Não é de admirar que tenha sido apenas no seu filme de estreia, Nomads, que o McTiernan tenha sido o autor do argumento, tal é a proeza ridícula do seu conteúdo, onde espiritos de esquimós transplantam-se para motoqueiros de cabedal na L.A dos anos 80, e em que o Pierce Brosnan tem um sotaque francês de fazer corar de vergonha o Dr. Mário Soares, que muitos anos o tenham, embora eu gostasse mais do Dr. Ramalho Eanes, aliás, há uma foto dele comigo ao colo, aí por volta de 1982, era o Paolo Rossi o melhor jogador do mundo. E, apesar de mais cousas de bradar aos céus (música rock pimba omnipresente, planos acabados de sair de um clip dos Whitesnake (Jesus Senhor), e uma seriedade que só pode provocar fartas lágrimas de riso), Nomads liberta o mínimo dos fascínios, sobretudo e em retrospectiva, tendo em conta o que seriam os filmes seguintes do homem. Já lá está o primorosa utilização do grande plano, o discreto uso da câmara lenta (com uma sequência que seria copiada tanto no Die Hard e depois, já em bandeiradas de irrisão, no Last Action Hero) e uma curiosa melancolia. Meses depois, em vez de melancolia, havia vinte minutos de silenciosa estratégia de guerrilha num pinhal da América do Sul. E depois é história. Hoje anda com problemas de justiça. O Abrams e o Joss Whedon, por outro lado, continuam à solta.