quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Frames (aristocráticos, vampirescos, campestres, incestuosos, nostálgicos).


Eunice Muñoz diz ao menino António que o seu futuro tem dois caminhos: o de padre ou o de indigente ao borralho. Ao fundo, a menina Alexandra Prado Coelho. Manhã Submersa (1980). Lauro António (R.I.P.)

Filme: 3/5 (Segundo semestre de 1997 e primeiro semestre de 1998: quando, ás sextas-feiras, se acordava com alegria de viver porque era o dia em que iríamos ler o que o pessoal do "Público" tinha escrito sobre as estreias da semana e o que o Lauro António tinha escrito sobre os mesmos filmes na última página de..."A Bola".)


Little Girl (se ainda estiver viva, deverá ter uns cinquenta anos, o que a impede de aceder à sala branca do "Amusement Park"). The Amusement Park (1975). George Romero

Filme: 1/5 (Cacofonia. Atropelamento visual. Mas...mas..."mazz é político e é do Romero".)


Dita Parlo. La grande illusion (1937). Jean Renoir

Filme: 4/5 (Criterion #1)



1.Margaret Lockwood2.Linden Travers. The Lady Vanishes (1938). Alfred Hitchcock 

Filme: 4/5 (Criterion #3)





1.Josiane Tanzili2.Maria Antonieta Beluzzi3.Magali Noël4.Belle ragazze demonstram ao senhor Il Duce todo o seu vigor e vivacidade. Amarcord (1973). Federico Fellini

Filme: 5/5 (Criterion #4)


Claire Maurier. Les quatre cents coups (1959). François Truffaut

Filme: 5/5 (Criterion #5. Mais uma prova de que "descobre-se sempre alguma cousa de novo na revisão dos grandes filmes", pois só agora é que me dei conta da advertência/profecia do professor na sequência inicial da sala de aula: Daqui por dez anos a França estará em frangalhos! Tinha toda a razão.)


Josette Day. La belle et la bête (1946). Jean Cocteau

Filme: 5/5 (Criterion #6)



1.Joëlle Laugeois2.Dominique Vincent & Françoise Ponty (no tempo em que até duas adolescentes já maquinavam joguetes de poder. Depois não querem que o Dr. Pacheco de Amorim queira meter órde nisto). La prise de pouvoir par Louis XIV (1966). Roberto Rossellini

Filme: 5/5 (Cinema-material em todo o seu zénite. A fisicalidade visual e sonora até provoca arrepios. O melhor filme da história pós Marnie e pós nascimento de Diane Lane. A verdadeira "idade de oiro da TV".)


Princesas esperam que Antoine Doinel as saúde com o chapéu. La mort de Louis XIV (2016). Albert Serra

Filme: 5/5 (Fazer uma double-bill Les quatre cent coups e La mort de Louis XIV está quase ao nível do corte osso/nave espacial do 2001.)


Iliana Zabeth a sofrer menos horrores do que que aqueles que há em ver quase toda a filmografia do Serra. Liberté (2019). Albert Serra

Filme: 0/5



1.Lorraine Ashbourne2.Angela Walsh & Debi Jones. Distant Voices, Still Lives (1988). Terence Davies

Filme: 1/5 (O cérebro humano tem os seus limites no que toca a aguentar bêbados e suas esposas a cantarem, ininterruptamente durante noventa minutos, canções old school.)


Liverpool girls, 1956. The Long Day Closes (1992). Terence Davies

Filme: 4/5 (Mantêm-se os travellings sonambúlicos por entre espaços vazios, a simetria perfeita dos planos, a narrativa de associação-livre, a mesma nostalgia por um paraíso perdido, a zona de conforto familiar, a ida "mágica" à sala do cinema, e por aí. Mas as canções são agora não diegéticas, aliviando-nos os sentidos. Uma delas, a Tammy da Debbie Reynolds, ouvida já umas cem vezes desde que vimos este filme pela primeira vez, há cousa de duas semanas.)


Agyness Deyn. Sunset Song (2015). Terence Davies

Filme: 5/5 (O outro Ter(r)ence, antes de ficar senil, provocava-nos a mesma bucólica paz de espírito.)





1.Rose Williams2.Jennifer Ehle3.Emma Bell4.Cynthia Nixon. A Quiet Passion (2016). Terence Davies

Filme: 4/5 (O Davies, homossexual e feminista, é conservador no que verdadeiramente interessa: no cinema. Cada plano e cada gesto dos atores é de um feroz anti-naturalismo. Cada enquadramento pesa á volta de 600 toneladas, tal é a carga formalista que por ali vai. "Não! Não gostamusss, porque o realizadur xama a atenxão para si mesmuu!!".)


Senhora entre dois mundos e dois pares de mãos: em baixo, o opressivo e egoísta mundo capitalista da RFA, e em cima as mãos amigas e protetoras da RDA. A senhora está a tentar escapar de um mundo para ir para outro. Não divulgamos de qual estará a escapar, para assim aumentar a dúvida e o suspense. The Wall (1962). Walter de Hoog

Filme: 3/5


Mayu Mitsui & Tenka Hashimoto. Saikin, imôto no yôsu ga chotto okashii n da ga.  (2014). Yûki Aoyama & Iggy Coen

Filme: 2/5 (Desintegração familiar, incesto, homens emasculados: mesmo que filtrados por uma ocasional hilaridade, os temas deste filme deveriam preocupar os verdadeiros nacionalistas japoneses, saudosos de um modo de vida pré-1945. E agora isto: este filme tem doze textos no imdb. Todos eles, sem dúvida, da mesma pessoa. Todos eles de uma grande admiração pela beleza feminina nipónica. Todos eles a vomitarem desgosto pelas porcas gordas norte-americanas cheias de tatuagens. Vejamos um exemplo deste brilhante escriba: Yes the word 'fantastic' is related to fantasy.

Super thin, creamy legs, exciting face, feminine hair and thigh highs.

My girlfriend is going to feel me tonight in bed. That is for sure.)


The Sexy Witch. Broom-Stick Bunny (1956). Chuck Jones

Filme: 3/5




1.Debbie Reynolds. 2.Mala Powers. 3.Fay Wray (essa, que vinte e cinco anos antes andava a ter orgasmos com o King Kong) & Louise Beavers in the good old south. Tammy and the Bachelor (1957). Joseph Pevney

Filme: 3/5 (Depois da sideração mental de se ouvir a Tammy no The Long Day Closes, tinha-se de se ver o filme. Filme de matiné típico dos anos cinquenta, com muito e belo artifício, uma Debbie divinal, e que munta raiva e espuma poderá provocar nos ativistas de plantão no letterboxd. Bom, portanto.)



1.Joséphine Sanz & Gabrielle Sanz (e vice-versa). 2.Nina Meurisse. Petite Maman (2021). Céline Sciamma

Filme: 3/5 (Regresso à boa forma da Céline Sciamma, depois daquela diarreia de "muito bom gosto contemporâneo" com sapatonas misândricas. Aliás, este filme quase que se assemelha a uma resposta -pró-família e pró-vida- a esse filme. No entanto, não exageremos, caro Armond White: a Céline Sciamma não é o "novo Spielberg".)


As mãos de Mercedes McCambridge acariciam a foto de Joanne Dru. All the King's Men (1949). Robert Rossen

Filme: 4/5 (Os políticos são todos iguales! Corruptes! Gatunes!.)





1.Gwendolyn Laster2.Christine Larson3.Duas jovens caucasianas provocam caos racial. 4.Maidie Norman. The Well (1951). Leo C. Popkin & Russel Rouse

Filme: 4/5




1.Mercedes Ruehl2.Catherine Tramell/Sharon Stone3.Bridgette Wilson (McTiernan, mestre do rack focus). Last Action Hero (1993). John McTiernan

Filme: 4/5 (Em breve, novo filme do McTiernan com a Uma Thurman.)



1.Kim Novak2.Dorothy Malone. Pushover (1954). Richard Quine

Filme: 4/5 (Continuação da investigação arqueológica do film noir. Those dames!!)



1.Diane Lane2.Amanda Plummer. Cattle Annie and Little Britches (1980). Lamont Johnson

Filme: 3/5


Barbara Crampton. Re-Animator (1985). Stuart Gordon

Filme: 2/5 


Sylvestra Le Touzel. The Short & Curlies (1987). Mike Leigh

Filme: 2/5 (A Sylvestra a chupar os dedos depois de comer meio pacote de Lays. Leigh, sempre atento aos detalhes.)


Kristen Stewart. Underwater (2020). William Eubank

Filme: 0/5 (Título alternativo: Underwear, tal é a quantidade de tempo que a Kristen anda em roupa interior. Alguém que ponha fim à miséria existencial do T. J. Miller.)




1.Caroline Cartier2.Ursule Pauly3.Gémeas Castel informam Olivier Rollin de que o congresso do CDS foi antecipado para 2 e 3 de Abril. The Nude Vampire (1970). Jean Rollin

Filme: 2/5 (Ed Wood meets Visconti do The Damned. Como um aristocrata falido a querer manter, a todo o custo, a pose das aparências dignas e nobres.)



1.Marley Shelton (como caricatura da loira bimba boazona). 2.Jennifer Love Hewitt (como caricatura da feminista boazona). Trojan War (1997). George Huang

Filme: 2/5 (Antes de nos encontrarmos com Deus Nosso Senhor, tentaremos escrever um épico social de 900 páginas, intitulado: 90's Teen Comedies: boys as nothing more than retarded and raunchy animals and girls pretending not to like that. Esperemos depoimentos de Julia Stiles, Alicia Silverstone e Michelle Williams.)




1.Jane Birkin. 2.Marianne Denicourt3.Emmanuelle Béart. La Belle Noiseuse (1991). Jacques Rivette

Filme: 5/5 (Poucas sessões de hipnose serão tão efetivas. Vocês podem pensar em mim como um objeto de desejo, e eu digo-vos que eu posso estar nua à vossa frente e não haver erotismo.- Emmanuelle Béart.)



1.Zoë Kravitz2.Erika Christensen. Kimi (2022). Steven Soderbergh

Filme: 3/5 (De um lado, as memórias de Rear Window e Blow Out incrustadas no mar digital do século XXI; do outro, a contemporaneidade social, #MeToo e Covid. Nos espaços interiores, Soderbergh clássico, e nos exteriores, por uma vez, o recurso à câmara-trambolhão a ter todo o sentido. Como resultado de todas estas parelhas cinéfilas, sociais e estilísticas: um thiller mais do que decente.)


Josephine Langford. After We Collided (2020). Roger Kumble

Filme: 1/5 (Cena de cíumes-sexo softcore-cena de ciúmes-sexo softcore-cena de ciúmes-cena softcore-e assim sucessivamente.)



1.Josephine Langford2.Arielle Kebbel. After We Fell (2021). Castille Landon

Filme: 0/5 (Continuação do ciclo anterior, mais bónus: Josephine a ser enrabada em slow motion.)





1.Pilar López de Ayala2.Beleza gótica3.Beleza publicitária. 4.Tanja Czichy. Dans la ville de Sylvia (2007). José Luis Guerín

Filme: 5/5 (Os processos iniciais da agricultura, datados de há cousa de 10 mil anos ali para as bandas do Flanco do Crescente Fértil- atual Médio Oriente, secção Israel/Palestina/Jordânia/Kuwait/Líbano- tiveram como resultado um aumento exponencial da civilização humana a todos os níveis, incluindo os culturais. 100 séculos depois, nasceu este filme. E pronto.)


Debi Richter. Hill Street Blues: Season 4, Episode 18 (1984). Rick Wallace


Kylie Minogue. Come into My World (2002). Michel Gondry

Filme: 5/5 (Do Gondry realizador de longas metragens nem o Menino Jesus quer saber. Já do Gondry realizador de vídeos musicais, se mais não houvesse (e há, como o vídeo do Protection, dos Massive Attack), existiria sempre esta obra-prima da repetição para o colocar na história das enciclopédias.)

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