Mas que crueldades cometeu este belo país para merecer albergar os dois mais miseráveis "realizadores" dos dias de hoje?
Entretanto:
As Novas Aventuras do Menino Nicolas
Bateu com a porta de casa nas suas costas. Uma brisa dantesca aromatizava os céus de Copenhaga. Nicolas, de óculos escuros e barrete, fechou os olhos e decidiu ser abraçado pela frescura das ventanias. Os restinhos de sémen de Ryan que ainda se alojavam no canto direito da boca não resistiram aos "ventos ciclópicos". Menino Nicolas começou a andar. Levitava com a sua graciocidade, mais parecendo que se deslocava em super-slow motion. Constatou-se, mais tarde, que sim, era mesmo em super-slow motion. Imune ás pressas quotidianas, planando acima das demais pessoazinhas, incapazes de se moverem em super slow-motion e de terem os Chromatics como banda-sonora pessoal. O seu rosto destilava uma épica concentração, um espectro de tensão em permanente busca por donzelas loirinhas, bonitas e inocentes em apuros, vítimas dos maus do mundo. Nicolas via tudo em bonitas cores garridas, altíssimo alto-contraste, puríssimos raios gama. A mercearia era já ali. Entrou, com os Chromatics ao seu lado. Impassível, agarrou no cestinho e começou à procura das verduras para o seu amante, já que ele dispensava o humano esforço de se alimentar, coisa própria de seres inferiores. Que seriedade a escolher os espinafres. Que apuradíssima lentidão a amassar os melões. Que coolness a enfiar duas cenouras na boca. Meninas loirinhas, bonitas e inocentes pasmavam de gratidão perante tamanha beleza, e algumas não resistiam ao poder das lágrimas. Menino Nicolas, com as cenouras na boca, logo se prontificava em ajudar as mais necessitadas, com os Chromatics a soarem cada vez mais alto. Senhoras mais velhas também muito agradadas ficavam com tal espectáculo, para raiva dos seus esposos que ali se encontravam, a roerem-se de inveja por se moverem a uma velocidade normal e de terem o Bon Iver como banda-sonora privativa. Nicolas, sem esboçar gestos ou falar (coisas de humanos), dali saiu, com as cenouras na boca, e regressou a casa, com fades para branco e muito luminosos a fazerem-no avançar mais rápido em direcção dos seus aposentos. Ali entrado, estava Ryan, espantoso de gravidade, de uma rigidez e grossuras de alma jamais vistas, e que disse, para lágrimas de emoção de quem mais tarde soube destes acontecimentos, tais proféticas palavras:
- Agora tira as cenouras da boca e anda cá ao papá.