segunda-feira, 22 de junho de 2015


Com a chegada da brasa, aumentou a minha procura por filmes com praia e sol, ou, dito de modo mais "poético", "filmes solares". Calhou o Agosto, do Silva Melo, e como diria o Monteiro, adorei, adorei, adorei. É mais uma daquelas obras que de certeza absoluta será sobre qualquer coisa, mas não fazemos a mínima ideia do que seja. Estamos mais atentos à moleza, à câmara a enquadrar a Arrábida pelas janelas, aos mergulhos do maralhal. A Manuela de Freitas é a melhor actriz de sempre do cinema português. Bailaricos de Verão. A determinado momento estamos á espera que a lente começe a salpicar. Paradoxo: um filme com bruscos cortes na edição (que impede o reconhecimento narrativo mais imediato) e que mesmo assim nunca descura a languidez de se instalar. Alguém que apresente isto ao Kiarostami, para dormir. Em retrospectiva: a ficha técnica do filme é o dream team do cinema português dos últimos trinta anos.