Laurence Olivier & Renée Asherson. Henry V (1944). Laurence Olivier
Filme: 4/5 (Criterion #41. Teatro filmado. Não, a sério.)
1.Irene Miracle. 2.Ania Pieroni. 3.Eleonora Giorgi. 4.Daria Nicolodi. 5.Alida Valli & Veronica Lazar. Inferno (1980). Dario Argento
Filme: 5/5 (Se uma pessoa se aventurar pela primeira vez, cronologicamente, na filmografia do Argento, o Inferno, sobretudo logo depois do Suspiria, parece um filme em tons mais serenos, menos lustroso, mais melancólico e de contornos mais subterrâneos (neste caso literalmente, já que por diversas vezes as personagens têm que ir abaixo do nível do mar ou descer aos infernos) e então a pessoa não parece assim tão impressionada com o que viu- sobretudo depois do Suspiria, repete-se. Mas depois, passados alguns anos, a mesma pessoa, já com mais quinze quilos em cima e calejada por uma vida inexistente, volta a ver o Inferno, e então, isolado na sua singularidade, o filme lhe parece um dos mais belos já feitos, de tons sereno-violentos, de um lustro tão brilhante como poderá ser, intensamente melancólico (genial tema-título do Keith Emerson) e de contornos ainda mais subterrâneos. A sequência aquática com a Irene Miracle vale um bilião de concursos de miss t-shirt molhada.)
1.Fiore Argento. 2.Federica Mastroianni. 3.Dalila di Lazzaro. 4.Jennifer Connelly. 5.Daria Nicolodi. Phenomena (1985). Dario Argento
Filme: 4/5 (O Argento, qual limpador puritano dos pecados do mundi e castigador das aleivosias e vaidades alheias, sabe que o preço a pagar pela beleza física das suas atrizes deverá ser munto alto. Assim, para que elas tenham noção de que nada neste mundo é garantido- mesmo com as suas radiâncias físicas-, o Dario coloca-as à prova e fá-las passar por testes físicos e mentais deveras penosos, mas que se forem ultrapassados com distinção as elevarão ao destino final de Deusas da Venustidade. Em Phenomena, essas missões periclitantes cabem a uma Jennifer Connelly que, no termómetro da graciosidade, neste filme e em todos os outros, produz uma resposta tão impetuosa que quase nos faz perder a vista. Pois então, a Jennifer, vestida de branco, lindíssima, inocente, a leste de todas as heresias e violações que assolam o mundo, só poderá ascender ao paraíso se mergulhar num lago de merda, lixo e de dvds de filmes do Edgar Wright. E ela chora, e nós prometemos porrada ao Argento por tamanha destruição, mas depois lá reflectimos melhor e chegamos à conclusão de que é tudo pelo bem da Jenny. O Donald Pleasence está em 22º lugar no top 100 dos melhores atores de sempre, à frente do Frank Langella e atrás do Elisha Cook.)
1.Laura Johnson. 2.Asia Argento. 3.Hope Alexander-Willis. 4.Christopher Rydell passa ao lado de uma reprodução do melhor quadro gastronómico de sempre: A Boda Camponesa, de Pieter Bruegel, o Velho. 5.Piper Laurie. 6.Um anjo assola as ruas do Minnesota ao ritmo do reggae. Trauma (1993). Dario Argento
Filme: 4/5 ("A péssima interpretação" da Asia Argento, como escrevem os infiéis, apenas acentua a vulnerabilidade da sua personagem, que mais parece uma borboleta encerrada numa jaula rodeada de leões esfomeados. A sua sensibilidade é acossada por todos: pela mãe, pelo pai (o do filme e o verdadeiro, que não se coíbe de insinuar considerandos incestuosos), por médicos corruptos, por enfermeiras maldosas, por chuva torrencial, por prisões, por visões de cabeças degoladas; só os braços protetores do Christopher Rydell a poderão salvar de tamanha hostilidade, num cenário de romantismo bigger-than-life que não se viu nos outros filmes do mestre. Claro que, uns cinco anos depois, Asia riria e mandaria toda aquela gente para a puta que pariu. A par do do Gran Torino, o melhor genérico final do cinema nos últimos dez séculos.)
1.Ilenia Pastorelli. 2.Asia Argento. Occhiali Neri (2022). Dario Argento
Filme: 1/5 (Ótima sequência inicial.)
Joan Barclay & Luana Walters. The Corpse Vanishes (1942). Wallace Fox
Filme: 2/5 (No dia dos seus casamentos, o cientista Bela Lugosi envia uma orquídea para as virginais noivas, que inalando o seu delicado odor desmaiam e ficam num estado de beatífico coma. Poupando-lhes uma vida de pancada, domesticidade forçada e sexualidade reprimida, Bela usa as noivas para lhes extrair do corpo uma substância que impossibilita o envelhecimento da sua estranha mulher. Claro que há quem não concorde com isto, e tente devolver as noivas ao seu estado natural de subserviência patriarcal. Perde a ciência, o feminismo, ganha o marialvismo. Lugosi, metre do ardil.)
1.Gail Russell. 2.Ruth Hussey. 3.Cornelia Ottis Skinner. The Uninvited (1944). Lewis Allen
Filme: 1/5 (O Hitchcock teve para realizar isto. Fantasiamos já uma versão explicitamente fantasmagórica do Rebecca, uma atmosfera de insídia gótica, uma fragrância sexual a envolver algumas personagens- mormente e nomeada a de Gail Russell e a de Cornelia Ottis Skinner-, e um clima de tensão psicótica a sobrevoar tudo isto. Mas como não tivemos Hitchcock, não tivemos nada disto, mas apenas um filme que misturando tantos géneros e moods transforma-se numa salganhada sem sabor algum.)
Jessica Alba. Idle Hands (1999). Rodman Flender
Filme: 1/5 ("Homenagem" sem vergonha à mão circense e assassina do Evil Dead 2, com o acrescento da "stoned white dudeness" dos 90's. Tem uns interessantes primeiros quinze minutos e depois é encolher de ombros. Menos em todos os planos em que participa a Jessica, claro está.)
Lulu Wilson. Becky (2020). Jonathan Milot & Cary Murnion
Filme: 0/5 (O Kevin James é um achado como supremacista branco, a Lulu Wilson é girinha e tem presença, as gomas que ela devora serviriam para substituir caracóis a ver um jogo de bola e...pronto. Este Home Alone com pozinhos de First Blood e Deliverance demonstra que os adolescentes no cinema norte-americano mainstream podem despedaçar cabeças, rebentar olhos, estourar miolos, degolar pescoços e cortar pernas com a maior brutalidade e prazer possíveis. Desde que sejam virgens, tementes a Deus Pai e a léguas de quaisquer tentações luciferianas.)
1.Jenna Kanell. 2.Loura, peitos divinais, promíscua, libertina, ao lado de um palhaço psicopata e inserida num horror movie: Catherine Corcoran escreve o seu próprio destino. 3.Samantha Scaffidi. Terrifier (2016). Damien Leone
Filme: 4/5 (Vários tipos de economias e miniaturas, por aqui: de localizações, de motivos psicológicos, de orçamento e de "bom gosto". Para que haja a maior fartura possível de corpos dilacerados, desmembrados, esmagados, espatifados, comidos, degustados- de preferência de mulheres jovens e atraentes, claro, como manda a etiqueta. E tudo com muito e evidente prazer. Damien Leone, na sua brocharia descarada aos "mestres" silenciosos-zombeteiros dos anos 80 (Krueger, Jason, Pennywise) sabe que não pode apenas replicar: tem de usar o martelo pneumático mais ruidoso para chamar a atenção do povo.)
1.Amelie McLain. 2.Lauren LaVera. 3.Cassey Hartnett: alembrando o saudoso Clarence Boddicker, "Give this girl a hand. And a brain!". 4.Loura, peitos divinais, promíscua, libertina, falando com um palhaço psicopata e inserida num horror movie: Kayley Hyman escreve o seu próprio destino. Terrifier 2 (2022). Damien Leone
Filme: 2/5 (Quando um realizador de um pequeno filme de sucesso começa a preparar a sua "ambiciosa" sequela, então sabemos que chegou a altura de agarrar o rosário mais próximo. Em relação ao original, há uma maior maximização de quase tudo: orçamento, motivos psicológicos, localizações. O "bom gosto", felizmente, é que continua em paragem incerta- mormente e nomeada, em duas mortes que nos fazem quase ter a sensação de estarmos a ver pela primeira vez um filme de gore. Mas o enclausuramento minimal e a "novidade" do primeiro filme foram à vida, havendo uma expansão de territórios e situações bem mais desinteressantes. Damien Leone já fala numa terceira parte ainda mais brutal. Que podemos esperar? Um gajo a ver o La cicatrice intérieure três vezes seguidas?)
1.Mia Goth. 2.Tandi Wright. 3.Simetria de leitão assado com larvas: preferível a qualquer porcaria de Sushi. 4.Emma Jenkins-Purro. Pearl (2022). Ti West
Filme: 4/5 (Ti West troca a fetichização e pastiche dos "eram os anos 70" de X pela fetichização e pastiche dos "eram os anos 20" de Pearl. Só se aguenta se se embarcar conscientemente no insolente tributo e, sobretudo, se se abraçar- não literalmente, claro está- as momices da magnífica Mia Goth, que cada vez mais nos parece o elo de ligação entre a Anne Wiazemsky e a Shelley Duvall.)
1.Sidsel Siem Koch. 2.Karina Smulders. 3.Liva Forsberg. Speak No Evil (2022). Christian Tafdrup
Filme: 2/5 (Os primeiros vinte minutos deste filme são o verdadeiro cerne de terror deste conto cinematográfico bíblico: vários turistas europeus a terem jantares de "casais amigos" na Toscânia. Até tapámos os olhos, amedrontados com tamanho "cenário dantesco".)
Duarte Gamito & Bianca Castro. The Girl from Saturn (2021). Gonçalo Almeida
Filme: 4/5 (Atmosféricas memórias amorosas e de La Jetée para desenjoar da dieta das punhetas ao Tarkovski, ao "cinema social de câmara à mão" e ao filme de horror mais tosco que nos calha (quase) sempre em cima quando nos vem parar à vista uma curta portuguesa.)
1.Chae-Young Lee. 2.Han Se-min. 3.Cheon Hee-Joo. 4.In-seo Kim. 5.Jo Jung Min. The Cursed Lesson (2020). Jai-hong Juhn & Ji-han Kim
Filme: 1/5 (Impecável framing. Excecional encanto feminino. Duas qualidades esfrangalhadas por uma barafunda de contornos místicos-eróticos sul-coreanos e uma edição paralela ao nível de 1907.)
1.Nia Roberts. 2.Especialidade gastronómica galesa. 3.Annes Elwy. The Feast (2021). Lee Haven Jones
Filme: 2/5 (Impecável framing. Excecional encanto feminino. Duas qualidades esfrangalhadas por uma barafunda de contornos místicos-ambientais galeses e uma meia hora final que despedaça a árida precisão formal anterior.)
1.Meagan Good. 2.Odette Annable. The Unborn (2009). David S. Goyer
Filme: 0/5 (Tem um poster exploitation que deveria dar vinte anos de cadeia ao seu autor prevaricador, um Gary Oldman como exorcista de risota eterna e uma Odette Annable que progressivamente se vai transformando na Megan Fox. Entende-se: é um filme produzido por Sua Santidade Michael Bay. Os primeiros amores são sempre difíceis de esquecer.)
1.Loretta Persichetti. 2.Sofia Dionisio. 3.Venantino Venantini atribui a Rita Silva um conjunto de qualidades humanas. 4.Caroline Laurence. 5.Dana Ghia. Nove ospiti per un delitto (1977). Ferdinando Baldi
Filme: 3/5 (Fusão genético-molecular entre um giallo, Agatha Christie, Ingmar Bergman, Claude Chabrol, Emmanuelle e o Jacques Deray de La Piscine. Que bela que é, a burguesia.)
1.Anya Taylor-Joy. 2.Diana Rigg (R.I.P.). 3.Synnove Karlsen. 4.Thomasin McKenzie. Last Night in Soho (2021). Edgar Wright
Filme: 0/5
1.Ash Santos. 2.Debby Ryan. 3.Lucy Fry. 4.Megan Fox. 5.Sydney Sweeney. Night Teeth (2021). Adam Randall
Filme: 1/5 (Tão hipster e falsamente cool que também poderia ser um filme do Edgar Wright.)
Se Sua 'Celência é um punheteiro solitário: se Sua 'Celência há muito perdeu qualquer interesse sexual na sua esposa (e ela em si, ou ambas as situações) e não tem dinheiros para sustentar amantes; se Sua 'Celência é apenas um apaixonado por Arte Gráfica; se Sua 'Celência tem um gosto especial em irritar a sua irmã feminazi; se Sua 'Celência considera o período 1945-1959 como a idade de oiro da história dos EUA; se Sua 'Celência reúne uma, duas ou mesmo todas essas informações anteriores, então, está á espera do quê para se presentear a si próprio (ou à sua irmã feminazi) pelo Natal com tamanha obra-prima?
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