Assim como a maior parte dos filmes. Da primeira visão, só resultaram na minha precipitada mente conceitos como "banalidade" e "academismo". Duas revisões posteriores (sempre gostei de pleonasmos) e apodera-se da minha pessoa a admiração pelo descarnamento, pela quietude, pela tensão milimetricamente orquestrada. Um filme para ver em qualquer véspera de natal. A acompanhar o bacalhau. E as batatas. E a couve.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
o Miguel Sousa Tavares americano.
É conhecida a frase de Truffaut sobre John Huston: O pior Hawks é mais interessante do que o melhor Huston. O que não se sabe é que o François estava a dizer (ou a escrever, who cares) esta parvoeira com um único fito em mente: cona. É verdade. É a cona que regula o mundo. François (e qualquer gajo com os colhões cheios dele) sabe que estas bordajeiras caem sempre bem em meninas impressionáveis com jovens impositivos. Daí a catrefada de mulherio que o homem teve. Ou acham que ele escrevia e dizia (como o Jean Luc) estas sensacionais one-liners com convicção cinematográfica? Não, senhor. Conita. Molhadinha. Não se esqueçam disto da próxima vez que estiverem na Cinemateca e na esplanada, na mesa ao lado, estiver sentada uma boazuda desejosa de ser esventrada por um gajo que prefere comer um cagalhão do Ford a ver um minuto que seja do Van Sant. Bom, quanto a esta Fat City, é das melhores colheitas Hustonianas, dos, meu deus virgem maria, anos 70 e já com o studio system fora do campo de visão, para grande desgosto de John, que o adorava, o que é natural, eu gosto muito é de alheira, embora nunca tenha provado a de Mirandela. Bares de lonely people, ginásios bolorentos, ruas poeirentas, pensões minúsculas e desarrumadas, canção melancólica de Kris Kristofferson: sim, é uma obra com e sobre os vencidos, com um Stacy Keach a pingar derrotismo por cada poro. Filme de ruas e de balcões de mármore. E a aridez fotográfica de Conrad Hall. Qualquer segundo de Fat City é superior a cinquenta milhões de Tarkovskys. Cadé o mulherio?
domingo, 4 de setembro de 2011
Domingo
Tinha dado a melancolia Domingueira como atingindo o seu grau mais elevado, aquando de um trabalho em que entrava à meia-noite. Para chegar ao mesmo, apanhava o 759, passando dessa forma na estação de Santa Apolónia, onde, aos Domingos pelas onze e tal, via filas enormes para os táxis, que levariam as pessoas às habitações de segunda a sexta-feira, de onde acordarão para ir para a universidade ou, na maior parte dos casos, para o trabalho. Era o ponto alto do travelling de dez minutos dentro do autocarro.
O travelling ganhou finalmente som. Da minha sala, num prédio de uma rua que ao fundo tem um concentrado de, pelo menos, 230 filhos da puta, ouço as rodas das malas de viagem a trepidar na calçada portuguesa, calçada que tanto incomoda os meus gastos ténis em dias de chuva. Todos os Domingos e a partir das 21h, mais coisa menos coisa, e até à meia-noite, uma da manhã, ouvem-se as rodas a confrontarem-se com a calçada.
O travelling ganhou finalmente som. Da minha sala, num prédio de uma rua que ao fundo tem um concentrado de, pelo menos, 230 filhos da puta, ouço as rodas das malas de viagem a trepidar na calçada portuguesa, calçada que tanto incomoda os meus gastos ténis em dias de chuva. Todos os Domingos e a partir das 21h, mais coisa menos coisa, e até à meia-noite, uma da manhã, ouvem-se as rodas a confrontarem-se com a calçada.
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