terça-feira, 10 de junho de 2014

dios santo, viva el fútbol!


Já imaginamos um futuro distópico onde cada pessoa será obrigada a ver filmes do Serra*, do Anderson, do Jonze e do Reygadas, a ler Brenez e seus génios espontâneos saídos de uma pedra, a ler textos do Napalm, a ouvir B fachadas, Joões Corações, Úrias e demais trambolhos bonifacianos, a ser proibida de ter acesso aos textos do Sérgio Santos, a ter de levar dias a fio com "vídeos-ensaio" sobre a "composição geométrica dos planos" de um filho da punheta qualquer, num mundo sem bikinis, tops, mini saias e unhas pintadas, e sem jamais ter sabido que houve um momento na história em que um "barrilete cósmico" de 1.60 rebentou com meia dúzia de marrecos ingleses . Fiquem lá com as maldivas, filhos da punheta (perdão Hitch, perdão Chaplin, perdão Kim Wilde, perdão Nick Drake, etc.).

* excelentes sucessos ocurreram durante a visão NO MONITOR (uma das vantagens de viver em lado nenhum é que a pestilência de um filme do Serra jamais estará a menos de duzentos a trezentos quilómetros de distância) do filme do Serra. A partir dos para aí vinte minutos de filme, uma mosca começou a ser atraída pela "magia da tela do monitor". Tive de ir buscar o mata-moscas, e a partir daí foi regabofe. A senilidade evidente do Serra (quadros "muito bem compostos", com uma ideia cheia de si do que é "cinema arte e resistência", com diálogos espaçados para mostrar que "temos de fugir ao barulho do cinema contemporâneo") começou a ser castigada copiosamente pelo mata-moscas, com vergastadas poderosas nos mortos-vivos Seurat, Altaió e aquele velhadas a fazer de Drácula. Até tive pena daquelas meninas jeitosas, mas foi tudo a eito. Numa espantosa capacidade atlética, o moscardo lá se ia escapando aos meus intentos, como que me obrigando a levar até ao fim com planos de sanitas repletas de cagalhões (Serra auto-criticando-se?), iluminação "escura-escura" ("há que fugir da claridade revoltante do cinema que dá tudo a ver!"), e jovens donzelas vitimas de nojentos assédios por parte de repelentes tarados sexuais. O que vale é que daqui a vinte e cinco anos toda a gente preferirá ver isto a observar, por um segundo que seja, a Adéle a lamber a cona da Lea Seydoux. Serra, és uma vergonha para a Catalunha.