Não sei se observar o rosto da Jennifer Connelly em Phenomena dará anos de vida a qualquer homem ou a qualquer mulher apreciadora de women of the same sex, mas que fará este filme do Argento ser imperdível só por isso já não temos dúvidas. Há uma sequência de grande beleza em que a Jennifer segue uma mosca-guia (a bicharia em Phenomena, por entre macacas altruístas e diversos insectos, é amigável e contacta por telepatia, ideia aflorada no Profondo Rosso) por entre um vale, e se é certo que só o Dario para dar credibilidade poética a um episódio de tamanho potencial ridículo, o que é verdadeiramente notável é que poderíamos estar a ver a Jennifer a fazer qualquer coisa em Phenomena, desde andar atrás de gambuzinos ou a votar PSD. Quando, perto do final, a sua cara fica refastelada em merda ou em lama, podemos dizer que não só continua bonita como essa graciosidade facial ainda sai mais reforçada. Com grande esforço se pode referir a existência de outras cousas, como a faceta de profunda vigília do filme e respectiva carga hipnótica, para além da óbvia confirmação que Argento masturba-se a imaginar adolescentes americanas em grandes trabalhos numa Europa soturna e psicopata. E torna-se claro que, para a Jennifer não gostar disto, só poderá ter havido grande falta de tacto e bom senso de Dario e provavelmente do fantasma de Mario Bava, que com as suas luvas, as suas navalhas, e um dildo...