Un partie de plaisir, colheita chabroliana de 1975, é cinema burguês calibrado no ponto máximo das suas possibilidades. Claude, como se sabe, seria capaz de fazer um filme apenas com uma batata e uma pedra, desde que ambas pertencessem a classes diferentes, e em Un partie de plaisir é luta de classes com respectivos anexos de luta conjugal, luta cultural, e luta comensal, na ressaca da "libertação sexual", "Maio de 68", "emancipação feminina", e demais baguetes sociológicas. Sabendo do que nós gostamos, Chabrol e argumentista/actor Paul Gegauf vão lentamente estabelecendo pontos de tensão, que culminam numa das mais belas e fascinantes manifestações de poder masculinas já vistas na "magia do cinema", e que envolvem uma língua e uma outra parte do corpo humano; jogos de massacre de alto gabarito, e isto deve ser o mais próximo da versão hardcore de um qualquer conto moral Rohmeriano. O Rosenbaum escreve que Un partie de plaisir é um dos mais "feios" filmes do Chabrol, mas que por isso mesmo mantém um grande fascínio. Isto traz a liça os escritos do próprio Jonathan, irritantes até à medula, mas de enorme fascínio caganeiro. Aconselhamos também este filme ao Ozon, para ver se mete alguma pincelada de perversidade no seu cinema, já que dispensamos a anemia dos seus últimos trabalhos, como o último e soporífero Pitinha & Putinha.