Gojira acaba de saber que o blogo Dias Felizes está desactivado, privando-o assim das últimas notícias sobre os pequenos almoços preparados por Anne-Marie Melville.
Gojira versão Garrel:
-Gojira, num austero preto-e-branco, vive num pequeno apartamento na grande capital francesa. Longe vão os tempos dos sonhos e utopias da adolescência, para além dos planos para dar pancada grossa em Cohn-Bandit, esse traidor. Sofrível actor de teatro numa piquena companhia, vive uma relação complexa com uma bibilotecária, com esta vivendo em permanente confusão de sentimentos, pois também tem uma paixoneta por um primo de Montpellier, citador avulso de Valery nos tempos livres. Gojira, em laissez-passer permanente, não dá conta da finas camadas de cola na sua aventura romanesca, até que a sua namorada lhe diz que vai viver com o seu primo de Montpellier, pois "tem mais dinheiro, uma casa maior, e mais perspectivas de futuro do que tu!", ao que Gojira, embasbacado, responde com um murro no apartamento, fazendo cair metade do quarteirão. Gojira, já recomposto, aceita a lição que lhe foi providenciada: dinheiro e casa primeiro, excelente capacidade para minetes, depois. A palavra "amour" é proferida 765 vezes.
Gojira versão Lav Diaz:
-é a evolução, em tempo real, da vida de Gojira, desde o seu nascimento há 100 milhões de anos, até aos dias de hoje, quando o nosso monstro trabalha como "curador" em diversos festivais multimédia por todo o mundo.
Gojira versão Malick:
-Gojira vive numa pradaria no Colorado. Juntamente com o pai e a irmã piquena, Gojira passa os dias trabalhando na lavoura, dormindo, e comendo, completamente fora dos domínios tecnológicos dos nossos dias, imposição do seu rigoroso e monástico pai. Gojira, por vezes, esperando pelo efeito certo de luz, e passando as pontas dos dedos pelas searas, divaga nos seus pensamentos mais fundos: Que mundo é este, em que nem televisão se pode ver? Deus, nem sequer um rádio a pilhas me podes providenciar? Temeis que o vício se apodere de mim? E lá voltava ele para casa, com o efeito certo de contra-luz, com as pontas dos dedos pelas searas. Ao jantar, havia polifonia de voz offs, com o pai a questionar-se: Será que salguei demasiado o coelho?, a filha em alucinadas declarações ao seu enamorado: o meu amor por ti corre como um rio puro de papagaios dourados e reluzente como três chitas dormindo, e Gojira um tanto um quanto zangado: nem um caralho de um leitor de cassetes, Deus Nosso Senhor? E depois víamos a casa na pradaria, as luzes no seu interior, e a escuridão do Colorado em volta.
Gojira versão Oppenheimer:
-Gojira, em tempos, foi um facínora ao serviço do partido dominante. Matando e comendo 2 biliões de outros monstros, Gojira goza hoje de inquestionável reputação na zona, sendo tratado como "Big Daddy" pelos mais jovens, admiradores das façanhas dos tempos idos. Um documentarista quer que Gojira reviva esses tempos de sangue e dentadas. Gojira aceita, reconstituindo, por entre risadas, os seus crimes mais espectaculares. Outros companheiros, geracionais ou de mesmo espirito, participam e riem com Gojira. Mas o nosso monstro vai, aos poucos, processando certos remorsos, terminando tudo com incontáveis sessões de Gojira a vomitar no terraço onde costuma ver filmes de Hollywood, uma das suas grandes paixões. Gojira reflete e aceita a sua pesada consciência.
Gojira versão Napalm:
-sem ponta de corno para fazer, Gojira, por entre uma cerveja e o Frei Bento Domingues na Rtp Informação, vai preparando um post sobre uma infame lista redigiada por um MUTU.