1.Brooke Shields. 2.Guloseimas de Natal servidas por jovem mulher: insulto aos nutricionistas e ao feminismo anti-natalício. A Castle for Christmas (2021). Mary Lambert
Filme:
3/5 (Qual Ahab obsessivamente atrás da baleia, continuamos até hoje à procura de um poster da Brooke Shields em shorts de ganga- referente ao filme de 1984
Wet Gold- que veio na TV Guia algures entre 1984 e 1989. Um dos mais belos objetos de afeto da infância e perdemo-lo sem rei nem roque. É claro que poderei ver a
mesma fotografia na internet sempre que desejar, mas para velhos marinheiros como nós, não há nada como o objeto físico para tatear. Quanto ao filme, é uma açucaradíssima e deliciosa refeição cinematográfica de natali, com todos os ingredientes dos lugares comuns encaixados nos seus devidos pratos. E bastante conservador. Tão conservador que as "minorias" que aqui se apresentam são subtilmente encaixadas na engrenagem tradicional do espírito natalício e patriarcal.)
1."Eram os anos 70 natalícios". 2.Mary Elizabeth Winstead. Crystal Lowe. 3.Leela Savasta. 4.Michelle Trachtenberg. 5.Jessica Harmon. 6.Continua a fumar-se no cinema americano. 7.Lacey Chabert. 8.Cookies para o Santa envoltos em molho de sangue. 9.Katie Cassidy faz beicinho. 10.Kristen Cloke. Black Christmas (2006). Glen Morgan
Filme: 2/5 (Durante 75% da sua duração, Black Christmas é superior ao homónimo de 1974. Opõe ao desajeitado e primitivo registo de Bob Clark um semblante muito mais cuidado, estilizado, com melhor apreensão dos espaços, mais atenção ás cores e ás propriedades palpáveis dos sons. Tão interessados ficamos, que nem sequer ligamos á história e nem nos indignamos com o decote pouco generoso da Lacey Chabert. Mas inevitavelmente terá de começar a haver climaxes atrás de climaxes e a história vai devorando sofregamente os delicados embrulhos cinematográficos de Morgan. Nem todos os filmes podem ser obras-primas.)
1.Ruth Jones apenas quer ter uma casa perfeita durante o Natal. 2.Ruth Jones sofre de obsessão compulsiva obsessiva. 3.É 1983, e Steve Speirs apresenta a maior maravilha criada até então pelo Homem. A Child's Christmases in Wales (2009). Christine Gernon
Filme: 2/5 (Como diz o Richard Farnsworth no The Straight Story: "Family is family".)
1.Lila Leeds. 2.Audrey Totter. 3.Jayne Meadows. Lady in the Lake (1947). Robert Montgomery
Filme: 4/5 (O Gaspar Noé disse que teve a ideia para o Enter the Void depois de ver este filme de madrugada e com cogumelos mágicos enfiados no bucho. Bastaria já esse pormenor para tornar Lady in the Lake de uma importância vital na história dos humanos. Contudo, há pelo menos um outro grande prazer: como tudo está na perspetiva da primeira-pessoa, e, obviamente, os atores olham diretamente na câmara, sentimo-nos então espectadores ativos no franzir do sobrolho da Audrey Totter, na sua boca de espanto perante os "nossos" insultos sexistas, no teasing profano da Lila Leeds, ou no riso da Jayne Meadows perante o "nosso" deslavado atrevimento. Mas entretanto acaba o belo filme, e logo vemos que isto da imersão nos cinemas nos desvia de assuntos da maior importância: tomar banho e fazer embrulhos de presentes ás três pancadas.)
1.Peggie Castle analisa uma perna de frango. 2.Mary Anderson. 3.Tani Guthrie coloca a um canto o pobre Biff Elliot. 4.Margaret Sheridan. 5.Mike Hammer (Biff Elliot) desvenda os segredos morais e éticos de uma pistola. I, the Jury (1953). Harry Essex
Filme: 3/5 (Um noir em tempos de Natal. Com bonitos e fofinhos cartões-postali da época a servirem de separadores entre sequências. One-liners chauvinistas e brutais e ambiente granítico entrecortados por mistletoes e árvores de natal. A manipuladora Peggie Castle a realizar um extensivo e sensual strip-tease como forma de amolecer os instintos selvagens do nosso herói Biff Elliot. Nada feito, serpente! Mike Hammer é que escolhe quando, como e por quem é assediado.)
1.Lori Loughlin. Diversos estímulos açucareiros para o Santa. 2.Isabella Giannulli. Homegrown Christmas (2018). Mel Damski
Filme: 2/5 (Natal sem filme da Hallmark é como Natal sem nozes ou filhoses. Também é uma forma de por uma hora e meia estarmos num mundo sem ativistas e ONGS de qualquer espécie.)
1.Kim Basinger. 2.Erika Shaye-Gair. While She Was Out (2008). Susan Montford
Filme: 2/5 (Durante uns cinco minutos, Kim Basinger contempla. Contempla as diversas lojas e produtos do centro comercial em vésperas de Natal. Anda, roda sobre si própria lentamente, mira e toca os objetos, vê o preço deles, escolhe o que quer, volta a colocar no sítio, delicadamente, os que não quer (ou que não pode ter). E uma pessoa esbugalha os olhos, coça-os e questiona-se como é que alguém no mundo industrial do cinema amaricano ainda consegue ter a ousadia de colocar na magia da tela estas pepitas de enlevo temporal, de suspensão de qualquer avanço ou recuo dramático. Ficamos muito contentes, perdoamos todo o resto do filme- genérico, mas não mau- e se aliarmos a isso que estamos uma hora e meia na companhia da Kim, então, já demos por bem entregue o nosso tempo. Podíamos estar numa sessão de q&a com algum realizador filho da puta e pretensioso, o que seria bem pior.)
Riley Dandy. Christmas Bloody Christmas (2022). Joe Begos
Filme: 1/5 (Se estreasse em 1982, estamos certos que passados quarenta anos, ou seja, agora, Christmas Bloody Christmas seria já um filme de culto de lixo natalício, ali ao lado do Christmas Evil ou do Silent Night, Deadly Night. Mas como estreou em 2022, estamos pouco convictos de que em 2062 haja muita gente que o recorde- aliás, haja muita gente que recorde algum filme já feito até hoje. No mundo cinematográfico parasitário dos dias de hoje, Christmas Bloody Christmas poder-se-á classificar como um encontro entre um filme do Linklater cheio de asneiredo, o tal Silent Night, Deadly Night e o primeiro Terminator. Tudo muito anestesiante, incluindo a cena do minete à Riley Dandy.)
1.Justine Till. 2.Susan Hogan. 3.Linda Goranson. 4.Tammy Bourne. An American Christmas Carol (1979). Eric Till
Filme: 2/5 (Portugal deverá ser o único país do mundo ocidental que nunca fez a sua versão do A Christmas Carol. O Botelho está à espera do quê? Já fez a do Hard Times, que por acaso é o seu, de longe, muito longe, melhor filme. Podia também muito bem fazer mais este Dickens. Em "estilizado preto-e-branco".)
1.Kenny Doughty & Laura Fraser: o momento em que Ebenezer se transforma em Scrooge. 2.A senhora Cratchit corta o ganso perante a maravilha geral. 3.A senhora Cratchit coloca o seu espantoso pudim na mesa, com o toque sagrado final. A Christmas Carol (1999). David Hugh Jones
Filme: 2/5 (Medíocres, banais, boas, muito boas, magníficas: fazemos coleção das adaptações cinematográficas do conto do Charles. Até aquelas com o Patrick Stewart como Scrooge.)
1.O nascimento do Menino, com muitas anjinhas e duas mães. 2.Zuppa Inglese feito pela Valeria Bruni Tedeschi. Le pupille (2022). Alice Rohrwacher
Filme: 3/5 (Jocosa e lúdica rebelião das muninas num orfanato em tempo de natal e de guerra (1943). Registo perfeitamente adequado a uma média-metragem de 37 minutos.)
1,Catherine O'Hara. 2.Melhor título de um Noir jamais feito. Também nunca tinha reparado nos vhs's do Bruce Springsteen e dos Rolling Stones. 3.Kevin McCallister mostra como se pode tornar agradável a visão de um filme do Assayas. Home Alone (1990). Chris Columbus
Filme: 3/5 (Até à eternidade.)
1.Um splatter imaginário da segunda metade dos anos 80; um filme imaginário com o Bela Lugosi dos anos 40; um slasher imaginário com abundantes mortes de adolescentes numa sorority; o segundo melhor título de um Noir jamais feito. 2.Kevin McCallister mostra como se pode tornar agradável a visão de um filme da Mia Hansen-Love. 3.Catherine O'Hara. Home Alone 2: Lost in New York (1992). Chris Columbus
Filme: 4/5 (Até à eternidade #2. Consegue ser ainda mais Averyano no massacre das pobres almas de Deus Marv e Harry.)
Jerry & Tom: seis minutos depois deste momento, descobrem a compaixão natalícia e que não conseguem viver um sem o outro. The Night Before Christmas (1941). William Hanna, Joseph Barbera & Rudolf Ising
Filme: 4/5 (Até à eternidade #3.)
O melhor momento do filme. The Apology (2022). Alison Locke
Filme: 2/5 (O que começa como uma maravilha atmosférica- neve, uma casa isolada, a mesma casa repleta de bréu, praticamente só iluminada pelas luzes natalícias, uma personagem que bate à porta dessa casa no meio de uma tempestade de neve, comida de natal- vai-se perdendo para os terrenos convencionais do palavroso thriller de vingança, mesmo com as zonas cinzentas das personagens a afirmarem-se presentes e de boa saúde. Teria dado uma boa/muito boa curta-metragem, penso eu de que.)
Marjorie Reynolds. Holiday Inn (1942). Mark Sandrich
Filme: 3/5 (Em 1942, o Irving Berlin já escrevia "Just like the ones i used to know". Those were the days. Um filme leve como uma bola de plástico de natal, com ordens/desordens/e novamente ordens, onde tudo está no devido sítio: casamentos, louvores ás grandiosas forças armadas dos U.S.A, dedicatória sentimental à "magia de fazer cinema" e uma cena com black faces. Nos gloriosos feitos da humanidade, o "White Christmas" na voz do Bing Crosby estará ali junto á expulsão da mourilândia da Península Ibérica e á invenção do bikini de duas peças.)
1.Bing Crosby aquece os corações das tropas em plena Europa de estúdio. 2.Duas floozys que fazem realçar o VistaVision. 3.Rosemary Clooney. 4.Vera-Ellen. 5.Anne Whitfield. White Christmas (1954). Michael Curtis
Filme: 3/5 (O VistaVision, introduzido neste filme, tem uma particularidade muito notável, e que é a seguinte: consegue dar cor a cadáveres de dois meses. Também exacerba a cor dos olhos, do batom e das roupas de tons exuberantes, mas tudo isso empalidece em relação ao primeiro esclarecimento. É aconchegante, é caloroso e tem a singeleza de um cartão-postal. Como o filme, que é quase uma sequela da receita do Holiday Inn. Sabemos que o Bing Crosby, solitário e triste, imerso no trabalho, terá de arranjar uma cara-metade dê lá por onde der. E, por Zeus, vai consegui-lo! E, uma vez mais, uma congratulação especial ao exército dos U.S.A. Os últimos quinze minutos não se aconselham a pessoas mais propensas a sentimentos humanos demasiado afetuosos ou demasiado cínicos.)