quarta-feira, 24 de abril de 2013

Moshi Moshi?



Ao passar as vistas pela net cinéfila deparo-me com uma queixa recorrente a Like Someone in Love, a última colheita Kiarostami, fabricada em terrenos da Yakuza: é uma obra "sem tema". Ou com "tema", mas de "difícil apreensão". Ou "personagens sem motivação". Já imaginamos os cérebros destes nossos amigos e amigas a fazerem curto-circuito com a ausência de "tema" e de "motivação" nas personagens (querem "motivação" vejam um jogo do Bayern, que aquilo é "motivação" que nunca mais acaba. Autênticos cavalos de corrida. Vi o Robben a fazer piscinas contínuas durante noventa minutos. Pareciam autênticas nadadoras da RDA dos anos 70 e 80). É lixado é, isto do "tema" e da "motivação". Uma pessoa anda ali à pesca (acabou de chegar o torrent do The Last Stand, já não vejo um Schwarzie novo há mais de uma década) de temas e motivações, até compra das melhores minhocas para ver se os cabrões mordem o anzol e nada. Uma tristeza, um descalabro, um Pedro Lomba. É certo que se poderá caucionar a "ausência de tema" como "tema" em sim, mas isso não é bem "tema", estão a ver o "tema"? Com um bocadinho de esforço podíamos até arranjar vários pequeninos "temas" que poderiam originar um "tema" maior, como por exemplo:

- os sons de Tóquio. Presentes da esplendorosa primeira cena (ora aqui está o que realmente deve ser uma noite em Tóquio) até ao estrondoso (literalmente) último plano. Sem música dos Air, abençoados.

- relação sociológica e cultural entre velhadas e pitas/pitos no Japão. Parece que não mudou nada desde os tempos do Ozu.

- duração dos testes escolares nipónicos: duram 13 minutos.

- "esta cidade não tem misericórdia nem piedade".

- ausência benigna de qualquer espanto e sublimação provinciana de um estrangeiro pela futuristica Tóquio. Sem música dos Air, abençoados (deixa-me ir à tu casa que vais ver onde isso vai parar).

- o champanhe japónico parece não ser grande coisa.

- e assim por diante.

No anterior Copie Conforme ainda havia uns ramos por onde uma pessoa se ancorar, por mais finos que fossem. Aqui é esqueleto, esqueleto e esqueleto. Com os planos nos carros, evidentemente. Pena haver poucos planos das estradas, para eu ficar pasmado com a bela cidade de Tóquio. Enquanto ouvia Air. Nota:4.

5- Garcia Pereira
4- Arnaldo Matos
3- Dr. Álvaro Cunhal
2- Bernardino Soares
1- gajos que andam com t shirts do Che e de iphone5
0- Maio de 68