sexta-feira, 27 de maio de 2016

O mais surpreendente é ainda alguém ligar peido aos "Cahiers":)

Não deixa de ser curioso observar o que se passa com alguma critica, nacional, mas também internacional, em relação a certos realizadores e alguns filmes. O argumento de autoridade pesa tanto em determinadas cabeças que elas são capazes de todos os malabarismos para se chegarem à frente e acertar o passo com a modernidade. O que aconteceu recentemente com o cineasta holandês Paul Verhoeven é deliciosamente sintomático.  

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Terá sido este último filme, interpretado por Isabelle Huppert, que terá justificado uma reavaliação da sua obra por parte da critica francesa. Mas o facto de os “Cahiers du Cinéma” lhe terem dedicado um enorme dossier, e uma capa, provocou uma autêntica hecatombe crítica. Quem tinha dispersado bolas pretas por quase todos os filmes de Paul Verhoeven, apareceu agora do baraço ao pescoço, em acto de contrição, afirmando que afinal se havia enganado. Os argumentos dos “Cahiers”, sobretudo os que apreciavam certos filmes anteriormente menosprezados, valorizando-os como olhares irónicos, prevalecem agora.