Este blogo deseja um bom ano de 2013 a toda a boa gente do mundo.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
o BEM e o MAL- 2 (de 5)
"Mas olhe que eu ás vezes também sou mauzinho". "Mauzinho não. Mauzão. Mauzão Digital. Ihihih". E assim prosseguiam as práticas, tão saborosas quanto malévolas, do Senhor Académico e do Mauzão Digital. Reunidos nos luxuosos aposentos do primeiro (ornamentados através de impostos agiotas sobre as indefesas e boas gentes da encosta), relembravam conquistas passadas, degustavam vitórias presentes e projectavam ruindades futuras. Maus. A alegria e boa disposição andavam de mãos dadas, só interrompidas pela menção do Doutor Audiovisual, o incontestável Mestre de ambos os dois. Os rostos tornaram-se graves e pesados durante alguns segundos. Mas logo voltou a farra, quando o Mauzão Digital começou a falar sobre aquela vez em que tinha limpo o cagado rabo com a capa de uns Cadernus Du CinéMa amarelos. Foi um fartote. Mas vamos deixar por agora estes malvados e vamos saber que outros sucessos estavam a decorrer no Castelo. Então, nas masmorras digitais, Haneke, o Montanhês, prosseguia os castigos inomináveis ao menino Cinema Livre. Depois de lhe atirar com berlindes à cara bonita, atrevia-se a exibir-lhe, de uma forma que não pode deixar ninguém com coração indiferente, excertos de Funny Games USA. O menino horrorizava-se e chamava pela mamã, de seu nome Mise-En-Scéne, o que fazia aumentar ainda mais os desejos humilhadores e grotescos de Haneke, o Montanhês. Entretantos, surge, a tossir de tanto correr, Hologramas Wachowski, que se aproximou de Haneke, o Montanhês, e lhe segredou qualquer vagabundagem ao ouvido. Haneke, o Montanhês, ainda mais colérico ficou, e espetou com o dvd na cara do menino Cinema Livre, que já misturava ranho com lágrimas de uma tocante inocência. "Traz a cassete", disse Haneke, o Montanhês ao Hologramas Wachowski, para grande satisfação deste, que sabia bem o que iria suceder sempre que o outro lhe ordenava que lhe trouxesse "a cassete". Sem permissão dos Senhores, Haneke, o Montanhês e Hologramas Wachowski montaram touros digitais com cornos académicos, um verdadeiro susto. Começaram a descer a encosta para a vila, mas voltaram para trás, quando se lembraram que não tinham deixado ninguém a castigar o menino. Assim, foram acordar aos seus modestos aposentos Scorsese, o Traidor, e Haneke, o Montanhês, deu-lhe ordens para dar pancada da grossa ao menino. Voltaram a montar os touros digitais, e Scorsese, o Traidor, foi para junto do menino, com este a rogar-lhe misericórdia, e a dizer-lhe que ele ainda tinha bondade no seu coração, que ainda não era totalmente mau, e por uns momentos soltou-se uma faísca no interior de Scorsese, o Traidor, mas logo se desvanesceu, um cenário de tragédia. Não dizemos a nomear e a demonstrar as atrozidades que Scorsese, o Traidor, cometeu sobre o menino Cinema Livre e vamos de volta à encosta, onde os dois caçadores, montados em falsos touros, iam a caminho da casa do Senhor Andre, coitadinho. As velhas de xaile preto, mal souberam que vinha aí catástrofe e Maus arrazoados, levaram os meninos para dentro de casa, acenderam uma vela e rezaram a São João Lucas. Na loja, o Senhor Andre esperava a chegada do Mal. Prostrado, cabeça baixa, preparando-se para o Adeus...
Este segundo manuscrito termina aqui, o que não deixou de espantar os historiadores e linguareiros, pois ainda havia folha e meia para preencher, o que ajuda a possivelmente provar uma das teorias adjacentes: a de que cada manuscrito foi escrito ao mesmo tempo por cinco pessoas diferentes, o que seria verdadeiramente bizarro, para mais se atendermos à evidente deformação cognitiva dos seus possíveis autores.
sábado, 29 de dezembro de 2012
2012.
...e fora do circuito comercial:
Margaret, Kenneth Lonergan
Programa do Aleixo, 2ª Temporada
Espanha-1 Itália-1 (Euro 2012)
os dois primeiros álbuns do David Sylvian
salada de atum em Terça-Feira, Daniel Pereira
conversa na livraria da Cinemateca em A Pena Perdida, José Oliveira
um casal a foder na praia e passado pouco tempo o rapaz diz:" ó vizinho, tem horas?"
Andrea Pirlo
as mamas da Silvana
Fassbinder no Estádio
Barcelona-Madrid numa esplanada em Barcelona
a Vânia em bikini
Nana, Emile Zola
o artigo do Mourinha sobre aquela revista de cinema. Sempre gostei do Mourinha
lareira acesa
a Kylie Minogue no Holy Motors
o golo do Maicon em fora de jogo
o motorista italiano do táxi a caminho do Coliseum
"a minha mãe é uma mãe fordiana"
Phelps, Jim e Michael
o episódio "Miniature", de Twilight Zone
Barbara Bain
a Teresa, que já não via há coisa de sete anos e continua cada vez melhor
o mediterrâneo ás duas da manhã
milhares e milhares de cigarros
bagaço caseiro
a Scarlett no The Avengers
Marie Rivière
Le Rayon Vert
Marie Rivière
Le Rayon Vert
porno japonês
rodízio de marisco com vinho verde
"Tiago, queres ver-nos a pintar as unhas?"
Zanetti, 150 anos
o Robocop do Padilha só estreia em 2014. Ide-vos
não me lembro de mais
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
o BEM e o MAL -1 (de 5)
[...] encontrados os manuscritos debaixo de uma rola morta. Segundo os linguareiros de serviço, os manuscritos datavam de uma data incerta e de uma não menos segura ocupação territorial. Conseguiram apurar, no entanto, que o(s) seu (s) autor(es) deveriam possuir não mais do que a 4ª classe ou, em alternativa, alguma paralisa intelectual. Assim rezava a história no primeiro manuscrito:
Havia dois senhores muito maus, o Senhor Académico e o Mauzão Digital. Que mandavam no castelo escuro e feio e mauzão. Os dois senhores muito maus ás vezes tinham arrufos um com o outro mas na maior parte das vezes eram amigos e aos sábados organizavam jantares grandes com muita lampreia e marisco. Os soldados gostavam muito e era uma alegria para todos. Os soldados ás vezes ainda eram mais cruéis e maus do que os os seus Senhores, que já eram muito maus. Havia velhas de xaile preto que nas encostas do castelo diziam que nunca tinham visto tanta maldade na vida nem tão grande rasto de destruição. Os soldados, comandados por Haneke, o Montanhês, ás vezes ouviam as velhas e riam-se muito, enquanto limpavam as beiças com os restos do frango roubado na mercearia do Senhor Andre, coitadinho. Um dia apanharam um menino chamado Cinema Livre e derrearam-no com porrada e meteram-no numa cela escura, má e cheia de ratazanas gordas e peludas e muito más. E Haneke, o Montanhês, mandava os seus rapazes a cuspirem e a mijarem para cima do menino Cinema Livre, que chorava e pedia ajuda. O Senhor Académico e o Mauzão Digital ficaram muito contentes com esta apanha, porque já há muuuuito tempo que andavam à coca deste menino. Iam moê-lo com tanta pancada e depois iam dar os restos que sobrassem aos irmãos Taviani, que andavam esfomeados. Com os dentes podres da sua evidente maldade, o Mauzão Digital batia palmas e saltava enquanto Haneke, o Montanhês, dava com um pau na cara do menino. Os gritos deste eram tão fortes que se ouviam cá em baixo, na vila, onde o Senhor Andre chorava e pedia aos salmos que alguém tivesse mão neste mundo. As trevas...
E aqui termina o primeiro manuscrito, com marcas de lágrimas secas a emoldurarem as suas extremidades inferiores, sinal insofismável da grande emoção por que passava o seu autor. [...]
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
drogas fertilizantes.
Primeiros: o "Estádio" é a possível emulação lisboeta do Jack Rabbit Slim's do Pulp Fiction. Desde uma jukebox poeirenta a sósias do Fassbinder e da Agnés Varda, o maravilhamento cinéfilo é garantido. Ora ontem, os dois autores, fundadores, senhores, e ditadores deste blogo decidiram, ao fim de umas quantas bazukas alcoólicas, escrevinharem numa factura da CP os seus tops tens cinematográficos do presente ano, e das duas décadas passadas. Pensou-se continuar a aventura até aos dias de Lumiére, mas não havia mais papel. Entretanto, o Messi, na tv, enfiava mais duas balas na baliza adversária e o Madrid levava enxerto nesse grandioso estádio de Vigo. As presenças femininas tinham o mínimo de encanto, o que não invalidou um dos autores a afirmar, de forma escabrosa, que "ia tudo a eito!". Um outro, já quase KO com dores de cabeça, delirava:" o Enter the Void vale 100 Godards!", "o Wenders, até ao Paris, Texas, foi o melhor realizador de todos os tempos!". Discutiu-se bezanamente o significado de expressões como "piquena obra-prima" e "filme menor". Aconselharam-se Zurlinis. Festejou-se Gogol. Mandou-se o Sousa Tavares pó caralho, por ter escrito, de forma suez, que o Danilo vale meio Fucile. Já ia a madrugada nos seus inícios quando um dos ditadores envia uma sms a outro:" Foda-se, faltam o Eastwood e o Wiseman nos anos 90!". Um deles, antes de entregar o corpo ao mundo da "magia dos sonhos", visionou um excerto de recente e exótico cinema nipónico. Um espectáculo de beleza animal sem precedentes. Ia tudo a eito!
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
coisinhas boas.
Chabrol é um homem de pequenos prazeres. A esta hora deverá estar no reino do Senhor a bebericar uma vinhaça, a manjar uns pãezinhos com manteiga e a fumar uma charutada com o Alfred. Bellamy, o seu último filme, é também isso: uma relíquia de interstícios da vida, o quotidiano e as suas reluzentes banalidades a sobreporem-se sobre o "policial" e essas tretas do "género". Simplesmente, um filme de floreados sexuais (Depardieu, genial, imerso numa loucura mamária) e de papilas gustativas. Menos um a presentear-nos com saborosas mordomias. Vahina Giocante, quero ir à praia contigo.
ps- ao fim de vinte minutos do War Horse já estava com dores de fígado. No espaço de poucos meses, Spielberg estreia dois dos seus três piores filmes.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
"cinema livre".
Começa com um travelling ao longo de uma limusina reluzente. As cobras e os caixões do Lang. Tão bonito. Esforço titânico para não se rebentar de riso perante o vampirinho em pose de estática fin-de-siècle. Diálogos impositivos, literários, a suspirar de "seriedade" e "tema". Miseráveis. A Binoche a dar o cu. O "silêncio individualista" da limusini perante os abafados ruídos da sociedade. Nojo. Seria uma vergonha na carreira do Ron Howard. Espero que os restantes noventa e cinco minutos não sejam tão importantes.
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