segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

We men who cook for ourselves are half-creatures (...) Anywhere else in the house - even in bed - you can cut yourself off, read your books, deceive yourself that solitude is best. But in the kitchen the signs of incompleteness are too strident.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Kechiche e gajas milionárias


Straub: E aqui, neste círculo dos virtuosos, desprezamos superficialidades e demais nojentos condimentos da cultura actual. Ignoramos falsidades e filisteus da imagem, abominamos mecenato irresponsável, atacamos falsos profetas da integridade artistica com as suas empresas...ó Serra, já estou farto disto. Não sabemos dizer mais nada?

Serra: Cala-te, caralho, e continua a recitar. Estás cansado, é? Queres seguir as pisadas do Alonso e do Costa, é, esses traidores? Se não tens tomates para aguentar isto, desanda, que eu cá me aguento sozinho. Sou o maior realizador espanhol de todos os tempos.

Straub: Pronto, desculpa. Vou continuar, então. E aqui, neste circulo dos virtuosos, desprezamos...oi...parece que vem ali alguém. Acho que é o Napalm.

Serra: É ele é. Não digas nada e deixa-o falar primeiro. De certeza que nos irá tentar com conversas e imagens do vício. Fecha os olhos. 

Napalm: Serra, Straub, então, como vão?

...

Napalm: Não dizem nada? Continuam nesse círculo dos virtuosos a desprezar superficialidades? Por falar nisso, ontem vi o Adele, Serra.

Straub: Desande, belzebú corrompidor das imagens sagradas, e não nos tente com esse filme vindo dos calabouços de mil demónios iconoclastas, pois nós ignoramos falsidades e filisteus da imagem...hum...e gostaste?

Serra: Não lhe dês trela, caralho! Não vês que é isso que ele gosta? Aposto que já vai fazer um postzito com esta conversa corrupta que para aqui está a suceder. Vai, Napalm, vai, leva os teus Kechiches e suas ricas meretrizes contigo e deixa-nos

Napalm: Muito, muito, Straub. É uma belíssima homenagem à eterna arte da sedução. Um dia destes vou voltar a ver, Straub. Se quiseres, já sabes....estás convidado.

Straub: Nunca! Preferia voltar a ver o Raiders of Lost Ark! A nossa santidade irá resistir a todas as tuas artimanhas folclóricas, minha besta, pois abominamos mecenato irresponsável e ...quem vai lá estar? Vai haver comidas?

Serra: Straub, tu daqui só sais morto. Atreve-te a levantar de onde estás e cairás redondo. Estás avisado. Ignora este arcanjo das labaredas e pensa no que te aconteceu quando tentaste ver o último Téchiné. Napalm, é melhor continuares a tua suja caminhada. Leva os teus consporcados conselhos para outras freguesias, meu filho da puta. 

Napalm: Há lá minetes de corar mil lesbianas, Straub.

Straub: Continuas a perder tempo com teus desígnios do Mal, mafarrico, pois...mas ouvi dizer que eram conas falsas, é verdade?

Serra: Voltas a falar e pulverizo-te.

Napalm: Sim, mas mesmo falsas são mui lindas e graciosas. 

Straub: Cala-te! Não te queremos ouvir! Foge e leva os teus grandes planos imorais contigo! Neste nosso circulo virtuoso, nós...é verdade que já estou um bocado cansado de aqui estar.

Serra: Napalm, vou contar mentalmente até cinco. Se quando acabar, ainda aqui estiveres, far-te-ei ir parar à rodagem do Holy Motors.

Napalm: Injusto e mesquinho! Mas eu vou. Straub, eu sei que ainda há uma centelha dentro de ti. Sabes onde me encontrar. Adeus!

...

Straub: (suspiro...). Já comia era uma sopinha.

Serra: Tu comias era o caralho que ta foda. Sou o maior realizador espanhol de todos os tempos.





without a gun, you're nothing


Um noir com três homens, passado no Sol e poeira do México, e realizado por uma mulher, que ainda por cima era boazona vinte e quatro horas por dia. The Hitch-Hiker, de Ida Lupino, mais uma nossa digressão por um tempo em que "espontaneidade" e "rugosidade" não eram necessariamente incompatíveis com carris. Manohla Dargis, enquanto espera que sua amante chegue da depilação, de certeza que elaborará redondas teses sobre "feminismos invisiveis" presentes neste magnífico filme. 

são estas, neste dia 20/02/2014, as principais palavras-chave de acesso a este blogo:

leonor seixas nua
a arte sempre foi um canal
esporra
leonor seixas
leviatan vive no mar
mulher dando a rata a mal feitor
putas marcianas

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

mais um "fascinante documentário"


Terei de elaborar da melhor maneira qual a mais adequada forma de insultar, cuspir, cagar, vomitar e escarrar nesta imunda sanita filmica. Pensava que depois do Leviathan ia ter tempos mais descansados, mas parece que estou com pouca sorte. Vem aí granizo.

Se, como disse o outro, a cinefilia é uma doença, então Room 237 é uma gravissima enfermidade patológica partilhada por seis lunáticos. Aquilo que começa como uma curiosa patuscada sobre o "poder da observação", transforma-se, com o passar dos minutos, numa jornada de obsessão doentia (autismo mesmo), mas que pelo menos tem a vantagem de provocar suculentos cabazes de riso. Então é assim:

-seis fanáticos do The Shining vão tecendo elucubrações simbólicas a partir de praticamente cada frame do filme, onde cores, expressões corporais, disposição de objectos, e até inofensivos erros de continuidade são grande pasto para dar azo a teorias cada vez mais delirantes e presunçosas. Vale tudo a partir daqui: é um filme sobre o genocídio dos índios! é um filme sobre o Holocausto! é um filme sobre sexo! é um filme sobre a falsificação da ida do homem à Lua pois aquilo que a humanidade viu foi uma mera encenação dirigida pelo próprio Kubrick! as duas gémeas são a Wendy! o plano inicial de steadycam é o ponto de vista de anjos! nesse mesmo plano inicial as nuvens formam a cara do Kubrick! se sobrepusermos o filme de trás para a frente com o filme de frente para trás tudo bate certo! o Jack é o Hitler! a máquina de escrever do Jack significa o Nazismo! a cara do Jack é a de um minotauro! o sangue a jorrar é dos indíos! o filme é sobre o passado! há uma erecção a rebentar as calças do chefe do Jack! e por aí...

In a March 27, 2013 article in The New York TimesLeon Vitali, who served as personal assistant to Kubrick on the film, stated "There are ideas espoused in the movie that I know to be total balderdash"; for example, the documentary's theory concerning a poster of a minotaur is in fact referencing a poster of a skier and the film's usage of a German typewriter, interpreted to be symbolic of the Holocaust, was chosen by Kubrick for pragmatic reasons. He concluded that "[Kubrick] didn’t tell an audience what to think or how to think and if everyone came out thinking something differently that was fine with him. That said, I’m certain that he wouldn’t have wanted to listen to about 70, or maybe 80 percent [of Room 237]... Because it’s pure gibberish

A juntar a esta autêntica demência, há a realização de Rodney Arscher, que vai fazendo colagens associativas entre filmes que não interessam para o caso em questão ( quando um dos malucos fala da saída do cinema onde tinha acabado de ver o filme em direcção ao parque de estacionamento, as imagens que aparecem são as do Redford no All the President's Men num parque de estacionamento) e raccords baratuchos (plano do escritor inválido do Clockwork Orange com o All work and no fun... na máquina de escrever, etc), numa montagem que faz mui lembrar um filme (Natural Born Killers) de outro acéfalo das conspirações. E quando, já perto do fim, um dos enfermos diz que está sem emprego, e que tem uma filha pequena e que está a pensar ir morar para um qualquer lugar isolado, percebemos, então, que na verdade estivemos na presença do testemunho de pessoas que estavam a falar directamente do hospício. Mas conhecemos outra pessoa que está tão ou ainda mais fodida dos cornos que estes nossos amigos, e é aquele que está a escrever estas palavras, pois só alguém com o juízo nas lonas pode gastar mais do que cinco linhas neste filme. Está na altura de irmos todos ao doutor, onde trataremos de observar pormenorizadamente aquelas manchas de bolor na parede ao fundo da recepção, que, sem quaisquer dúvidas, significam a Guerra dos Trinta Anos. 
















quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

a isto eu dançava, pá.



Gostamos muito de artistas "honestos", "humildes", "autênticos", e "que tenham algo a dizer sobre a sociedade em que vivem".

calimero Schrader





Fontes anónimas segredaram-nos que Schrader já tentou obter umas cuecas meio rasgadas que Ozu vestiu algures em Outubro de 1933.

Genérico com planos de cinemas abandonados e em iminentes ruínas. Termina com planos de cinemas abandonados e em iminente ruínas. Sim, Paul, também não fazemos mais nada do que pensar na "morte do cinema" vinte e seis horas por dia. Mas bispo Schrader não se fica por aqui; a pré-produção de um filme está assombrada por "jogos de poder" e "sexo, mentiras e iphones". Como não se ficar consternado com esta subalternização do "xinema" à custa de orgias e manipulações emocionais? Mas papa Paul continua na sua senda de nos alertar para os malefícios das vidas pouco regradas, pois ao ler o argumento do Easton Ellis (que, com os seus diálogos funcionais e demonstrativos pede irrisão por todo o lado), o nosso castigador dos maus vícios avança pela "seriedade", que isto não são tempos para palhaçadas avulsas. Juntam-se umas fodas mal amanhadas ( "câmara colada aos corpos e edição mtv"- o cinema acabou!), uma carrada de planos que parecem ter sido elaborados por um amador da "câmara-parkinson" e actores a debitarem barbaridades sem se rirem e está feito, pronto para ser o compadre "adulto" do mesmo moralismo sociológico à Spring Breakers- abençoados Bling Ring e Pain and Gain. Resta-nos a grande Lindsay Lohan, que já com as marcas de pré-decadência corporal (prior Schrader deve ter-lhe dado boas e valiosas lições de vida, sempre com o dedo em riste), consegue ser mais filme que três The Canyons juntos. E levava uma foda, evidentemente, mas ás escuras e so à missionário, com vigário Paul a filmar. 




últimos cinco filmes vistos