1966. 1972. 1974. 1976. 1980. 1982. 1986. 1990. 1996. 2002. 2008. 2014. A Diane Lane tinha, respetivamente, um ano de idade, sete anos de idade, nove anos de idade, onze anos de idade, quinze anos de idade, dezassete anos de idade, vinte e um anos de idade, vinte e cinco anos de idade, trinta e um anos de idade, trinta e sete anos de idade, quarenta e três anos de idade e quarenta e nove anos de idade. Mas não é exatamente essa a razão dessas datas estarem aí escarrapachadas, por mais nobre que ela seja; elas representam as finais de grandes competições internacionais de seleções (europeus e mundiais, nada de ligas das nações) a que a Alemanha (ou a RFA, também conhecida como "aquela Alemanha com água canalizada e esgotos") chegou nos últimos cinquenta e oito anos. Doze finais, o que certamente deverá ser record a nível europeu. Outra cousa que se constata: o máximo de espera entre finais era de seis anos, por melhor ou pior que fossem os ciclos de forma da equipa germânica. Portanto, se os alemães entrassem numa competição após seis anos sem finais, o mundo todo resignar-se-ia e mesmo antes da festarola questionaria, abanando a cabeça, "quem será o outro finalista?". Mas eis que chegamos a 2024 e os teutónicos estão há uma dezena de anos sem ir a uma final, e, pior, com participações muito medíocres nos certames internacionais desde o Euro 2016. Mas agora irá ser diferente! O Euro 2024 será jogado em sagrado solo germânico. Os adversários serão espezinhados (nem por isso), vergados (ainda menos) e nada poderá impedir a glória, nem mesmo a Armada Espanhola, nos quartos-de-final. Negelsmann, o timoneiro alemão, está tão confiante que deixa no banco Florian Wirtz, um dos seus arietes, e no seu lugar coloca uma múmia futebolística intitulada Leroy Sané. Doze anos sem finais. No mínimo.
Quando Portugal e França se preparavam para iniciar a roleta dos pénaltes, eis o cenário para um futuro recente: ás meias-finais do Euro 2024 chegaria uma equipa que a) não marcava um golo há trezentos e trinta minutos ou b) tinha duas vitórias, ambas através de autogolos. Durante sessenta minutos, assistiu-se a um pacto de não agressão reminiscente de um tratado de paz assinado nas catacumbas de Notre-Dame em 1312. Até que na restante meia-hora tanto Portugal como a França tiveram oportunidades para marcar. No prolongamento, há uma oportunidade soberana para a seleção portuguesa se adiantar no marcador, o que nos leva a importantes questões filosóficas/comerciais, tais como: o que é "estar vivo"? Pode uma pessoa estar morta (desportivamente, no mínimo) e ainda assim não só projetar-se mentalmente para uma grande competição, e, ainda mais impressionante, englobar o mundo inteiro nessa projeção? A falta de vergonha é um entrave a uma merecida reforma futebolística? Ninguém mostrou ao cadáver em (pouco movimento) o combate do Apollo com o Drago? Quem é o maligno feiticeiro que está por detrás da imposição do moribundo na seleção portuguesa? Ainda vamos ser mais amaldiçoados no Mundial de 2026? Porque é que ninguém me disse que há uma série chamada "O Clube" onde a Sofia Arruda e a Julia Palha aparecem lindíssimas e sensuais de lingerie? Que a Espanha vença o Euro, para bem do estado do futebol.
Sem comentários:
Enviar um comentário