Toshirô Mifune & Eijirô Tôno. Yôjinbô (1961). Akira Kurosawa
Filme: 5/5 (Criterion #52. Entre o 5º e o 8º ano tive um colega escolar chamado Aníbal (cujo nome poderá ser ou não ser Aníbal). O Aníbal, nesse 5º ano, já tinha uns 13 ou 14 anos, e era um rapagão no meio de nós, franganitos de capoeira. Além do seu porte, o Aníbal tinha outra particularidade, e que era a seguinte: tinha uma cabeça com um tamanho desproporcional. Não bastou muito para logo ficar conhecido como "o cabeçudo" (alcunha que provavelmente já devia vir de período anterior). Além de ser "cabeçudo", o Aníbal era tímido, muito inteligente, amante de História (foi com ele que ouvi pela primeira vez a conjugação das três palavras "Império Austro-Húngaro") e jogava futebol só à base do biqueiro- incluindo simples passes laterais. Alguns muninos maus faziam-lhe o que agora é conhecido como "bullying" e "violação do safe space" e na altura como "foder e gozar os cornos de um gajo até mais não". Contudo, faziam-no a seguros e longínquos metros de distância, como pardalitos em grupo a tentarem importunar o solitário bisonte na pradaria. Todo o cuidado era pouco: nas vezes em que algum desses muninos caiu nas mãos do Aníbal, este colocou a sua massiva testa em funcionamento, provocando não poucos sanguinários rachamentos em cabeças alheias. Já que tinha a fama, também haveria o proveito. O Aníbal saiu da escola no final do 8ºano (não sem antes, na "excursão de cerveja e frango assado" aka "visita de estudo" desse ano letivo ele ter gasto os seus parcos recursos económicos dessa viagem na compra de um frasco de salsichas Nobre). Só o voltaria a ver dois anos depois, ainda mais encorpado e de cabelo comprido sob a poderosa cabeça, o que lhe dava um aspecto de lenhador profissional. Nunca mais o vi. Espero que seja muito feliz, se estiver vivo. Lembrei-me dele quando vi aqueles cornos mansos (de um lado e do outro) da aldeia a tentarem fazer frente ao Mifune, mas recuando cinco passos por cada um que avançavam. O "Aníbal".)
1.Reiko Dan & Takako Irie. 2.Toshirô Mifune: manda quem pode, obedece quem deve. Tsubaki Sanjûrô (1962). Akira Kurosawa
Filme: 5/5 (Criterion #53. Toshirô ainda mais entediado, o que, paradoxalmente, lhe aumenta as qualidades cáusticas, cínicas e estrategicamente manipuladoras. De facto, como atuar perante gente sem 1% da inteligência e da sapiência emocional do nosso herói?)
1.Jason Patric e fiel companheira. 2.Rachel Ward. 3.Naturezas mortas (e vivas) numa antiquíssima arte chamada "composição". 4.Exploitation Shots in Hollywood Cinema: Rachel Ward's rabiosque. After Dark, My Sweet (1990). James Foley
Filme: 2/5 (100 melhores Film Noirs de todos os tempos para a Paste Magazine. Número 96. Neo-noir que vagueia entre as turvas ondas da autoconsciência respeitosa das regras do género e uma tentativa de as destruir à machadada. Mas...um filme em que o anti-herói é, literalmente, deficiente mental, e a femme fatale* está desprovida de faculdades mentais para manobrar quem a rodeia, que outros gostos nos pode proporcionar? O 'celente Bruce Dern, numa personagem cansada que sabe que só um golpe fora da caixa a poderá salvar da agonia dos últimos dias; e os desertos norte-americanos com catos e areia a escaldar que provocam imediatamente vontade de beber duas minis de seguida. O Foley faria muito melhor antes (At Close Range) e melhor depois (Glengarry Glen Ross e Fear). Para ganhar a vida- ou porque desistiu do cinema-, realizou, ultimamente, dois filmes da série 50 Sombras de Grey. Um dos seus próximos projectos: Reagan & Gorbachev, com Michael Douglas como titular norte-americano e Christopher Waltz como titular soviético. Não se espera menos que uma qualidade semelhante ás louças da Vista Alegre. * no registo blasé-sonambúlico, a Rachel estava melhor noutro proto neo-noir de alguns anos antes, Against All Odds.)
1.É um filme de Ford, sim senhores. 2.Peggy Cartwright: beleza para emoldurar por cima do televisor com napron. 3.A eterna dualidade das tavernas fordianas. 4.Madge Bellamy. 5.George O'Brien: Look Ma, Top of 'da World!. The Iron Horse (1924). John Ford
Filme: 4/5 (Tentativa de fazer uma integral John Ford, por ordem cronológica, e tendo como fonte a Wikipedia.)
1.Naturezas mortas numa antiquíssima arte chamada "composição". 2.Valentina Dejanovic. 3.A Comendador Refn nem a estilização de umas calças de pijamas femininas escapa. 4.Angela Bundalovic. 5.Dafina Zeqiri. 6.Apenas mais uma sensual vítima do tráfico de mulheres no norte da Europa. 7.Quadro: "Three Beautiful Girls Relaxing in the Garden". Copenhagen Cowboy: Miu the Mysterious (2023). Nicolas Winding Refn
Filme: Sem Nota/5 (Admitimos as nossas severas limitações em "analisar" e "criticar", a partir de hoje, qualquer trabalho de Comendador Refn. Isto porque no documentário "behind the scenes" desta série, ele, a determinada altura, afirma que é bastante supersticioso e que fala regularmente com seres de outros planetas, indo ao ponto de acrescentar que eles o ajudam criativamente. Como ele diz isto sem se rir, acreditamos sem reservas nas suas palavras. Tendo isto em consideração, e sabendo agora que as suas obras são uma criação simultaneamente terráquea e alienígena, seria inglório e desajustado oferecer uma visão apenas de uma das partes sobre os seus inter-siderais opus. Humildemente, esperamos que se forme uma associação conjunta de críticos da Terra e de outros extraterrestres, para assim todas as perspetivas cósmicas estarem representadas.)
1.Apenas mais uma sensual vítima do tráfico de mulheres no norte da Europa. 2.Dafina Zeqiri. 3.Angela Bundalovic. Copenhagen Cowboy: Vengeance Is My Name (2023). Nicolas Winding Refn
Filme: Sem Nota/5
1.Angela Bundalovic. 2.Erling Haal...perdão, Andreas Lykke Jorgensen. 3.Li li Zhang. 4.Maria Erwolter. 5.Valentina Dejanovic. Copenhagen Cowboy: Dragon Palace (2023). Nicolas Winding Refn
Filme: Sem Nota/5
1.Angela Bundalovic. 2.Maria Erwolter. Copenhagen Cowboy: From Mr. Chiang with Love (2023). Nicolas Winding Refn
Filme: Sem Nota/5
1.Caprichos visuais de Comendador. 2.Angela Bundalovic. 3.Maria Erwolter. 4.Lola Corfixen. Copenhagen Cowboy: Copenhagen (2023). Nicolas Winding Refn
Filme: Sem Nota/5
1.Li li Zhang. 2.Caprichos visuais de Comendador. 3.Coração humano delicadamente cortado para estar pronto para degustar. 4.Caprichos visuais de Comendador. 5.Lola Corfixen, filha de Comendador Refn e que afirmou: "my father is a weird dude". Copenhagen Cowboy: The Heavens Will Fall (2023). Nicolas Winding Refn
Filme: Sem Nota/5
Lizzielou Corfixen (a outra filha). Touch of Crude (2022). Nicolas Winding Refn
Filme: Sem Nota/5
1.Roberta Rodrigues. 2.Taínhas para fritar. 3.Uma banana educativa. 4.Alice Braga. "ó Angélica...!". 5.Male Gaze no Rio de Janeiro. Cidade de Deus (2002). Fernando Meirelles & Kátia Lund
Filme: 2/5 (Os entusiasmos juvenis por este filme há munto que se esfumaram. Agora, enquanto o revemos não sem desprazer, rimos desses arrebatamentos de outrora, martelamos os bordões mundialmente reconhecidos no reino da língua portuguesa e no final consultamos a filmografia completa do Meirelles e, solenemente, concluímos: dinheirinho a tilintar no bolso. Ai não.)
1.Alice Braga. 2.Alice Braga & Lázaro Ramos e duas fiéis amigas. 3.Esqueçam, porcos rebarbados: as graciosas costas da Alice só poderão ser beijadas e acariciadas pelos finos lábios de outras mulheres. Degenerados. 4.E assim sucessivamente para os seus seios. Seus lunáticos. Cidade Baixa (2005). Sérgio Machado
Filme: 1/5 ("Realismo" social/amoroso capaz de avariar/deitar abaixo um sismógrafo.)
1.Fernanda Machado, "vagabunda burguesa, safada, maconheira!". 2. Fábio Lago ("cadé o baiano?") & Emerson Gomes ("xaveco") enchem a pança de comida artesanal. 3.André Ramiro ("na cara não pra não estragar o velório..."). Tropa de Elite (2007). José Padilha
Filme: 2/5 (O mesmo que Cidade de Deus, apenas substituir Meirelles por Padilha.)
1.A verdadeira tragédia que é a vida criminosa #1. 2.Impunemente, Sandro Rocha ameaça a fofinha da Tainá Muller com a possibilidade de um terceiro Tropa de Elite. 3.A verdadeira tragédia que é a vida criminosa #2. Tropa de Elite 2- O Inimigo Agora É Outro (2010). José Padilha
Filme: 1/5 (Foram-se os bordões para recitar no café por entre uma dezena de pires de tremoços e duas dúzias de cervejas, a realização ainda é mais histérica e, de forma hilariante, procura-se uma radiografia da corrupção policial no Rio de Janeiro através de uma pseudo complexidade e profundidade presunçosa. "Cê um brincalhão, senhor Padilha!".)
1.Ken Takakura e um atentado ao ambiente. 2.Masayo Utsunomiya. 3.Caprichos visuais de Jun'ya Satô. Shinkansen daibakuha (1975). Jun'ya Satô
Filme: 3/5 (O ancestral primo nipónico do Speed de 1994.)
1.Joey King. 2.Pretty in Pink. 3.Michael Shannon: comicidade involuntária. 4.Joey King's skirt and gun: erotização da violência. 5.Peculiariedades alimentares/comerciais/consumistas no Japão. Bullet Train (2022). David Leitch
Filme: 0/5 (Fusão maligna e funesta entre a pancadaria palavrosa e "comic cool" de Guy Ritchie e a comédia intertextual de Seth MacFarlane. God Help Us All!)
1.Naturezas mortas (e vivas) numa antiquíssima arte chamada "composição". 2.Gideon Adlon. 3.Bethlehem Million. Sick (2022). John Hyams
Filme: 0/5 (Ainda há não muito tempo se viu um filme de John Hyams, um thriller de seu nome Alone, que mesmo nos seus momentos mais previsíveis evidenciava uma textura atmosférica e perfumadamente aleatória. Este Sick não evidencia o mais leve resíduo dessa densidade, sendo antes uma enxurrada de clichés de slasher movie dos anos 90- mas sem as pingas de humor e sexualidade primitiva- com os remendos "sociológicos" da temática COVID a maquilharem o produto final. Atentamos no nome do argumentista e munto se explica: Kevin Williamson, um homem que deveria ter entrado para o fundo de desemprego no final da escrita do Scream de 1996.)
1.Dish #1: frutos silvestres envoltos em espuma molecular e com base de simulacro de ostras. Por baixo: caviar tóxico. 2.Dish #2: Anya Taylor-Joy. Pele de tonalidade clara, cabelos ruivos, batom vermelho sangue de boi, um aglomerado de fios ao pescoço, vestido de cetim cinzento, com rendas floreadas transparentes em V na zona do peito, duas alças e um soutiã cai-cai. 3.Dish #3: "just a well-made cheesburger". The Menu (2022). Mark Mylod
Filme: 1/5
Gabrielle Graham. Possessor (2020). Brandon Cronenberg
Filme: 1/5 (Este filme do filho de um cineasta bastante famoso não tem nem as brasas arrebatadas dos melhores filmes desse cineasta famoso nem as propriedades glaciais de um possível cinema minimalista e reduzido ao mais ínfimo esqueleto das ações. Espera-se agora ver Infinity Pool.)
As crianças
Até aos cinco anos de idade as crianças não devem meter os dedos no nariz (como faz o resto da família) nem ler discursos políticos nos jornais. Isso cria nelas um complexo de culpa e de descrença na humanidade que as acompanhará pela vida fora. É de bom tom entre os bebés bem educados não espetar garfos e facas nos olhos dos adultos nem fazer chichi no colo das visitas. Só deverão babar-se aos dois anos de idade e, sempre que o fizerem, usem um babeiro. Existem hoje vários métodos de educação infantil. Entre nós ainda está em uso o velho e eficaz método da vara de marmeleiro ou da palmatória de castanho ou macacaúba.
José Vilhena, Manual de Etiqueta, 1959.
Editora: E-Primatur.
1ª edição, Maio de 2017.
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