O mundo está em choque com a eliminação da Inglaterra do Mundial-2014. Uma das principais favoritas a vencer a competição, recheada de jogadores de valor inquestionável e com um histórico impressionante em fases finais de Euros e Mundiais (ver em baixo), volta para casa quando ninguém estava à espera. Em particular, os produtores brasileiros de cachaça, de pecuária e de galináceos, que vêm o seu lucro baixar em mais de 2000%. Estamos todos tristes.
Euros e Mundiais ganhos pela seleção Inglesa antes e após 1966:
Finais de Euros e Mundiais antes e após 1966 em que participou a seleção inglesa:
9. Em que medida é que pessoas que exultam com a goleada sofrida pelos espanhóis ante os holandeses (e têm sido inúmeros, desde anónimos a pessoas que, de acordo com um determinado código, deviam ser um bocadinho mais isentas) são diferentes de pessoas para quem o mundo estaria melhor sem Shakespeare? E em que medida é que pessoas assim se distinguem das pessoas que, a dada altura, acharam que o mundo estaria melhor sem judeus? Não é exagero; exultar com o que se passou ontem é parecidíssimo com exultar com câmaras de gás. Ficar contente perante a perspectiva de a melhor coisa que já aconteceu ao futebol poder finalmente desaparecer é, deste ponto de vista, mais ou menos o mesmo que bater palmas a um genocídio. É de congratular a ignorância com que o faz quem o faz. A Humanidade está de certeza orgulhosa de vocês!
A vitória da Alemanha superou todas as minhas melhores expectativas. Estava à espera de uma vitória, mas sem estas épicas demonstrações de desprezo e desrespeito para com o adversário. Bastou uma exibição a diesel para rachar ao meio a equipa contrária; bastaria mais um bocadinho de forcing e a seleção rival ficaria tão empenada como o cu da Sasha Grey depois de dupla penetração por parte de dois negões.
As diferenças entre a Alemanha e o seu oponente de ontem não se limitaram à qualidade futebolistica. Repare-se na fina educação e na beleza dos jogadores teutónicos para com o horripilante conjunto de presidiários, assassinos, azeiteiros e analfabetos que constituem a seleção que ontem levou quatro secos; de um lado temos Hummels, que se não fosse jogador da bola, seria modelo da Calvin Klein e rebentaria cus e conas sempre que quisesse; Lahm, que faria um disciplinado oficial da Gestapo; Boateng, uma das altas patentes das SS; Muller, Kroos e Schurrle como inteligentissimos vilões de um Lang dos anos vinte; Neuer, como magnífico actor porno em faustosas sessões de mijadelas e cagadelas em cima de garbosas meninas vindas da Baviera; Ozil e Khedira como jovens e ambiciosos advogados, culturalmente exemplares e eticamente inatacáveis.
Do outro lado, um defesa direito de 60 cm que tenta compensar a sua pequenez fisica e intelectual com doses de agressividade fora do comum, alembrando Joe Dalton; um defesa central que é um assassino disfarçado de defesa central. Toda a estupidez do mundo parece estar concentrada naquela cara, e a acusação de "assassino" não é leviana: este sujeito já tentou matar, literalmente, um colega de profissão em campo. Nos intervalos de ser, talvez, o mais asqueroso "jogador de futebol" mundial, é a putinha preferida do "melhor jogador do mundo"; o outro defesa central, apesar de parecer um monge ao pé do outro, não deixar de também ser uma besta quadrada: o defesa esquerdo, se não fosse jogador de futebol, andaria hoje em dia a dar navalhadas e a assaltar pessoas nas ruas de Vila do Conde; um dos jogadores do meio campo poderia ser um dos membros nazis da prisão no American History X, ou substituir o ex-Queens of the Stone Age Nick Oliveri. As suas fodas com a sua ainda mais tatuada esposa devem ser a matéria de que os pesadelos são feitos. Apoiem, apoiem.
Já imaginamos um futuro distópico onde cada pessoa será obrigada a ver filmes do Serra*, do Anderson, do Jonze e do Reygadas, a ler Brenez e seus génios espontâneos saídos de uma pedra, a ler textos do Napalm, a ouvir B fachadas, Joões Corações, Úrias e demais trambolhos bonifacianos, a ser proibida de ter acesso aos textos do Sérgio Santos, a ter de levar dias a fio com "vídeos-ensaio" sobre a "composição geométrica dos planos" de um filho da punheta qualquer, num mundo sem bikinis, tops, mini saias e unhas pintadas, e sem jamais ter sabido que houve um momento na história em que um "barrilete cósmico" de 1.60 rebentou com meia dúzia de marrecos ingleses . Fiquem lá com as maldivas, filhos da punheta (perdão Hitch, perdão Chaplin, perdão Kim Wilde, perdão Nick Drake, etc.).
* excelentes sucessos ocurreram durante a visão NO MONITOR (uma das vantagens de viver em lado nenhum é que a pestilência de um filme do Serra jamais estará a menos de duzentos a trezentos quilómetros de distância) do filme do Serra. A partir dos para aí vinte minutos de filme, uma mosca começou a ser atraída pela "magia da tela do monitor". Tive de ir buscar o mata-moscas, e a partir daí foi regabofe. A senilidade evidente do Serra (quadros "muito bem compostos", com uma ideia cheia de si do que é "cinema arte e resistência", com diálogos espaçados para mostrar que "temos de fugir ao barulho do cinema contemporâneo") começou a ser castigada copiosamente pelo mata-moscas, com vergastadas poderosas nos mortos-vivos Seurat, Altaió e aquele velhadas a fazer de Drácula. Até tive pena daquelas meninas jeitosas, mas foi tudo a eito. Numa espantosa capacidade atlética, o moscardo lá se ia escapando aos meus intentos, como que me obrigando a levar até ao fim com planos de sanitas repletas de cagalhões (Serra auto-criticando-se?), iluminação "escura-escura" ("há que fugir da claridade revoltante do cinema que dá tudo a ver!"), e jovens donzelas vitimas de nojentos assédios por parte de repelentes tarados sexuais. O que vale é que daqui a vinte e cinco anos toda a gente preferirá ver isto a observar, por um segundo que seja, a Adéle a lamber a cona da Lea Seydoux. Serra, és uma vergonha para a Catalunha.
Rubrica onde um convidado fará a sua antevisão do Mundial de 2014. Neste nosso primeiro número, temos o prazer de receber um dos mais prestigiados críticos portugueses de cinema, Vasco Câmara.
Blogo (Bl): Olá Vasco. Vasco Câmara (VC): Olá, muito boa tarde. Bl: Vejo que está moreno. É de Cannes? VC: Sim, que Sol maravilhoso, que maravilha de festas. Todos os anos parece uma coisa nova. Bl: Que inveja. E então, que tem a dizer sobre o Mundial da bola que se aproxima? VC: Nada. Planeio não perder um minuto a vê-lo. Bl: Então?
VC: Ouça, eu só assisti a três mundiais da bola: México-1970, RFA-1974, e Argentina-1978. Acabou tudo para mim com o golo do Bertoni na final de 78.
Bl: Que exagerado, Vasco. VC: Sabe bem que é verdade. Acabou-se a magia, e os bigodes farfalhudos e as cabeleiras ao vento...
Bl: Mas olhe que agora parece haver redescoberta dessas magias capilares: é só barbudos e bigodeiros por aí...
VC: Não é a mesma coisa. Mero revisionismo. Tudo muito bem aparado e tal, e veja lá se têm coragem para deixar crescer os pêlos das pernas? Giraudie só há um.
Bl: Você é tolo. VC: Você também não tem muito juízo não. Bl: Antes de acabarmos, temos uma surpresa para você, Vasco. VC: Ai que tolo! Que vai sair daí? (mãos na cara e risos). Bl: Olhe quem está a sair daquela porta... VC: Amor!! Peter Biskind (PB): Vasco! Bl: É muita emoção... VC: Nunca pensei que este dia chegasse!! PB: Mas chegou! Agora temos de o aproveitar! E olha quem eu trouxe comigo também...olha, olha! VC: Cimino! Bl: Cada vez mais bonita... Michael Cimino (MC): Hello, mi chicos. Como vai ser a noite aqui nesta terra que me ama? VC: Não sei, não sei. Estou tão nervoso que nem sei o que dizer e fazer. Santo deus! PB: Tolices! (risos). Vamos passá-lo num hotel...a ver...a ver...todas as deleted scenes do "The Last Picure Show"!!! VC: (desmaia) MC: E coca à discrição! Raça de mini-saia...
Bl: E pronto. Foi a antevisão possível do grande Vasco Câmara. Amanhã voltaremos com mais uma entrevista. Continuação de um bom dia.
PB: Acorda, Vasco. Atão mas agora é que me fazes isto? MC: Este gloss está a desbotoar-se...