Olga Roriz apresenta a sua nova peça: "O Queijo".
Acabado de ver o FCP-Desportivo das Aves do passado Domingo, e sem verdadeiro consolo carnal á disposição, tratei logo de procurar outro de índole intelectual. Bressane? Vamos a isto; pior que a Erva do Rato não poderá ser, nem mais aleijado do que a fusão genético-molecular Casemiro-Herrera. Que bem que começa Filme de Amor: duas cabras e um cabrão sentados a uma mesa, bebendo, fumando, tomando comprimidos, num ritual hedonista muito prazenteiro; plano fixo e banda de som impecável, para a imersão ser total. Fez-nos esquecer da miserável exibição-pimba do Brahimi. Depois começam a surgir planos-performance com diálogos e cauções filosóficas para o Bressane arranjar prestígio e desculpa para os seus delírios e parafilias. Isto de alcançar os céus da alta cultura e as "baixezas" da javardice popular não é para todos, filho. Uma gaja empina o cu a varrer a casa, pedindo enrabadela cultural. Pistas de som desincronizadas das imagens, que, Jesus nos livre de haver o mínimo de identificação entre espectador e personagens. Bressane a distribuir citações e lenga-lengas. Cultura não a sair do cu, como diz uma das personagens do Se7en, mas pela piça. Torrente de cultura. Vamos citar os clássicos , não esquecer Melville. A mesma puta empinada quer ser estrangulada com a pele de um rinoceronte. Já cagamos sensibilidade artistica pelas orelhas, e ainda vamos nos primeiros vinte minutos. Minetagem em acção, e depilação de prestígio. Centrifugadora de cultura. Bora, caralho, mais cultura e citações, que isto é sempre a abrir. Bressane não dá descanso. Bressane adora foda boa (excelente!) mas ainda mais de massacrar-nos. Temos saudades da Alessandra Negrini da Erva do Rato. Quase suspiramos pelo Serra. Este mundo não é para os ignorantes, diz-nos o Júlio. Mais meio Oliver no meio campo e não havia "génio táctico" que resistisse (ganda Jesus!). Aguentamos quarenta minutos. Não dá mais. Temos de ir á casa de banho cagar conhecimento e arte.
Maruschka Detmers, impressionante beleza
Sem tanta descarga de testosterona cultural, mas com os seus devidos méritos, é Diavolo in Corpo, do comuna Marco Bellocchio. Marco está-se cagando para delírios narrativos, "descontruções", simbologias agressivas e demais conas das tias. Filme linear, nesse ponto estamos safos. Mas logo surgem as problemáticas do amour-fou, da "nudez artistica", da babosidade nas cantos da boca do Marco, nas cenas de sexo que duram e duram e duram, para mostrar, claro está, "a cumplicidade e o ardor dos corpos". A Marushcka Detmers na altura estava em alta. Tinha sido a Carmen do Godard, e bem imaginamos o que o velho mestre, um dos maiores rebarbados e misóginos da "magia da história do cinema", terá feito á pobre piquena. Aqui, a bela holandesa limita-se a mamar explicitamente, cousa pouca. Por entre as fodas, Hegel, Marx, e não esquecer a "ferida" das Brigadas Vermelhas. Maruschka está com uma pintelheira épica. Terrenos de Emmanuelle circunscritos por aleivosias caucionárias. Resumindo: mais um punheteiro a pedir desculpa por o ser.