sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Apologia do empréstimo
Se tivesse aproveitado o meu enorme talento como jogador de futebol, gostaria de ter estagnado naquele patamar de jogador cujas qualidades o levam a um grande, mas nunca de forma a afirmar-se no plantel, sendo consecutivamente emprestado. Reparem na beleza do percurso de um Wilson Eduardo: depois de um ano fixo em Lisboa, isto após andar por cidades secundárias deste país, teve a felicidade de passar meio ano em Zagreb, com certeza usufruindo do seu aspecto exótico perante o público feminino que não seja de extrema-direita, preparando-se agora para rumar a Haia, pelo menos por outro meio ano, com certeza já cheio de planos para aproveitar a Primavera a fazer piqueniques no Meijendel. Ou o Candeias, provavelmente já farto da Madeira, que depois de um rigoroso Inverno em Nuremberga, e que o tornou especialista em Dürer, é premiado com uma cidade espanhola, Granada, relativamente perto das águas quentes do Mediterrâneo. Muito aborrecida deve ser a vida de um Messi, que já sabe tudo sobre a Sagrada Família de tantas vezes que já lá foi, ou de um Casillas, que há anos anda na baliza a sonhar com a Cinemateca de Paris ou com o seu objectivo de comer fish and chips em todas as casas de Londres que sirvam esta oleosa refeição.