanha violência. São dois filmes, na sua essência, de carácter meramente biológio, já que por estas bandas apenas se come, bebe, fode-se e dá-se vazão ao instinto assassino. Também gostámos muito que uma das personagens mais estúpidas fosse um negro, prova de que Takeshi é um escrupuloso respeitador dos direitos dos negros a serem idiotas e imbecis em filmes. E é nesta arena de pretos estúpidos, japoneses assassinos e comilões, mulheres reduzidas a bibelots e de vário metralhar, que um plano se destaca de todos os outros: é o primeiro de Outrage, que na sua "paz" e silêncio levam-nos ao engano e á ilusão. Entra já para a galeria de excelência do homem.